Diário de quarentena voluntária #2
Estamos em casa há 7 dias.
Ainda não conseguimos encontrar uma rotina para os miúdos porque, nesta semana, estamos a tentar respeitar a rotina de trabalho dos pais.
A única coisa que fizemos foi reorganizar a sala para criar espaço para os miúdos. Encostámos a mesa da sala à parede e vamos criar espaços independentes na sala, para os miúdos poderem fazer coisas diferentes, em segurança, enquanto trabalhamos.
Ainda assim, as crianças parecem organizar-se por si próprias.
A Lara lidera as tropas e inventa, constantemente, brincadeiras para todos.
Ontem, fez uma tenda com toalhas de praia e algumas cadeiras da sala.
Ela e a Maria ficaram grande parte da tarde a conversar na tenda.
O Eduardo também se desenrasca bem e já come tudo sozinho, exceto sopa. Com as mãos, ou com a colher, lá se desenrasca.
Ontem consegui encaixar uma hora para ensinar conteúdos escolares à Lara. Nada muito programado ou pensado. Usei a intuição e comecei a ensinar-lhe algumas noções de leitura. Já tem 6 anos, parece-me adequado. Claro que não me lembrei de ensinar-lhe matemática. Claramente, estou a puxar a brasa à minha sardinha.
Os miúdos estão calmos e os adultos também.
Estarmos tão ocupados com trabalho tem ajudado a manter o foco no que realmente importa.
Ontem à noite, estivemos numa chamada de vídeo com amigos que também têm filhos pequenos, amigos dos miúdos e nossos. Foi fantástico!
É por isso, também, que não consigo deixar de ser otimista.
Apesar de tudo só vejo pessoas fantásticas em todo o lado e sinto constantemente que são bons estes tempos em que vivemos e que, mesmo nos períodos mais desafiantes, podemos estar juntos e partilhar coisas boas uns com os outros. Estamos recolhidos, mas não estamos isolados.
Talvez estejamos, enquanto espécie, mais unidos do que alguma vez estivemos.