Diário de quarentena voluntária #1
Estamos em casa desde sábado. Há quase 4 dias, portanto.
Em tempos regulares, não conseguia ficar um dia inteiro sem sair de casa. Gosto de sair, apanhar ar, ver pessoas, falar com pessoas ou, simplesmente, estar num ambiente diferente.
O Milton também está em casa. Já estava a fazer teletrabalho há uma semana. As crianças, naturalmente, estão connosco. Eu estou a fazer teletrabalho também.
Isto vai ser muito divertido!
Ainda estou a tentar perceber como é que isto vai resultar. Para já, é muito confuso, muito desordenado, principalmente para as crianças.
Eu estou a trabalhar de manhã, até às 14 horas e o Milton a partir das 14 horas e até acabar o trabalho que tem para o dia.
Eu trabalho até às 16 horas, quando consigo, ou depois dos miúdos estarem a dormir.
Tenho-me deitado muito tarde e o Milton também.
Estamos numa fase de adaptação e é natural que seja difícil. Os nossos filhos são muito pequenos e precisam de atenção constante. A casa é pequena e não temos escritório ou quartos a mais. Estamos sempre todos juntos, inevitavelmente. Na verdade, gosto disso.
Neste momento estamos a habituar-nos ao ritmo de trabalho e as crianças veem muita televisão. Mas, em breve, teremos que encontrar uma rotina em que encaixem aulas em casa, exercício físico e a aprendizagem de algumas tarefas domésticas.
Vamos guardar isso para a próxima semana já que, agora, ainda é tudo muito novo.
De qualquer forma posso dizer que o saldo é positivo. Ainda não estamos senis e as crianças andam muito bem-dispostas. A Lara e a Maria nem brigam tanto como de costume e o miúdo lá se vai orientando aqui por casa sem se chatear muito.
Eu estou a habituar-me a estar em casa e a aproveitar para ser ainda mais minimalista, principalmente no que diz respeito a pensamentos e a coisas que tenho para fazer. Estamos a reduzir as nossas preocupações ao essencial, o que resulta numa desintoxicação emocional muito interessante.
Em breve farei uma lista de coisas positivas que consigo ver nesta situação. Apesar de tudo, não consigo deixar de ser otimista e pensar que, na crise, podemos aproveitar para fazer muitas coisas boas.
Beijinhos virtuais e seguros