Diário de quarentena #9
Bom... Estamos vivos e isso é bom. Estamos bem dispostos, ainda gostamos muito uns dos outros e isso é excelente.
Estou num grau bem neutro no que diz respeito a emoções. No máximo, ando mais introspetiva e mais existencialista.
Não ando a ter experiências de alegria esotéricas e extra-corporais e tão pouco estou à beira de um ataque de nervos por passar os dias com 3 crianças pequenas a tentar obter o máximo da minha atenção para si. Sinto-me bem, vá. Normal, portanto.
A nossa rotina é a seguinte:
Acordamos todos mais ou menos ao mesmo tempo.
O Milton trata dos miúdos e toma o pequeno-almoço enquanto eu faço Yoga e medito (é essencial para mim, não dispenso mesmo).
Os miúdos veem desenhos animados de manhã até o pai começar a trabalhar e termos os dois o banho tomado.
O Milton começa a trabalhar, a televisão é desligada e acontece uma de duas coisas:
- Os miúdos brincam juntos enquanto eu trato do almoço e de alguma coisa que seja necessário adiantar em casa;
- Uma das miúdas fica a fazer escola virtual, enquanto eu brinco com a outra e com o Eduardo. Depois trocamos.
Almoçamos todos juntos e depois o Eduardo vai dormir a sesta.
-Depois de almoço a Lara e a Maria veem televisão à vez enquanto a outra fica a fazer atividades escolares.
Quando o Eduardo acorda lanchamos todos se for hora disso. Se não, brincamos juntos até à hora do lanche. Depois do lanche fazemos mais algumas atividades juntos: pinturas, aguarelas, plasticina, ginástica, legos... Também acontece brincarem todos sozinhos e com as suas coisas.
Quando o Milton acaba o trabalho fica com eles enquanto eu despacho alguma coisa em casa ou alguma coisa pessoal. É possível que faça mais Yoga se o dia tiver sido demasiado desafiante.
Damos banhos, jantamos, eu deito as miúdas e o Milton adormece o Eduardo ao colo.
Depois cada um faz as suas coisas.
Eu escrevo o Milton faz música. Eu organizo as atividades escolares para as miúdas (tenho um programa próprio que se inspira mais na personalidade de cada uma e naquilo que acredito ser mais importante do que na "programação oficial").
Às vezes cozinhamos o almoço do dia seguinte.
Quase sempre vemos alguma série (ou 10 minutos de uma série) juntos.
Às vezes lemos.
Dormimos por volta da meia noite.
E é tudo igual de segunda a sexta.
Nos entretantos existiram brigas de irmãos, gritos meus e delas e muita brincadeira. Entretanto a Lara já inventou dúzias de brinquedos novos e coisas estrambólicas e giras e a Maria já nos surpreendeu com conversas que não condizem com os seus 3 anos. E, nestas horas, o Eduardo já cresceu imenso e está cada vez mais "rapazinho", teimoso e querido.
Tem sido mesmo bons estes dias. Nem com muito esforço poderia dizer o contrário. Têm sido mesmo bons e nós sabemos muito bem disso.