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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

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Sab | 02.05.20

Diário de quarentena #8

sopa marroquina.jpg


Neste momento acho que podia ser caracterizada por um meme em que um desenho animado, rodeado de caos, afirma alegremente: "Está tudo ótimo. Está tudo ótimo."

Por aqui está tudo ótimo. Está mesmo.

Temos comida, estamos juntos, temos sol em casa o dia todo (desde que não esteja a chover). De manhã temos sol no nosso quarto e na sala, e de tarde no quarto dos miúdos e na cozinha. Até já estendemos pareos de praia no chão para aproveitar o sol. É tanto e tão forte que às vezes só é suportável de óculos de sol.

Os miúdos gritam por norma. Em alguma fase desta quarentena parecem ter desaprendido o tom de voz normal e gritam sem emoção, simplesmente falam alto porque acreditam que é a única forma de se fazerem ouvir. 

Às vezes oiço o Eduardo a gritar estridentemente e depois vejo-o a fazer uma corrida até ao sofá, tranquilamente, a brincar. Não se passa nada. Ele grita como forma de estar.

Hoje eu e as miúdas fizemos bolachas de manteiga mas percebemos rapidamente que devíamos ter triplicado a receita. Assim que saíram do forno miúdos e graúdos lançaram as suas mãos a elas avidamente, como pombos que não comem há 10 dias.

E o apetite pessoas? Como vai esse apetite? Isto de estar em casa há quase dois meses abre mais o apetite que coisas que fazem rir. É ou não é?

Tenho apanhado todas as taras desta quarentena: já me deu a de cabeleireira, a de cozinheira e a de padeira. 

É impressionante como podemos passar meio ano sem ir ao cabeleireiro e agora não podemos passar um mês e  meio sem cortarmos o cabelo a uma cobaia qualquer que encontremos à mão.

Cá em casa calhou ao Eduardo. Deu-me uma sensação estranha, aproveitei que estava sozinha com o Eduardo na cozinha e fui buscar a tesoura de cortar o cabelo que a minha sogra ofereceu ao Milton. Cortei, cortei, cortei até o rapaz ficar sem caracóis e com um penteado peculiarmente volumoso, rente às orelhas e ao pescoço. E, por alguma alucinação coletiva causada pela quarentena, eu e o Milton achamos que até ficou bom.

Já fiz pão normal, bolos lêvedos parecidos com papo-secos integrais e, mais recentemente, pãezinhos de abóbora. Todos se comeram.

Estou a experimentar receitas novas e a mais recente foi sopa marroquina, a que está na imagem acima. A minha incredulidade leva-me a afirmar que não ficou fabulosa, mas a verdade é que ficou bastante boa e o Eduardo devorou-a como se fosse a melhor coisa que já comeu na vida. Segui a receita à risca (só não coloquei pimenta) e o resultado foi uma sopa bem robusta e com travo a especiarias e sabor a comida de conforto, daquelas que sabem mesmo muito bem no inverno. A receita é esta.

Tivemos que mudar a net porque o Milton não estava a conseguir trabalhar com a velocidade de net que tínhamos. Não tínhamos canais de cabo e com a nova Internet vinham centenas de canais de TV . A determinada altura decidi experimentar aquilo e parei num canal onde estava a dar o Big Brother. Fiquei ali a ouvir umas pessoas a comentar o programa durante 10 minutos. Este facto levou-me a questionar bastante o meu estado mental e desisti ali mesmo da TV, outra vez.

Continuo a fazer yoga mas já percebi que não vale a pena inventar sequências de posições sozinha. Cada sequência tem um propósito e não devemos fazer posições "à toa", parece-me agora. Tenho seguido sequências de aulas no Youtube e ainda vou pensar se me inscrevo numas aulas virtuais ou não.

Comecei a fazer meditações guiadas neste canal. Recomendo muito a quem sofre de ansiedade ou a quem não sofre de nada mas apreciaria a possibilidade de relaxar de uma forma instantanea.

Deixei de ler todos os dias. Tenho que priorizar a leitura outra vez.

Estou a ver a série "Unorthodox" e a gostar mesmo muito.

Sinto-me maravilhosamente! Em algumas partes do dia. 

E vocês, como estão?
O que é que está a ser mais desafiante?
O que é que está a ser fantástico?
Contem-me. Tenho saudade de conversar com adultos.


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