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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Seg | 17.01.22

Devíamos ser todos Ringo Starr

Análise muito leviana do documentário: "The Beatles: Get Back"

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Dois apontamentos antes de começar a revelar os meus pensamentos sobre o documentário:

1- Para quem não souber, trata-se de um documentário de Peter Jackson (diretor de "O Senhor dos Anéis"), que retrata a gravação do último álbum dos Beatles. A narrativa deste documentário foi construída a partir de mais de 60 horas de imagens e 150 horas de áudio, inéditos.

No filme documental vemos os quatro músicos a compor temas novos, num retrato que os humaniza mostrando-os a discordar uns dos outros, mas também em muitos momentos de brincadeira e cumplicidade. O documentário culmina na que foi a minha parte preferida: o último e peculiar concerto ao vivo dos Beatles, no telhado de um prédio em Londres.

2- O que vos escrever é a minha visão pessoal do documentário. Posso descrever, apenas, o que senti e as impressões que tive em relação à dinâmica de grupo e à postura de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Nada sei de relevante ou comprovadamente verídico sobre as suas vidas pessoais, intenções ou carácter. Não sei se são boas ou más pessoas e, para a análise que aqui faço, creio que esses aspetos não têm grande importância. 

Colocado este disclaimer,  aqui vamos nós.

Começo por colocar os músicos, pela  minha ordem de preferência: Jonh Lennon, Ringo Starr, George Harrison e Paul McCartney.

Do que mais gostei neste documentário foi de observar a interação entre os músicos e, inevitavelmente, deliciar-me com a leitura que fazia dos seus gestos, dos seus tons de voz, da forma como se moviam e olhavam uns para os outros. 

John Lennon

É o meu preferido. Gosto do seu jeito de quem se está a borrifar para tudo e todos. Adoro as suas músicas. Gosto da dinâmica dele com a Yoko. Sei que ele é polémico e que se diz que era violento. Não sei. Não me cabe julgá-lo.
A forma, por vezes infantil, como se comportava durante os ensaios delicia-me. É como se ele estivesse confortável na sua pele, de maluco e inconveniente. Gosto disso.

Em relação ao facto da Yoko estar sempre presente, acho peculiar. Acredito que ela estava ali por ele e, ao ver a expressão dela (ou a ausência dela) imagino sempre que devia estar a fazer listas de compras mentais. Claro que a presença dela devia ser um grande teste à paciência dos outros Beatles, mas... se queriam o John, tinham que levar com ela.
 
Hoje, oiço Watching the Weels e recuso-me a acreditar que ele, com a Yoko, tinha menos do que a liberdade total para ser quem era. Ele era um espírito livre. Cheio de traumas, defeitos e loucuras, certamente, mas livre. Quantos de nós podemos gabar-nos de tal?

Ringo Starr

O Ringo está no segundo lugar das minhas preferências, não pela sua música, mas pela sua personalidade. Ele é tão boa onda, que apetece abraçá-lo.
Tem uma postura ótima, sempre. Parece estar sempre na boa, sempre feliz, satisfeito e acima de qualquer pensamento menor, mais mesquinho ou terreno. Não parece ter nenhum tipo de ambição para além de estar ali a divertir-se e a ajudar a banda o melhor que pode. 
Se todos fossemos como ele o mundo era um local muito mais bem frequentado. Mas não podemos. Eu admiro imenso a postura dele e creio que nem que fizesse uma lavagem cerebral ficaria perto de metade do que ele é. 

George Harrison

Adoro as músicas dele. São muito diferentes das do John Lennon. O John fala com a minha alma e o George com o meu coração.
As músicas dele revelam uma sensibilidade e uma espiritualidade muito aconchegantes. São lindas! 
O George é daquelas pessoas de quem eu iria gostar instantaneamente e a quem eu iria tolerar infinitamente os defeitos (e eu sou bastante chata e intolerante, e cheia de defeitos, ainda por cima).


Paul McCartney

Não sabendo nada sobre ele, o Paul pareceu-me o "bom rapaz" do grupo e o responsável por colocar tudo a funcionar como deve de ser. É, obviamente, um músico muito talentoso. 
Acho que ele admirava e gostava mesmo muito do John. Sentia-se isso pela forma como olhava para ele.
Gosto do Paul, mas tenho uma queda por artistas mais irreverentes. Gosto de artistas que fazem um pouco mais do que me entreter com boa música. Gosto que me façam sentir, com as suas músicas, que uma parte da realidade se torna mais clara, mais percetível e mais acolhedora.

Alguém viu o documentário? Gostaram? Partilhem os vossos pensamentos.