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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 03.10.24

Como prevenir e combater o bullying nas escolas?

Na escola onde estudei – do 5.º ao 9.º ano – e também na primária, presenciei várias formas de bullying. No entanto, nem tudo se qualificava como bullying. Havia também episódios de violência isolada que, embora não fossem repetidos, mereciam igualmente atenção.

Era comum ver miúdos a lutar, cabeças partidas por pedras, e grupos a gozar com crianças específicas.

Quando olho para trás, não tenho a certeza se sofri muito com os outros miúdos. Lembro-me de estar constantemente aterrorizada e de passar os intervalos escondida na casa de banho, provavelmente mais com medo do que poderia acontecer do que por algo concreto que acontecesse.

Recordo-me de ter levado alguns encontrões, uma chapada ocasional, de alguém a levantar-me a saia uma ou outra vez, e de miúdas a gozarem comigo por causa da minha roupa. Também me lembro de ter o lanche roubado por miúdos que nem deviam ter o seu próprio lanche. Contudo, não me lembro de episódios recorrentes de violência direcionada especificamente a mim. Eu evitava o confronto, preferindo esconder-me.

O que me marcou foi a sensação de viver aqueles anos com medo, insegura e com a convicção de que não tinha ninguém em quem confiar na escola. A determinada altura, fiz amizade com uma menina mais velha, a Sara, e, a partir daí, as coisas começaram a melhorar. Ela era muito protetora comigo, e bastante respeitada pelos outros. Graças à sua companhia, comecei a sentir-me mais segura.

Hoje, o bullying é um tema que me toca profundamente. Não por ter sido uma grande vítima, mas pelo medo constante de que pudesse acontecer. Esse medo vinha da certeza de que, se algo acontecesse, eu não teria apoio na escola. Infelizmente, acredito que este problema ainda persiste em muitas escolas.

Sabemos que as vítimas de bullying sentem vergonha do que lhes acontece. Sentem-se fracas e, muitas vezes, não conseguem perceber a gravidade e a injustiça daquilo que estão a passar. Basta olharmos para os casos de assédio moral no trabalho, por exemplo. Este tipo de "bullying de adultos" ainda envergonha as vítimas, que temem represálias e muitas vezes se sentem sozinhas e sem apoio.

Por isso, acredito que no combate ao bullying nas escolas devemos ter em conta dois pontos fundamentais: garantir que as vítimas se sintam seguras e saibam exatamente o que é o bullying, assim como quem devem contactar caso sejam alvo de agressão; e, igualmente importante, não normalizar o silêncio das testemunhas. Não podemos ser espectadores passivos de atos de bullying. Todos somos responsáveis.

Aqui em casa, felizmente, nunca tivemos de lidar com situações deste tipo. Existem, claro, os conflitos normais entre os miúdos, mas temos tentado resolvê-los antes que se tornem problemas maiores.

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Quase todos os dias insisto em três coisas com os meus filhos: nunca devem gozar, bater ou rir-se de alguém; não devem deixar que alguém os intimide, de forma alguma; e encorajo-os a defenderem-se de agressões físicas como puderem, caso não consigam chamar um adulto. Também os incentivo a brincar com crianças mais isoladas e a ajudar qualquer pessoa que esteja a sofrer algum tipo de agressão, seja ou não seu conhecido.

Não posso garantir que eles sigam sempre o que lhes digo, mas vou continuar a insistir.

E aí em casa, como lidam com estes assuntos?


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