Comi pombo... e gostei
Tinha começado a viver em Lisboa há pouco tempo quando me deparei com uma realidade muito curiosa para mim. Os pombos eram considerados algo nojento, verdadeiros "ratos com asas" e animais muito pouco bem vindos.
Ora na vila onde cresci os pombos eram... alimento. E que boa era a canja de arroz com pombo. Adorava a carne em si e os miúdos de pombo também. Lembro-me perfeitamente do sabor diferente e mais forte da carne de pombo, mais escura que a de galinha e, para mim, muito mais saborosa.
Claro que, quando disse que tinha comido pombo muitas vezes na infância, as pessoas olhavam para mim chocadas. E eu não podia perceber menos porquê.
O facto é que nunca mais comi pombo, até porque não tive oportunidade, mas hoje em dia percebo porque não se comem os pombos das cidades. Mas os que comia eram diferentes e não acredito que não apresentavam qualquer risco para a saúde.
Onde vivia tinha uma vizinha que fazia criação de pombos, que eram exatamente iguais aos pombos das cidades, mas criados em casa. Os pombos eram criados precisamente para comermos e se algum fugia era uma chatice, um verdadeiro e muito lamentado prejuízo.
Sempre cresci a acreditar que comer pombo era tão normal como comer galinha e era até melhor, uma espécie de petisco. E na verdade é normal. Pelo menos na vizinhança onde vivia. E não era uma questão de dinheiro ou falta dele, era mesmo normal. Por isso achei curiosíssimo que algumas pessoas considerassem o pombo um animal tão pouco apelativo gastronomicamente.
De modo que comi pombo muitas vezes e asseguro que é bem saboroso.