Coisas que me encanitam nas férias: a reserva de espaços

No artigo anterior que escrevi para este blogue falei sobre o facto das pessoas utilizarem de uma forma abusiva as espreguiçadeiras à volta da piscina. Hoje gostaria de relatar um episódio que ocorreu nas férias deste ano, e que pode servir para refletir mais um pouco sobre esta questão.
Eu e a minha sogra estávamos num hotel, de férias, e apeteceu-nos desfrutar de uma bebida enquanto os miúdos estavam na piscina. Com os copos na mão, fomos procurar um local para nos sentarmos.
O hotel onde estávamos hospedados tinha, para além da piscina de crianças mais pequena, duas piscinas de adultos. Havia uma piscina grande, que dava para adultos e para crianças, onde nós costumamos estar, e no piso de baixo outra piscina que era só para utilização de adultos, para quem realmente quer descansar sem estar a ouvir gritos de crianças e levar com respingos. Existiam espreguiçadeiras à volta das duas piscinas, mas a que estava no nosso piso era onde também existiam os bares, assim como mesas com cadeiras.
Então, eu e a minha sogra pegámos nas bebidas e, como os miúdos estavam na piscina, procurámos uma mesa com melhor visibilidade para as crianças. Havia apenas uma mesa disponível, com boa visibilidade para a piscina, e depois outras mais para trás, que não eram tão interessantes para nós.
A mesa que estava a ver disponível não tinha ninguém, não tinha malas, não tinha toalhas. Era uma mesa totalmente vazia, apenas com um vazinho em cima, muito pequenino, com uns rebentos de bambu, que nós considerámos ser decoração do hotel. Sentámo-nos, tranquilamente, e começámos a conversar.
De repente, aparece uma senhora estrangeira com cervejas nas mãos e pousa-as na nossa mesa, sem mais nem quê. Refiro o facto de ser estrangeira, porque, às vezes, penso que certas atitudes podem resultar de hábitos culturais diferentes e não de falta de educação.
Fiquei a olhar para a pessoa, surpreendida, e perguntei-lhe em inglês se aquela mesa estava reservada por ela. Ela agarrou no vazinho de bambu e, com ar zangado, disse que estava reservada, claro, tinha ali o vaso.
A atitude foi hostil, como se nós estivéssemos a ocupar o lugar dela. Eu desculpei-me imediatamente, expliquei não me apercebi que a mesa estava reservada, mas que não haveria problema, que nós iriamos para outra mesa. Fui conciliadora, pedi desculpa, disse-lhe que não tínhamos percebido. Levantámo-nos para sair, mas a senhora, tão abruptamente como apareceu, agarrou nas cervejas e foi-se embora.
Fiquei muito surpreendida. Nem sequer zangada ou chateada, apenas surpreendida, porque não entendi nada da atitude dela. Até pensei em ir atrás para dizer: "Olhe, volte, venha para a sua mesa, eu não queria tirar o lugar a ninguém." Mas depois percebi que ela já tinha uma espreguiçadeira reservada na piscina de baixo, onde estavam os acompanhantes dela. Ou seja, tinha reservado espreguiçadeiras e, ao mesmo tempo, uma mesa no bar.
Ora, se eu já acho estranho reservar espreguiçadeiras, reservar também mesas parece-me o cúmulo. E ainda por cima com arrogância. Não custa nada ser simpático. Se ela tivesse dito calmamente que a mesa estava reservada, eu teria compreendido e levantado de imediato (o que, na verdade, fiz na mesma).
Férias são para descansar, não para discutir mesas ou espreguiçadeiras. Eu não quero perder energia com isso. Mas também não consigo deixar de pensar: até onde vai esta mania de reservar lugares que deveriam estar disponíveis para quem chega primeiro?
No fim, fiquei com duas conclusões:
Há quem leve a reserva de espaços nas férias demasiado a sério.
Mais grave do que reservar mesas e espreguiçadeiras é a falta de educação com que se trata os outros.
Eu não aprecio pessoas rudes. Não que eu nunca o seja, lá está, mas não serei a primeira a sê-lo, e se puder, não serei mesmo. Às vezes, se estiver com TPM, talvez dê uma resposta um pouco mais atravessada, mas dentro da dignidade possível. Enfim, coisas que me encanitam, pouco, nas férias.