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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Seg | 18.06.18

Aquele tempo em que eu não tinha nada para fazer

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Existiu uma altura na minha vida, entre os 21 e os 26 ou 27 anos, em que não tinha absolutamente nada para fazer.

Vivia em Lisboa, sozinha, e trabalhava numa loja de roupa no Centro Comercial Colombo. Trabalhava ao fim de semana e feriados, em turnos que podiam acabar às 00h00, e tinha folgas rotativas duas vezes por semana. 

O trabalho não me realizava minimamente mas fazia-se bem e com as colegas (que são minhas amigas até hoje) tinha uma relação muito boa.

Não tinha grandes planos ou objetivos na vida. Basicamente trabalhava para pagar as contas e o resto do tempo dividia-se em casa de amigos ou conhecidos (ou conhecidos de alguém), jantares, concertos, saídas à noite (sempre para ouvir boa música), festivais de música, cinema, praia e pouco ou nada mais.

Lembro-me de que nunca estava em casa e andava sempre de um lado para o outro.

Íamos ao Lux e ao Purex, no Bairro Alto, quase todas as semanas e conheciam-se muitas pessoas caricatas e interessantes. Tive as conversas mais bizarras de sempre nessa altura e as memórias que tenho desses tempos parecem excertos de filmes franceses independentes.

Sei que também foram tempos muito conturbados (no que a relações diz respeito) mas quase já nem me lembro disso. Francamente prefiro lembrar-me das partes divertidas que foram mesmo muitas. 

Tenho sempre a sensação que aprendi 90% do que sei nesses anos.

A determinada altura - talvez pelo aproximar dos 30 - decidi que tinha que mudar de vida e, no meio dessa mudança, acabei por vir viver para os Açores. 

E hoje a minha vida é bastante diferente. Hoje se há coisa que não posso dizer é que não tenha nada para fazer. Cada hora é preenchida com algo que tenho mesmo que fazer (lavar e estender roupa, cozinhar, tomar conta de crianças, inventar brincadeiras para elas, dar-lhes banho, mudar fraldas, fazer compras, procurar receitas saudáveis, preparar lanches...). 


Antes o meu tempo também estava sempre preenchido mas de uma forma mais aleatória. Estava sempre a fazer qualquer coisa mas geralmente era como se estivesse sempre de férias. :P

Foram bons tempos e muito bem aproveitados. Mas não trocava o meu presente pelo passado de forma nenhuma. Tudo teve o seu tempo e tudo foi bom.

A alegria com que lavo loiça, estendo bodies e calções de criança, e mudo fraldas, a felicidade que sinto mesmo quando estou de mau humor e muito cansada não se compara com uma estadia de meses num resort de luxo nas Caraíbas (embora ainda tenha isso em vista, em família claro).


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