Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Dom | 05.06.16

Ando a ler crónicas do António Lobo Antunes

livro de crónicas António Lobo Antunes

 

Andei uns tempos numa crise de leitura. Por crise de leitura entenda-se aquela fase em que não estou a ler algo que me agarre completamente, que me absorva de tal forma que aproveite cada segundo livre para ler mais uma página, uma linha, uma palavra.

 

Até que tropecei, na biblioteca, num livro de crónicas do António Lobo Antunes.

 

Conheci as crónicas do António Lobo Antunes na revista Visão. Havia alturas em que era praticamente a única coisa que me apetecia ler na revista. Depois tentei os romances dele mas não consegui.

 

Acho que ainda fiz duas ou três tentativas de ler mais do que meia dúzia de páginas, mas aquela escrita, apesar de reconhecer a sua qualidade indiscutível, pesava-me muito na mente e eu deixava de a conseguir acompanhar.O António Lobo Antunes tem uma escrita a que eu chamo literatura impressionista.

 

Os livros dele (e as crónicas) parecem-me pinceladas de sentimentos, de estados emocionais que, sendo fabulosas e geniais, são difíceis de acompanhar quando o quadro é muito grande e complexo.Com as crónicas é mais fácil. Existe todo um mundo extremamente intenso numa crónica.

 

Cada texto é uma captação maravilhosa de um instante de vida humana, tão cheio dos medos, tremores, misérias e fraquezas que são tão comuns a todos nós. Cada crónica é um exercício delicioso de olhar ao espelho e vermo-nos nos nossos momentos mais vulneráveis ou de entrarmos na pele de outros que nos costumam parecer tão estranho e não estranhar estar na pele deles. Fazer isso durante um romance inteiro é muito pesado para mim, é como ver um filme independente daqueles super parados e tentar ler a " Fundamentação da Metafísica dos Costumes" de Kant, ao mesmo tempo.

 

Mas, ainda hei de voltar a tentar.Isto para dizer que estou a deliciar-me com este livro. Estou a devorá-lo completamente. O tempo não passa enquanto estou envolvida naqueles excertos de humanidade crua. Comecei a ler o livro há dois ou três dias e já vou quase a meio. Recomento vivamente a quem gosta de textos existencialistas.

 

Estes são maravilhosos e distinguem-se de tudo o resto que já li.

 

Como é meu hábito quando gosto de algum autor, paralelamente à leitura do livro, estou a ler tudo o que consigo sobre o António Lobo Antunes e a ver todas as entrevistas que encontro na Internet.

 

É curioso, mas parece que estou numa fase de ler escritores que são os já foram médicos. O outro é o pediatra Mário Cordeiro.

8 comentários

Comentar post