Acredito que os meus filhos devem tomar conta uns dos outros
Os meus filhos brigam um bocado. A Lara implica com a Maria, que veio depois dela e a Maria, por sua vez, implica com o Eduardo, que veio logo depois dela. Creio que implicam com o irmão que veio "tirar-lhes" o lugar de destaque. Parece-me normal, e "humano".
Como filha única isso fazia-me um bocado de confusão no início. Agora já me habituei.
Antes, não percebia, como é que os meus filhos não percebiam a sorte que tinham em ter sempre alguém para brincar, alguém com quem partilhar as alegrias e as chatices, alguém sempre ao lado, em todos os momentos.
Durante os confinamentos, a sorte que nós temos tornou-se evidente, tanto como o trabalho dobrado e triplicado por ter tanta gente fechada em casa. O saldo era positivo. Sempre.
Toda esta conversa para dizer que uma coisa que encorajo muito cá em casa, é que me ajudem a tomar conta dos irmãos. A Lara, desde muito cedo, tem a "tarefa" de entreter os irmãos enquanto eu tenho algo para fazer, o almoço, por exemplo. Agora, com 7 anos já me ajuda a vestir o Eduardo de manhã. E fá-lo com tanto jeito e dedicação que o Eduardo prefere que seja ela a fazê-lo.
Houve uma altura, quando o Eduardo ainda dormia no berço, em que ele acordava e não chamava o pai nem a mãe. Chamava a Lara.
Apesar de saber que não é obrigação dos irmãos cuidarem uns dos outros, ainda por cima tão pequenos, acredito muito que ensinar os meus filhos a cuidarem de outras pessoas pode ajudá-los a serem muito mais altruístas e felizes, em adultos.
Cresci muito isolada e muito individualista. Não gostei muito dessa parte nem creio que tenha contribuído muito para a minha felicidade. Com o tempo, fui aprendendo a ser diferente e a pensar que pode ser muito vantajoso sobrepor o bem coletivo ao bem individual. Quero começar já a ensinar isso aos meus filhos. Quero ensinar-lhe que, se todos cuidarmos uns dos outros, nunca nos vai faltar alguém que queira ajudar-nos também. Acredito que a sociedade funcionará melhor se não pensarmos apenas em nós e no nosso bem estar.
Bom... faço pouco. Não faço voluntariado nem nada de especial por quem mais precisa. Tento ensinar isso aqui em casa e no nosso circulo alargado de família e amigos. Mas acredito que, mesmo que seja pouco, pode fazer alguma diferença, um dia, pelo menos nas vida das 3 pessoas que ajudo a criar.