A minha filha de 10 anos não tem um smartphone. Tem um telemóvel.
Este ano, a minha filha mais velha entrou para o 5º ano, numa escola diferente, onde vai precisar de ser mais autónoma e independente. Por isso, comprámos-lhe um telemóvel. Para a sua segurança e para o nosso descanso.
É um telemóvel que só permite fazer chamadas e enviar mensagens. Foi uma decisão que tomámos há algum tempo, e desde cedo falámos com a Lara sobre isso. Na verdade, sinto que temos vindo a preparar a Lara para esta realidade desde que era muito pequena. Não que ter um telemóvel diferente da maioria dos outros meninos seja um assunto muito importante por si só. É apenas uma parte do todo para o qual temos vindo a preparar os nossos filhos.
Desde cedo lhes dizemos que ser diferente não é mau, é simplesmente ser diferente. Os meus filhos são aqueles que não têm todos os brinquedos da moda, que usam os mesmos sapatos até se estragarem, que não têm muitas roupas nem acessórios caros. E tudo bem com isso. Não estou a criticar quem opta por dar smartphones aos filhos, ou roupas e brinquedos caros.
Simplesmente, essa não é a opção da nossa família. Mas sempre falámos com os miúdos sobre esta escolha, assim como falamos sobre tolerância, diferença, minimalismo e alimentação saudável.
Talvez por isso, a Lara esteja muito feliz com o seu telemóvel e nem por um segundo tenha questionado a nossa decisão quando lhe dissemos que tipo de telemóvel ela iria ter. Não quero jurar, mas parece-me tão segura nesta escolha como nós. Os amigos riram-se quando viram o telemóvel dela, e um amigo até perguntou se funcionava. Outro desafiou-a a atirar o telemóvel ao chão para ver se era tão resistente como parecia. Tudo de forma muito amigável, e a Lara riu-se com eles.
Quero acreditar que estou a educar uma miúda segura e confiante.
Entretanto, as razões pelas quais não demos um smartphone à Lara prendem-se, em grande parte, com o facto de ela ainda ser muito nova para ser exposta à grande quantidade de informação e estímulos que os smartphones, tablets e internet proporcionam, sem falar das redes sociais, que considero totalmente desnecessárias nesta idade.
Eu própria, com toda a informação que tenho, sinto que é difícil desvincular-me das redes sociais e não ser apanhada, por uns minutos, a consumir informação totalmente desnecessária e irrelevante. Nem quero imaginar uma criança, que tem muito menos filtros que os adultos, a lidar com isso.
Pessoalmente, acredito que um smartphone tem mais desvantagens do que vantagens nesta idade. Não sei se estou certa, mas esta é a nossa decisão por agora.
E por aí, como gerem estas questões?