A consideração que ele tem por mim...
Nota-se nestas pequenas coisas.Imaginem estes cenários:
Situação 1
Estou na cozinha e vou fazer queijadas. Tiro do armário o frasco do açúcar e o frasco da farinha para usar depois de untar as formas.Entretanto a bebé começa a chorar. Vou ver o que se passa e eventualmente ficar uns minutos a entretê-la. Volto à cozinha para fazer as queijadas e encontro o balcão sem a farinha e o açúcar. O Milton, como sempre, fez o favor de arrumar as coisas que eu estava a utilizar.O pensamento dele: "Ela deve ter-se esquecido disto aqui, deixa-me cá arrumar."Isto acontece várias vezes e eu já pedi ao Milton várias vezes para não arrumar as coisas que eu deixo sobre o balcão. Se estão ali e não estão arrumadas é por um motivo. O motivo é que vou usá-las em breve e o facto dele as estar sempre a arrumar duplica-me o trabalho.Não vale a pena. Ele faz sempre isso e vai fazer sempre isso.
Situação 2
Entro na lavandaria para colocar umas peças de roupa no cesto da roupa para lavar e encontro o estendal numa posição estranha, meio oblíquo em relação à janela. Acho estranho mas, como está cheio de roupa a secar, calculo que o Milton o colocou assim para a roupa secar melhor. Talvez se faça um melhor aproveitamento do ar circulante naquela posição. Deixo-o estar.Isto também acontece várias vezes. Quando encontro o estendal naquela estranha posição, deixo-o estar.Ontem, lembrei-me de perguntar ao Milton porque é que a roupa seca mais depressa assim, com o estendal obliquo. Sou uma rapariga curiosa e que gosta sempre de aprender estes "truques domésticos".Ele não fazia ideia nenhuma do que eu estava a falar e disse-me que o deixa assim porque o desvia para passar melhor e não se dá ao trabalho de o arrumar melhor.É esta a consideração que temos um pelo outro: eu calculo sempre que ele tem uma boa razão para fazer o que faz; já ele, assume sempre que me esqueci das coisas fora do sítio e "faz-me o favor" de arrumar as coisas de que vou precisar daqui a nada.