Conversas das miúdas, enquanto as duas pintam desenhos em livros de pintar: Lara: “Maria, pinta bem.” Maria: “Vou dar o meu melhor.” Lara: “Está bem querida.” Maria, muito calmamente: “Já te disse que não gosto que me chames de querida.”
A Lara recebeu um diário muito fofinho no seu aniversário. Para mim, é um presente muito especial. Tive dezenas de diários e adorava escrever neles. Só deixei de o fazer com mais de 20 anos, quando passei a ter blogues. À noite, depois de meter os miúdos na cama, estava a conversar com a Lara e a explicar-lhe porque é que um diário era tão especial, para que servia e que tipo de coisas ela poderia escrever nele: as coisas que tinham acontecido, as coisas que a deixavam mais (...)
O Milton já queria inscrever a Lara num Workshop de pintura lecionado pelo Martim Cymbron há 2 anos. O workshop era para crianças maiores por isso não foi nesse ano. Inscrevemo-la nas últimas férias de Páscoa. A Lara sempre gostou muito de pintar e desenhar, e está sempre a inventar coisas. Copia os quadros que temos cá em casa e, no nosso olhar muito pouco objetivo de pais, achamos que o faz (...)
Para mim, portanto. Digamos que tenho uma personalidade ansiosa e um pouco controladora, o que me faz levantar a voz com facilidade e ter um toque nervoso na forma de falar, quando a coisa não está a modos de me parecer bem. Neste contexto, os meus filhos (em especial as raparigas) queixam-se um bocado e chamam-me "mãe gritona". Em minha defesa afirmo que não costumo andar aos gritos com os miúdos por tudo e mais alguma coisa. Tenho é uma forma de falar algo acelerada e um ou (...)
Quando a Lara fez 6 anos, fizémos uma festa na escola, com pula-pulas e todos os colegas da turma. Na altura, já com o Covid-19 presente nas vidas de todos, pensei muito se devia fazer a festa ou não. Decidi fazer. Estariam presentes apenas as pessoas que estavam com ela todos os dias, mais as senhoras da empresa dos pula-pulas e nós, os pais. Claro que me assegurei que tomávamos todos os cuidados possíveis para prevenir qualquer contágio. Na altura, não estavam em vigor regras (...)
No dia da mulher, a Lara chegou a casa com um cartão para mim, feito por ela. Ela estava à espera de fazer algo nas aulas, acho que pensava que era o dia da mãe e, como não fez, aproveitou o tempo na escola depois das aulas, para me fazer um cartão cheio de corações. E não foi um cartão qualquer. Foi um cartão em 3D, com uma borboleta que saltava das núvens, quando o abria. Fiquei tão feliz com o cartão da Lara que a enchi de beijos e abraços. Como é que uma (...)
Numa manhã de sábado, fui dar umas voltas à baixa da cidade com a Lara. Fui buscar lentes de contacto, fazer umas compras rápidas e comprar um livro para ela. Na livraria, deram-me um bloco com listas de compras muito giro. A caminho de casa parámos numa esplanada para beber café e um sumo, e para explorarmos as nossas mais recentes aquisições. Aproveito sempre estes momentos em que estou sozinha com um dos meus filhos para conversar sobre os seus pensamentos e também para (...)
Eu gostaria de colocar neste texto a tag "educação" mas, em abono da verdade, não posso. Acho mesmo que isto, em particular, não está relacionado com educação. A Lara sempre foi uma menina muito sensível e sempre procurou fazer algum tipo de agrado às outras pessoas, mesmo que tivesse vergonha de o fazer. Às vezes faz presentes para alguém e pede-me que seja eu a entregar. Tento contrariar um pouco essa "reserva", mas aceito e respeito. Eu sou igual (na reserva e não tanto (...)
Hoje à noite, a Lara pediu-me para ficar um bocadinho ao pé dela na cama. Os irmãos já dormiam e ficámos a conversar um bocadinho, baixinho. A determinada altura, aproveitei para lhe pedir desculpa pelas vezes que gritei com ela e me enervei. Disse-lhe que às vezes tenho que lhe chamar a atenção, mas que gritar é sempre algo a evitar. Disse-lhe, também, que quando grito com ela a culpa é sempre minha e não dela. Diz-me ela: "Sabes, acho que gritas muito porque tens a (...)
Fiquei um minuto inteiro sem ouvir barulho o que, num apartamento com três crianças pequenas (acordadas), é praticamente uma impossibilidade. Fui ao meu quarto, ao quarto deles... nada. Na cozinha ninguém, na sala também não. Não suspeitei da casa de banho porque a porta estava fechada e não costumam ir para lá. Quando abri a porta da casa de banho, lá estavam os três, sentados numa roda, às escuras. A Lara, com uma lanterna, contava histórias assustadoras baixinho. (...)