7 atitudes do meu professor preferido que mudaram a minha vida
Estava no 9º ano, com os meus 13 anos, no inicio do que começava a ser a revolução da minha personalidade.
Até então pouco conhecia da vida. Tinha os meus pensamentos, começava a meditar com o auxilio de livros da secção mais esotérica da biblioteca de Alpiarça e ainda não tinha travado conhecimento com o poder revolucionário da música.
Já era uma inadaptada, alvo fácil das colegas que gostam de fazer terapia à custa dos outros (aka bullies) e não sabia bem o que fazer com os pensamentos desadequados e aparentemente inúteis que habitavam na minha cabeça.
Até que chegou aquele professor de história.
Só sei que se chama Paulo e que, no ano de 1990, teria 30 anos.
Ele foi a primeira pessoa real que, com as suas atitudes, me mostrou que eu não era uma pessoa esquisita ou pelo menos, que haviam outros e que havia espaço para todos. Deixei de me sentir tão sozinha e passei até a sentir um conforto agradável na minha pele e na minha mente.
Após esta não tão curta introdução, vamos a isso. Afinal, o que é que este professor, o meu preferido de sempre, (embora tenha tido outros, mais tarde, também muito importantes) fazia de tão diferente que se tornou uma influência tão forte na minha vida e, certamente, na vida de outros alunos?
1- Importava-se
Ele importava-se connosco. Importava-se mesmo connosco. Ele não era, de todo, aquele professor que vai para escola, dá a matéria e tudo o resto lhe passa ao lado.
Ele observava-nos, analisava as pessoas e as suas interações e, finalmente, agia sobre isso.
2- Atuava
O professor Paulo era uma espécie de ativista. Colocava em prática as suas convicções e agia em conformidade. Nunca tinha visto um professor a fazer isso e, enquanto estudante, nunca mais vi um professor a envolver-se assim com a vida dos alunos.
Ele percebia as dinâmicas sociais que existiam na turma e intervinha. Foi o único professor que vi a defender os mais fracos perante toda a turma. Ele dizia, de uma forma assertiva mas não violenta, que se sonhasse que alguém tivesse por hobbie andar a azucrinar os outros, estava bem lixado com ele.
Ahhhh como a minha vida mudou. Senti, de repente, um quentinho nas costas que me permitiu andar pelos corredores da escola com mais descontração, sem ter que estar a olhar por cima do ombro para ver quando é que alguma parvalhona se lembrava de me bater com os livros na cabeça ou outras gentilezas do género.
3- Via os invisíveis
Ele fazia questão de dar voz a todos, principalmente àqueles que estavam sempre caladinhos no seu canto, como se não tivessem nada para dizer. Ele puxava pelas pessoas e puxava por quem precisava mais e não apenas pelos que já eram bons alunos. Não foi o meu caso, mas tenho a certeza que existiram pessoas daquela turma que, mais tarde, abraçaram o ensino de história, por causa dele.
4- Levou-nos a uma exposição de arte moderna em Lisboa, na Gulbenkian, acho. Foi numa visita de estudo escolar, claro. Lembro-me nitidamente dessa visita de estudo. Lembro-me de ficar fascinada com um quadro de pintura abstrata que retratava o ruído na cidade. Achei maravilhosa a possibilidade de desenhar emoções, sentimentos ou simples impressões. Naquele dia abriu-se uma porta na minha mente onde consegui arrumar e organizar parte das minhas ideias soltas.
5- Explicava-nos a História como deve de ser
Isto é subjetivo, obviamente. Ele explicava-nos os acontecimentos do mundo através de filmes, de performances com toda a turma, onde simulávamos a organização do trabalho numa fábrica, por exemplo, para percebermos como surgiu o capitalismo. Lembro-me de ter levado um livro, com imagens muito fortes, sobre o Holocausto. Disse-nos que se quiséssemos podíamos não olhar, devido às imagens chocantes, mas explicou que era importante percebermos a dimensão do que tinha acontecido ali. Fazia-nos sentir a História com as emoções tanto como com a mente.
6- Mostrou-nos um filme dos Beatles
Adorei logo aquele filme, embora não me lembre qual é. Era colorido e acho que em desenho animado. Achei fascinante a forma como aquela banda influenciava a cultura no mundo. Acho que, mesmo de uma forma inconsciente, decidi que o poder de influenciar e de comunicar era o maior e mais interessante poder do ser humano.
7- Era como os bons professores nos filmes
Carismático, bom comunicador e completamente vocacionado para o ensino. Claramente, apaixonado pelo que fazia. E, isso, faz toda a diferença.
Por tudo isto, eu não decorei o que ele me ensinou. Eu percebi realmente. E, para além da matéria, percebi que existem pessoas que se interessam mesmo pelos outros. Isso era algo que nem me passava pela cabeça antes.
Aprendi mais do que verdadeiramente importa com ele naquele ano, dos que em todos os nove anos anteriores.
Qual foi o professor mais marcante na vossa vida? Contem-me.