Em 2024, depois de 10 anos dedicados a cuidar de filhos pequenos, com um, dois ou até três em casa, finalmente recomecei a ler. Com o crescimento dos miúdos e a sua maior independência, uma das primeiras atividades que retomei foi a leitura.
Este ano, consegui ler 50 livros, o que foi, sem dúvida, o marco mais significativo de 2024 — e isso é bom, porque significa que nada de muito extraordinário aconteceu, o que, por si só, até é bom.
Acredito que estava mesmo a sentir falta de ler, tanto que ganhei um novo hábito: ler pelo menos três livros ao mesmo tempo. Hoje, estou a ler cinco livros: A Biografia Involuntária dos Amantes, Anna Karenina, Felicidade, O Método Bullet Journal e a Bíblia.
Ler continua a ser uma das minhas atividades mais prazerosas, e o fato de ter lido tanto este ano é um sinal claro de que 2024 foi, no geral, um ano positivo.
Apesar disso, às vezes tenho a sensação de que não fiz nada de verdadeiramente especial. No entanto, as fotografias no meu telemóvel contradizem-me de forma evidente.
Passei tempo com os meus filhos, a família e os amigos. Fiz muitas coisas que não gostei tanto (quem não faz?!), mas também realizei várias atividades que me deram imensa satisfação.
Acredito que fui gentil com algumas pessoas. Certamente, sem querer, irritei muitas outras, mas tenho esperança de que fui mais agradável do que desagradável na maioria das minhas interações. Talvez os meus filhos possam contradizer-me quanto a isso.
Quanto à parte mais importante da minha vida — educar três seres humanos — correu de forma moderada. Não me posso queixar. Os miúdos parecem felizes, desenrascados e têm notas bastante satisfatórias. Na educação deles, tenho uma grande falha: o ensino de bons modos. Eles correm demais, falam alto, comem de maneira um pouco estranha... mas, por outro lado, leem livros, praticam desporto e estão em sintonia com conceitos como empatia, arte e humanidade.
Entre os desafios do ano, destaca-se o fato de já não frequentar a biblioteca com a mesma regularidade de antes. Fui muito feliz a viver a poucos metros dela, mas sou igualmente grata pelo meu Kobo que me permite ter acesso a centenas de livros excelentes, num pequeno "caderninho eletrónico"
Desejo a todos um 2025 repleto de saúde, alegria e boas leituras. Que este ano seja marcado por momentos inspiradores e pela motivação para sermos gentis com os outros e connosco mesmos, a cada dia.
Leiam muito. A leitura é, sem dúvida, um passo para dias ainda mais felizes.
Tens de ser uma boa mãe. Nada de gritos, nada de incutir sentimentos de culpa.
Não te esqueças de ser uma boa esposa. Temos de regar a relação todos os dias.
Sê boa e gentil. Cuida de ti para poderes cuidar melhor dos outros.
Sê boa e empática para todos. A grandiosidade não está em ser simpática para quem é amável; isso é fácil. Deves mostrar-te benevolente para quem te trata mal, pois são esses os que mais precisam.
Sê eficiente e produtiva no trabalho. Proativa, dinâmica, criativa. Ama o teu trabalho e os teus colegas, pois é no trabalho que passas a maior parte do teu dia.
Cuida da tua casa. É o teu refúgio e o da tua família. Transforma o teu lar num local agradável e cheio de luz.
Cultiva a tua mente. Lê, aprende algo novo, faz um curso.
Cuida do teu corpo. Faz exercício, mas não qualquer coisa. É importante trabalhar a musculação, o cardio e não te esqueças do yoga.
Come bem. Come vegetais. Bebe água. Não comas doces, nem frutas, nem glúten, nem lactose, nem alimentos processados. Prefere produtos biológicos. Ovos podem ser. Soja, já não.
Apanha um pouco de sol todos os dias.
Faz yoga facial. Hidrata a pele.
Sai com os amigos. Vai jantar fora com o namorado. Cuida da tua vida social.
Cuida do planeta. Recicla. Planta.
Sê solidária. Participa em campanhas, contribui. Sê útil para a comunidade.
Tira um tempo para fazer nada. Relaxa. Descansa.
Eu fico muito cansada com isto. Não sei quanto a vocês.
Será que posso tirar algum tempo, alguma vez, só para ser desleixada, parva, mesquinha, sarcástica, mal disposta? Em paz. Sem julgamentos?
Agora que os meus filhos estão mais crescidos, as questões que os envolvem começam a tornar-se um pouco mais complexas do que mudar fraldas ou ter de dar atenção a três crianças pequenas ao mesmo tempo.
Os meus três filhos são absolutamente diferentes entre si. Têm diferentes afinidades uns com os outros, e isso é maravilhoso. Gosto muito que assim seja, mas, por vezes, é complicado ter de me focar em tantas questões ao mesmo tempo.
Ora vejamos:
Neste momento, tenho os três na escola, a aprender matérias completamente distintas. Se até este ano pouco ou nada me chateava com a escola, este ano tudo mudou.
A Maria, a minha filha do meio, com 8 anos, é muito responsável com os estudos. Estuda sozinha, perfeitamente, e praticamente "obriga-nos" a estudar com ela quando necessário. Quase nunca é necessário, porque ela é bastante aplicada e deseja ter boas notas.
O Eduardo, aos 6 anos e no 1º ano, é muito aplicado e focado nos estudos. Desde pequenino, o que mais gostava na escola era fazer trabalhos (embora seja muito malandro e brincalhão). Agora está sempre preocupado com as matérias e diz que é o pior da turma em inglês e que os meninos da sala dele já todos sabem ler. Acho-lhe muita graça, porque a preocupação em não ficar para trás é genuína. E faz-me sorrir, porque, de facto, ele está a aprender muito bem. Nunca lhe ensinámos absolutamente nada em casa e, em três meses de escola, ele já sabe ler e escrever frases simples muito bem.
Com a Lara, temos aqui uma situação mais complexa. Ela é muito física e distraída (vamos, inclusive, levá-la a um centro médico para fazer uns testes para despistar algum transtorno de atenção), e o 5º ano está a ser desafiante para ela e para nós.
As notas dela baixaram (o que não nos preocupa de todo, porque não tem negativas) e a vontade de estudar desapareceu quase por completo. Agora que tem muitas disciplinas e professores diferentes, é obrigada a lidar com muitas personalidades que a confrontam, e está a ressentir-se disso.
Do 1º ao 4º ano, a Lara teve uma professora muito querida e amorosa, de quem gosta muito e que lhe deixou as melhores memórias. Uma professora que a marcou profundamente pela positiva. Ao mesmo tempo, a Lara também tinha um professor de Educação Física maravilhoso, que puxava muito por ela e dava as aulas de uma forma muito lúdica e interessante para os miúdos. Nas atividades extracurriculares dela, também está com professores fantásticos, daqueles que sabem mesmo cativar os miúdos e têm verdadeira vocação para o ensino.
Na escola, o caso é diferente. A Lara tem professoras de que gosta muito e, em relação às matérias lecionadas por essas professoras, ela estuda com gosto e vejo que sabe as matérias muito bem. Em relação a outros quatro professores, a Lara está a ter algumas dificuldades.
Uma das professoras já me mandou três notas sobre o comportamento da Lara — sempre distração, nunca má educação. Os professores das matérias que a Lara sempre adorou parecem adotar o grito, a repressão e o reforço negativo como hábito, e a Lara ressente-se muito.
No outro dia, chegou a casa a chorar porque, supostamente, um professor lhe disse que se notava bem "que ela era loura".
Dou por mim a ter que lhe ensinar uma série de coisas em casa porque ela não aprende na escola. Simplesmente tenho de lhe ensinar tudo de novo.
Só não digo que estou muito ressentida com a escola pública porque, na verdade, encontro nela uma boa oportunidade de crescimento e de gestão de conflitos, mas que está a dar-nos trabalho, está.
Por aí, como correm os vossos "anos letivos"? Como é que gerem as coisas com várias crianças?
Se há evento na cidade de Ponta Delgada que entusiasma os pais e os filhos desta casa, é a animação de Natal.
Por isso, no dia em que inauguraram a pista de gelo, o comboio, o carrossel e a casa do Pai Natal, lá fomos nós cinco, felicíssimos, estrear tudo. Não faltou nada: esperar uma hora para patinar 10 minutos na pista de gelo, jantar pela cidade e fazer tempo para a fila gigante do carrossel encurtar e, mais tarde, conseguir andar várias vezes seguidas por já não haver muita gente.
Os miúdos divertiram-se imenso!
O ambiente iluminado é maravilhoso e aconchegante, e o carrossel, com aspeto vintage, belíssimo!
O pior foi quando chegamos à casa do Pai Natal. No ano passado, o Eduardo tinha levado um ralhete (muito merecido, por sinal) de um dos senhores que estavam a trabalhar ali.
Acontece que este ano esse senhor estava a trabalhar como ajudante do Pai Natal. Eu nunca o teria reconhecido, mas o Eduardo, com a boa memória que tem, reconheceu-o e tentou logo fugir dali, envergonhado.
Com muito custo, lá o convencemos a ir conversar um bocadinho com o Pai Natal. Convencemo-lo, basicamente, dando-lhe um leve empurrão e desaparecendo de seguida.
O rapaz lá enfrentou os seus receios e, depois de uma amena conversa com o Pai Natal, tirou umas fotos e tudo.
É isto, também, o Natal!
Quem mais é fã dos carrosséis, das luzes e da parafernália toda que envolve o Natal?
A possibilidade de ler sempre foi uma das minhas partes preferidas da existência. Desde que aprendi a ler, até hoje, a leitura incessante teve apenas um interregno pela melhor das razões e uma das partes mais maravilhosas da vida: o nascimento dos meus filhos.
Agora que estão um pouco mais crescidos e independentes (o mais novo tem 6 anos), recomecei a ler.
Tal como acontece com a música, gosto sempre de ler autores portugueses, paralelamente a outros estrangeiros. Para mim, é importante ler autores portugueses porque, além de acreditar que ler uma obra na língua em que foi escrita é uma experiência muito mais rica, que nos aproxima mais da mente do escritor, por outro lado, viver a mesma cultura (e o mesmo tempo dos escritores) proporciona-nos um entendimento e uma experiência muito mais profundos.
Por isso, hoje decidi partilhar os meus cinco autores portugueses preferidos (neste momento) e os seus livros de que mais gostei:
Fernando Pessoa – Livro do Desassossego
João Tordo – O Nome que a Cidade Esqueceu
José Luís Peixoto – Cemitério de Pianos
José Saramago – Ensaio sobre a Cegueira
Valter Hugo Mae – O Filho de Mil Homens
Verifiquei, com curiosidade, que são todos homens, o que me deixa triste e é um indício de que ando a ler pouco.
E por que é que estes autores são os meus preferidos? Para além de gostar da sua escrita, gosto muito dos temas que abordam e da forma como o fazem. A abordagem filosófica das histórias e das personagens é o que mais me atrai. A densidade das personagens, o seu interior sombrio e intenso, é outra característica que me toca de forma profunda.
Gosto de livros que tratam da natureza humana de uma forma sensível, e em todos estes autores encontro isso. Encontro uma reflexão sobre a existência e uma inconformidade nesta dança estranha e difícil entre a nossa mente, as nossas emoções e a nossa relação com o mundo e com os outros. Para mim, qualquer um destes autores fala da existência de uma forma tão bonita e poética que me toca imenso.
No caso do livro O Nome que a Cidade Esqueceu, chorei imenso, como não o fazia há muito tempo, com o final da obra. Meses depois de o ter lido, ainda sinto o impacto que ele teve em mim. Acho que é um dos finais mais brilhantes que já li num livro. É daquelas coisas que eu gostaria de ter escrito.
Todos estes autores e livros falam do que há de mais humano nos homens e nas mulheres. E, de certa forma, talvez eu me identifique muito com a mente das personagens masculinas, por isso é que me emocionam tanto estes livros. No caso do Saramago, por exemplo, não me revejo nada nas suas personagens femininas. Consigo entender sempre melhor a mente dos homens destas histórias, que acredito de alguma forma refletirem a mente do próprio autor ou a sua visão do mundo.
Gosto destes personagens que vivem num conflito constante com o mundo e com os outros, que enfrentam a realidade como quem enfrenta uma tempestade de areia, água e trovoada, e encontram, de vez em quando, um abrigo temporário. Vivem com estranheza porque não conseguem fazer de outra forma. Não conseguem seguir, em paz, com a vida de uma forma rotineira, normal, expectável. Como se simplesmente não se encaixassem, porque não há como nos encaixarmos sem perdermos o essencial da nossa humanidade. Estes livros falam sobre aqueles que saem da multidão ordenada, os que olham para o que mais ninguém quer ver, os que mostram, com a sua forma de estar na vida, que a existência é caos e aleatoriedade.
Bom, não é que eu acredite que as coisas sejam exatamente assim, mas, de facto, esta forma de encarar a realidade e este conflito interior dos personagens é a mais poética e a que melhor matéria-prima dá aos livros, na minha opinião.
Alguma sugestão de autora portuguesa para mim? Claramente, estou em falha.