Os meus miúdos e a música

Quando entro no Conservatório, tudo me parece maravilhoso: o ambiente, as paredes, os miúdos que circulam com os violinos às costas. Esta é, claro, a visão fantasiosa de quem nunca estudou música num conservatório ou em qualquer outro lugar.

Tenho uma visão romântica do Conservatório. Por isso, assim que foi possível, inscrevi os meus três filhos em aulas livres e coloquei-os na lista de espera para as aulas regulares.

A Maria começou a aprender Viola da Terra, mas achou muito difícil. A situação tornou-se tão penosa que trocámos as aulas de Viola da Terra por aulas de natação, para grande alegria dela.

A Lara entrou para piano e está a correr muito bem. Gostava que fosse mais aplicada, mas parece aprender bem e tem gosto pela música.

O Eduardo está no coro pré-escolar. Embora tenha estado muito tímido nos primeiros dias, ele não se recusa a ir. Estou convencida de que a boa vontade dele está relacionada com as bolachas que são distribuídas após a aula. O facto é que ele continua sem reclamar.

Recentemente, houve uma apresentação do coro pré-escolar no auditório do Conservatório e o Eduardo participou. Foi um espetáculo bonito, considerando que era realizado por dezenas de crianças muito pequenas. Foram acompanhados por professores do Conservatório e as músicas eram da autoria da professora do coro, que também é uma excelente pianista.

Achei lindo! Fico muito feliz por ter os miúdos ali (a Maria também voltará quando houver vaga noutro instrumento ou nas aulas regulares).

Curiosamente, o Eduardo adormece facilmente com música clássica ao vivo. Na audição da Lara, adormeceu nos primeiros minutos e dormiu profundamente durante toda a apresentação.

Durante o coro, bocejou tanto, mesmo cantando, que temi que caísse a dormir. Ele não tem dificuldade para adormecer, mas, se houver necessidade, basta colocar música clássica (espero que funcione também sem ser ao vivo).

Mesmo com estas peculiaridades do Eduardo, fazemos questão que os miúdos tenham uma boa educação musical. Acredito piamente que a música pode ajudar-nos muito a retirar da vida uma poesia e uma beleza que não encontramos facilmente noutros campos.