Por algum motivo, nunca tinha posto os olhos em cima de um bicho-da-seda. Quando andava na escola, ouvia falar de pessoas que os tinham, em caixas de sapatos, e sabia que eram umas lagartas, mas nunca tive e não me lembro de ter vontade de ter.
Até que a Lara me disse que gostava de ter bichos-da-seda e a professora dela, que tinha bichos-da-seda na escola, me perguntou se podia dar-lhe alguns.
Então, um dia, a Lara apareceu em casa com uns cartõezinhos com ovinhos colados.
Deixámos os ovinhos dentro de uma caixa de papel e fiquei à espera que eles se modificassem e dessem a indicação de que, dali iam sair bichos. Mas, passavam os dias e as semanas, e nada. Eles mantinham-se iguaizinhos. Acho que esperava que os ovos crescessem, como ovos de galinha, o que nunca aconteceu. Achei que estavam estragados.
Até que, um dia, vi uma lagartinha preta, minúscula, dentro da caixa. Devia ter uns 3 ou 4 milímetros.
E aquilo era o bicho-da-seda. Achei pouco impressionante.
Até que apareceu mais uma lagarta. E andaram ali as duas sozinhas por um tempo.
Arranjei folhas de amoreira e aguardei.
As lagartinhas foram crescendo e já eram 10, 12, 14.
Um dia uma ficou presa na minha camisola e eu fartei-me de gritar, com o susto e a impressão de ter uma lagarta na roupa.
E elas continuaram a crescer e a nascer e às tantas, tinha lagartas de todos os tamanhos em casa. E, à medida que iam crescendo, iam ficando mais fofas e engraçadas e comecei a gostar de pegar nelas e observá-las.
Começaram a mudar de pele (o que fazem umas 4 vezes) e a comer imenso. Conseguíamos vê-las a despachar as folhas de amoreira em minutos.
Os miúdos também gostaram de ver os bichos a crescer, mas eu, claramente, sempre fui a maior entusiasta.
Depois as lagartas maiores começaram a ter um comportamento estranho, começaram a focar com uma cor de salmão, ligeiramente mais pequenas, e começaram a movimentar-se de uma forma estranha nos cantos da caixa. E começaram a fazer casulos que parecem amendoins.
E, de repente, tinha todas as fases dos bichos em casa: pequenos, médios, grandes, em casulo e, mais tarde, em borboleta.
E as borboletas são maravilhosas, lindas! Parecem morcegos brancos e muito peludos.
E agora estão a por ovos, centenas deles, uns por cima dos outros.
Posto isto, se alguém quiser ter alguns bichinhos-da-seda, é só falarem comigo. Creio que terei milhares de ovos em poucos dias.
De manhã fomos até ao Centro Comercial, onde a Lara foi ajudar, com os amiguinhos e professores da escola, numa campanha de recolha de alimentos para o Banco Alimentar.
Eu, o Milton e os dois mais novos aproveitámos para beber café e comprar ténis para os miúdos (são só os meus que gastam uns ténis por mês?).
Antes de irmos buscar a Lara, que estava concentradíssima na sua tarefa de recolha e arrumação de sacos de alimentos das pessoas que iam saindo do supermercado, fomos comprar alimentos para doar.
Entretanto, já em casa, a Lara fez a sua primeira refeição sozinha (com a supervisão do pai): lasanha de carne, acompanhada por couve cozida a vapor. Ficou mesmo muito boa, embora não seja a minha comida preferida.
A Lara gostou tanto da experiência que quer repetir todas as semanas, mas já decidimos que nas próximas semanas vamos fazer o mesmo com a Maria, de 6 anos e o Eduardo, de 4. Nunca é cedo demais para os miúdos começarem a aprender coisas úteis. Claro que deixo esta tarefa para o pai, que tem muito mais paciência que eu para ensinar coisas práticas.
À tarde, o Milton dormiu uma sesta e eu aproveitei para ir buscar a roupa de verão e começar a lavá-la para arrumar nos roupeiros. Os miúdos ficaram a ver televisão que, nestas alturas, nos dá muito jeito.
Ao fim da tarde fomos até à calçada da praia para os miúdos andarem de patins e trotineta e, graças aos mais novos que ainda não queremos deixar sozinhos a andar de patins, eu e o Milton ainda corremos umas centenas de metros.
Terminámos o passeio a comer um gelado artesanal italiano (tradição semanal da família) à hora de jantar.
Depois dos banhos brincámos às escondidas e foi mesmo divertido!
Demos uma folga ao Milton e eu fui deitar a Maria e o Eduardo na nossa cama, enquanto a Lara ficou a ler na cama um livro novo de banda desenhada, que eu tinha comprado durante a manhã e tinha deixado ao pé da almofada, para a surpreender quando se fosse deitar.
Deixei a Lara na cozinha durante uns minutos e, quando regressei, estava a fazer uma torre de lápis de cor.
Às vezes o melhor que fazemos é deixá-los brincar como bem entendem (dentro dos limites que consideramos razoáveis).
No útimo fim-de-semana, por exemplo, deixei-a brincar numa poça de lama num parque a que fomos. Ela aproveitou a lama e algumas pedras para fazer um castelo. Sujou-se toda, mas divertiu-se muito.
Ouvir um podcast sobre um tema que não me interessa absolutamente nada, apenas porque a forma de falar do entrevistado é muito agradável de ouvir, causando-me a sensação de ASMR - “Autonomous Sensory Meridian Response” ou resposta Sensorial Meridiana Autônomaem tradução livre.
É como se me estivessem a fazer massagens no cérebro.