Sobre o artigo de Alexandre Pais
Talvez esteja a ser ingénua ou superficial. Não sei. O facto é que não quero ofender ninguém, nem desmerecer nenhum tipo de luta.
Acredito, inequivocamente, que o culto do corpo perfeito (principalmente da mulher, mas também do homem) é desnecessário, pernicioso e perigoso. Acredito, sobretudo, que este culto afasta o ser humano da racionalidade e da felicidade.
E, como em relação a uma série de outros problemas e equívocos no mundo, acredito que este se resolve sobretudo com a educação.
Eduquemos os nossos filhos, já que muitos adultos têm a cabeça e a vontade duras demais para se flexibilizarem perante o que lhes foi incutido a vida toda.
Eduquemos as crianças para o respeito pela diferença, para o respeito pelo próximo e por si próprias. Ensinemos as crianças a não ofenderem ninguém e a não se deixarem ofender. E, quando digo "não se deixarem ofender" não significa espetar um pontapé a quem lhes chama nomes. Ensinemos as crianças a não cederem espaço mental a palavras "idiotas", "tolas" e "ignorantes".
Cá em casa ensinamos os miúdos que quem lhes chama nomes é digno de pena, de muita pena mesmo. Tentamos explicar-lhes porque não devem ser cruéis para os outros meninos e que as palavras não os podem magoar, por isso devem ser ignoradas quando são desagradáveis.
É o que pratico também. Ou tento, vá.
Quando percebo que alguém escreve o que o cronista Alexandre escreveu penso: "coitado". E dou o seu exemplo aos meus filhos como algo que não se deve fazer. Como quem diz: "Olha filho, vês aquele senhor a mandar lixo para o chão? Não se faz. O senhor é muito mal formado. Claramente nunca o ensinaram a ser higiénico e a respeitar o espaço público."
E depois tento não pensar mais nisso, concentrando-me antes nas pessoas que escrevem coisas boas e bonitas e, efetivamente, tranformam o mundo num lugar melhor.