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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Sex | 28.04.23

Para saberem um bocadinho mais sobre mim. Isto ou aquilo #2

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Trago-vos mais uma rubrica extremamente relevante (not).
Basicamente são factos completamente irrelevantes que podem descortinar um pouco da minha forma de estar neste complexo e extraordinário mundo.

Espero que se divirtam a ler tanto como eu a responder a isto.

  1. Café ou chá?
    Café. Sem Açúcar.

  2. Praia ou montanha?
    Praia. De areia branca.

  3. Dia ou noite?
    Dia. 

  4. Salgado ou doce?
    Doce. 

  5. Livro ou filme?
    Livro.

  6. Cão ou gato?
    Gato.

  7. Verão ou inverno?
    Verão.

  8. Praia ou piscina?
    Praia.

  9. Pizza ou hambúrguer?
    Pizza.

  10. Maçã ou laranja?
    Maçã.

  11. Rock ou pop?
    Rock.

  12.  Android ou iPhone?
    iPhone.
  13. Cerveja ou vinho?
    Vinho. Tinto.
  14. Churrasco ou sushi?
    Sushi.

  15. Banho quente ou frio?
    Quente.
  16. Jantar em casa ou jantar fora?
    Jantar fora.

  17. Sol ou neve?
    Sol.
  18. Ficar em casa ou sair com amigos?
    Sair com amigos.


  19. Natal ou Ano Novo?
    Natal.
  20. Pequeno- almoço ou jantar?
    Pequeno-almoço.

  21. Dormir cedo ou tarde?
    Cedo.
Qua | 26.04.23

Eduardo, o pragmático

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Como acontece com alguma frequência, o Milton estava a reter o Eduardo para ele não ir aborrecer as irmãs que é como dizer, correr na direção delas e abalroá-las sem qualquer contenção.

Qual acham que foi a reação do gaiato, com 4 anos:

a) gritar e mandar-se para o chão, exigindo que o pai o largasse imediatamente.

b) espernear como um maluco, a tentar soltar-se sozinho.

c) fingir que aceitava a situação à espera de uma brecha para fugir.

Nenhuma das três, já se  sabe.

O rapaz olha para o pai, com toda a calma e pergunta: "O que é que preciso de fazer para me deixares sair daqui?"

Ter | 25.04.23

Porque é que não devemos esquecer o 25 de abril?

image 7.jpeg(Imagem daqui)


Por muitas razões. Tantas que seria preciso muito mais do que umas dezenas de linhas para as descrever de forma resumida.

Por isso vou falar apenas de uma delas, a que a minha família, igual a tantas outras, viveu.

Nasci depois do 25 de abril.
Nunca me faltou comida, acesso à saúde e à educação. Estudei em escolas públicas e, na minha infância, mesmo que fosse necessário ir a um médico particular, os meus pais tinham os meios necessários para o providenciar.

Se algum dos meus pais ficasse sem emprego teria, pelo menos durante algum tempo, um subsidio que lhes permitiria pagar as contas essenciais.

As escolas onde estudei não eram perfeitas, mas tive acesso a livros e a bibliotecas que me ensinaram o que não aprendia na escola e nunca houve, realmente, qualquer tipo de censura em relação ao que podia ler, escrever ou pensar.

Nunca senti, na pele, a realidade que a maior parte do povo, principalmente quem vivia em zonas rurais, vivia antes do 25 de abril de 1974.

Mas, muitas das pessoas da minha família, viveram muito mal durante a ditadura de Salazar. 

A minha avó paterna, que ajudou a criar-me e que me passou muitos dos valores que estruturam a minha vida até hoje, era analfabeta. Ir à escola nunca foi uma possibilidade para ela.

A minha avó Leontina nunca a aprendeu a ler e escrever, não por falta de capacidade ou vontade, mas porque, desde criança, tinha de trabalhar para ajudar no sustento da casa. Os seus pais, embora trabalhassem durante muitas horas e muito arduamente, ganhavam apenas o suficiente para (mal) sobreviver. Os meus bisavós e a minha avó, antes do 25 de abril,  não conheciam outros direitos que não o de trabalhar de sol a sol para ganhar menos do que o suficiente para comer e alimentar os filhos. Para eles, e para milhares como eles, não havia educação ou cuidados de saúde garantidos, apenas os que alguns médicos mais humanistas prestavam, por caridade.

Pessoas que trabalhavam arduamente em benefício dos patrões, nunca viam o valor do seu trabalho reconhecido e  eram, de forma aceite pela sociedade e por eles próprios, vistos como pessoas inferiores, sem educação e sem qualquer oportunidade de saírem, por mérito do seu trabalho e do seu valor, da sua situação precária.

Se por algum motivo algum membro da família deixasse de poder trabalhar, não existiam providências do Estado para a sua sobrevivência e só lhe restava mendigar junto à igreja ou noutro local estratégico da via pública. Talvez fosse por isso que via sempre a minha avó a dar "esmolas" a qualquer pessoa que lhe pedisse, mesmo que eu soubesse que se tratavam de pessoas "de má fé". A minha avó dava sempre porque, na mente dela, eram pessoas que realmente não teriam o que comer, ou que precisam de alimentar a família, tantas foram as que ela conhecera nessa situação, mesmo na sua família.

Alguns proprietários eram justos e valorizavam, por conta própria, os seus trabalhadores. Ouvi falar disso, também. Mas os destinos dos homens e mulheres que trabalhavam estavam sempre dependentes da boa vontade de quem os contratava e, realistas do mundo saberão que homens de boa vontade é fenómeno que não abunda.

Depois do 25 de abril as coisas mudaram, definitivamente, para melhor, para a maior parte das pessoas. Agora, embora permaneçam muitas desigualdades sociais, existem mais oportunidades, mais conhecimento e mais formas de mudar de vida.

50 anos depois do 25 de abril, a situação do nosso país não é perfeita. Mas não afirmem que antes era melhor. Até podia ser, mas para muito poucos.

A minha avó, nunca aprendeu mais do que algumas letras que ensinei em criança, mas, depois do 25 de abril, nunca mais passou fome, nem viu os seus familiares passarem necessidades. Passou a ter acesso gratuito à saúde e, para seu grande deleite e mal dos seus dentes que se foram todos, pode comprar bolacha Maria sempre que lhe apetecia. Podia dar-se ao luxo de comprar leite e até iogurtes. Podia fazer pão de ló e arroz doce com regularidade (os doces mais saborosos que já comi).

Eu nunca senti na pele o que era a vida de um trabalhador rural (e de tantos outros) antes do 25 de abril, mas sei o suficiente para sentir, com convicção, quais são as causas que quero e devo abraçar. 

É preciso que o 25 de abril não seja uma memória de "velhos". É preciso ensinar às nossas crianças porque é que existem tempos para os quais não queremos voltar.

É preciso, acima de tudo, ensinar às nossas crianças que somos todos iguais, que temos direito a oportunidades iguais e que o que nos distingue, tem de ser as nossas ações e o nosso mérito e nunca o que o sistema, seja ele qual for, quer que sejamos.

 

Qui | 20.04.23

Eduardo #46 O generoso seletivo

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O Eduardo chega de um aniversário e a primeira coisa que faz, quando chega a casa, é dizer à Lara que tem coisas para ela. Quer dar-lhe todos os brindes que recebeu de lembrança da festa.

Relembro-o que deve dividir as ofertas entre a Lara e a Maria, o que ele faz sem reclamar.

Apesar desta sua generosidade seletiva (ele dá-se melhor com a Lara, para já, porque a Lara não o vê como alguém que veio dividir a atenção que lhe damos, uma vez que antes dele veio a Maria), não deixa de ser engraçado ver que ele não pensa em ficar com as coisas para si. Ele gosta mesmo é de oferecer coisas às pessoas.

Qua | 19.04.23

O céu cor-de-rosa de Sesimbra

Tasca do Isaías.jpeg 
Foto da Tasca do Isaías retirada daqui.


Sesimbra tem o céu mais cor-de-rosa que já vi. É assim que me lembro desta vila onde passei muitos dias de verão. Lembro-me dos dias, longos e bonitos , dos passeios pela vila, que é acolhedora duma forma que não sei explicar. É daqueles sítios onde nos sentimos automaticamente bem e felizes.

Os fins de tarde eram os mais bonitos, com um céu inacreditável onde o rosa ia ganhando cada vez mais espaço ao azul claro.

À noite, o restaurante para jantar era sempre o mesmo, a Tasca do Isaías, um sitio onde um senhor já idoso colocava sal num peixe que nos serviam, escalado, com um molho de manteiga maravilhoso. Era este peixe, servido com batata cozida e uma salada de alface, tomate e cebola , que comíamos numa mesa comunitária de madeira. Também pedíamos vinho branco e uma sobremesa e pagávamos sempre o mesmo. 20 euros, 10 euros por pessoas, comendo muito ou pouco e bebendo um ou dois jarros de vinho. Era uma conta certa, redonda, feita por quem tinha verdadeiro gosto por aquilo que fazia e não via no dinheiro a fonte de motivação.

Da praia de Sesimbra lembro-me pouco. Um mar calmo, sem ondas, areia dourada. Sesimbra, para mim, era o ambiente, as ruas, o restaurante do senhor de barbas e o céu, maravilhoso.

Sesimbra é a forma como me sentia lá. Aquele foco imediato no momento presente, que sentia só por caminhar naquelas ruas e respirar aquele ar.

Qui | 13.04.23

5 formas criativas de praticar o autocontrolo

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Não sei como se passa com vocês mas, cá por casa, o TPM tem as costas muito largas e é um bode expiatório muito usado.

Vamos colocar as coisas assim: durante 14 dias ando eufórica, contente e satisfeita com a vida de uma forma um pouco despropositada. Durante os 14 dias seguintes ando numa irritação crescente e tenho o autocontrolo de um cão com dores de dentes. É mais ou menos isso.

De modo que comecei a procurar formas diferentes de lidar com esta falta de autocontrolo, uma vez que já me fartei das técnicas usuais (a.k.a. valdispert).

Feita a minha pesquisa achei por bem partilhar aqui algumas das dicas que me pareceram mais pertinentes, não que vocês precisem delas, claro. Por aí sé tudo gente equilibrada e discreta, certamente. 

 

  1. Técnica do 10-10-10
    Perante uma situação que vos faz querer arrancar os cabelos de alguma cabeça perto de vós (não necessariamente a vossa), cogitem da seguinte forma:
    - "Como vou me sentir em relação a esta situação em 10 minutos?"
    - "Como vou me sentir em relação a esta situação em 10 meses?"
    - "Como vou me sentir em relação a esta situação em 10 anos?"
    Provavelmente vão perceber que o caso não vale 10 segundos do vosso tempo.

  2. Desafiem-se a exercitar o autocontrolo
    Sejam teimosos e não cedam perante os impulsos. Resistam a comer doces à noite, por exemplo. Primeiro uma noite, depois outra, depois outra. Resistam a gritar com os miúdos ao primeiro impulso. Registem os vossos progressos para se motivarem. Se for necessário tracem objetivos e ofereçam-se prémios.

  3. Vestir um personagem
    Entrem em modo personagem e ajam como alguém calmo e descontraído. Ou, podem pensar em alguém que admirem e tentar agir como imaginam que essa pessoa agiria numa situação de stress. Pode parecer estranho ou tolo, mas esta técnica já me ajudou a lidar com muitas situações stressantes, com calma e alguma graça.

  4. Criar um plano de ação. Ou vários.
    Antecipem as vossas tentações e tracem um plano A, B e C que os ajude a resistir. Têm sempre vontade de comer doces depois de almoço no trabalho? Vão dar uma voltinha e lá compram aquela canela ou aquela malassada que sabe mesmo bem nos primeiros 3 minutos e depois vos faz sentir uma ***d* o resto do dia? Levem um livro e não entrem em lojas perniciosas. Ou então levem um snack mais saudável para o trabalho, para não caírem em tentação.

  5. Adiar as recompensas
    Sempre que quiserem usufruir de uma recompensa ou de algo agradável, tentem adiar por algum tempo. Assim estarão a treinar a resistência aos impulsos e à satisfação imediata. Até parece que estamos a treinar um cão mas, de facto, muitas vezes sinto que um cão é capaz de ter mais autocontrolo do que eu, por isso, vale a pena tentar a técnica.

    E por aí? Têm todos uma personalidade fofa como algodão ou também têm que bater com a cabeça na parede três vezes antes de ver gente à segunda-feira de manhã?


Qua | 12.04.23

Kiffness: o homem que usa a música para o ativismo e para criar felicidade

É a minha sugestão da semana para vocês.
Consigo ficar horas a ouvir as criações deste músico sul africano. Na minha opinião são geniais.
A forma, humorada e divertida, como ele usa o seu talento para lutar pelas causas em que acredita é comovente. 
E é humilde, como os melhores.

Aqui ficam duas das minhas preferidas: a primeira sobre a leveza e a segunda sobre a coragem.





Seg | 10.04.23

Rocha da Relva, um oásis de tranquilidade dentro de uma ilha

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Enquanto descia o caminho estreito, que era de terra em alguns sítios e de cimento noutros, ia estranhando todas as casas que encontrava até à linha do mar.

Quase todas me pareciam ter quintal e, por detrás de alguns muros, espreitavam pés de tomate-cereja carregados dos pequenos frutos vermelhos. Ouvia cães e sentia movimento nas casas. Ao longe, ouvi o som de um rádio que imaginei pertencer a um senhor de 60 anos, com cabelo branco e boné na cabeça, que achei que haveria de vir sentar-se no quintal, para deixar assentar o almoço enquanto apreciava a horta e o sol.

Espantava-me o facto do caminho para ali ser tão inclinado e tão estreito que só uma mota ou um animal cabiam. Como teriam transportado os materiais de construção para fazer aquelas casas, em tudo semelhantes às casas de Ponta Delgada e de qualquer outra zona da ilha? Talvez de barco, disse o Milton.

Lá em baixo, ruínas de uma casa, mesmo em frente ao mar, imenso.  A beira mar eram pedras, umas grandes, outras mais pequenas e muito redondas, moldadas pela força das ondas. Acho que nunca vi pedras tão redondas nos Açores. Talvez tenham sido colocadas ali por alguém e, afinal, não tenham sido moldadas pela força deste mar. Se alguém souber, elucide-me, por favor.

Vimos um café que estava fechado e muitos gatos, todos bem tratados mas com aspeto demasiado independente para terem dono. Devem ser os gatos do lugar, sem proprietário e cuidados por todos.

Tudo ali é paz e tranquilidade. O tempo passa mais devagar e convida à contemplação. Não se vê ninguém mas, de alguma forma, pressente-se a existência de pessoas, nas suas casas.

Perto de uma entrada no mar (uma espécie de escada improvisada junto às rochas), há uma casa de onde saem duas raparigas jovens na direção da água. Talvez estejam de férias ou talvez vivam ali.

Fomos até ao fim do caminho e depois voltámos, ainda tranquilos e alegres com o passeio.

No regresso, desejei ter a ajuda de um burro, de um carrinho de mão ou de material de escalada para sair dali (embora não faça ideia de como é que se usa material de escalada ou um burro ou um carrinho de mão para este efeito, ou outro).

Praticamente fui a gatinhar na parte mais difícil do caminho. Foram uns 20 ou 30 metros muito árduos. Acho que nunca me senti tão em baixo de forma.

É um passeio bonito, sem dúvida, mas é para gente rija.  E eu, para já, ainda não sou tão rija.

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