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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Ter | 29.03.22

Bofetadas em tempos de liberdade e de guerra

277348633_5100675963286307_6652710362160509029_n.jComo é que eu posso começar isto? Nem sei.

Bom... posso começar por dizer que, se fosse bater em todas as pessoas que oiço dizerem coisas escusadas, levava uma boa parte do dia nisso. Ou, pelo menos, a parte do dia em que não estivesse a esquivar-me de algumas bofetadas dirigidas à minha face.

O que vi ontem a acontecer foi algo que considero absurdo. Vi um homem que trabalha com o humor, essa argamassa tão complexa e subjetiva, dar uma bofetada a um colega, que estava no exercício do seu trabalho, para "supostamente" defender a mulher de uma piada de que não gostou.
Não é aceitável. A violência jamais é aceitável. Se não se trata de legitima defesa da integridade física, a violência é algo que me choca sempre.

Mas, o que me perturba mais nisto tudo, nem é o facto do Will Smith, se ter passado e ter batido no Chris Rock. Não devia acontecer, mas acontece. Há dias em que não estamos bem, em que não conseguimos assumir a posição de auto controlo que o nosso estatuto de homo sapiens nos devia dar. Claro que a atitude do Will Smith, mais reveladora do seu fraco estado emocional do que da falta de noção do Chris Rock  deve ter consequências. Disso não tenho dúvidas.

Mas, o que me choca mesmo é o número de pessoas que vem defender o seu direito a bater no colega, o seu direito de "defender" a mulher, como se ela fosse um ser fraco e inferior, incapaz de se defender a si própria.

Se eu acho a piada do homem pertinente? É pá! Não sei. Se gosto de todas as piadas que se fazem com assuntos sensíveis? Não gosto. Mas isso é irrelevante. Também não tenho que gostar.  Se não gosto, deixo de seguir as pessoas ou, no limite, respondo da forma devida: com palavras, com argumentos e, se o cérebro estiver especialmente animado, com humor.

Ainda ontem estava toda a gente chocada com a ofensiva violenta do Putin à Ucrânia e (salvaguardando as devidas diferenças), hoje uma data de povo acha que devemos resolver o nosso desagrado com as palavras alheias à bofetada.

Por favor gente. Como li em algum lado há uns meses, daqui a pouco mais vale pegar nas mocas e voltar para as cavernas.

Tenhamos calma nestas nossas cabeças de povo civilizado.


 

Seg | 28.03.22

Formas de ganhar o meu coração

52 semanas de 2022 #13

Desafio de escrita criativa  "52 semanas de 2022"

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1- Mostrar-me músicas, filmes, livros, correntes de pensamento ou formas de arte que eu não conheço e que me prendam completamente a minha atenção. Quem, alguma vez, me mostrou músicas fantásticas que eu não conhecia, tem um lugar muito especial na minha mente, ou coração ou lá onde seja.

2- Tratar bem os meus filhos. Nem precisa de me tratar bem a mim, mas se alguém gosta dos meus filhos e os trata bem, tem, garantidamente a melhor das minhas atenções.

3- Gostar de conversar. É a minha atividade preferida e, encontrar um interlocutor interessante, interessado e sem preconceitos de maior, não é tarefa fácil. 

Existirão outras forma de ganhar o meu afeto e amizade, mas estas são garantidas. 

Sex | 25.03.22

Os filhos salvam a nossa saúde mental

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"Deixas-me louca!"
Quantas vezes dizemos isso aos nossos filhos? E, se não dizemos, pensamos, muitas vezes, que estamos à beira da loucura.

Às vezes tenho a sensação de que, nos recentes oito anos, a minha vida é uma repetição contínua entre dar comida à boca, limpar rabos, fazer máquinas de roupa, estender, roupa, arrumar roupa, cozinhar, preparar lanches, preparar mochilas, gritar com os miúdos para que parem de se aborrecer e de bater uns nos outros e tentar que a casa tenha o mínimo de ordem.

A maior parte das vezes sinto que falho na educação dos miúdos, porque eles não fazem o que lhes digo à primeira (nem à segunda, nem à terceira, nem à décima), porque começam a cantar alto junto ao elevador do prédio, logo de manhã, porque não conseguem ficar sentados num restaurante cinco minutos seguidos e porque não conseguem deixar de competir uns com os outros por cada segundo de atenção dos pais.

Mas, a verdade mais honesta, o que existe mesmo depois de tiradas todas as camadas superficiais do quotidiano, é a certeza absoluta de que tenho uma sorte incrível e que, se não estou verdadeiramente louca, é porque cada um dos meus filhos existe, a chamar-me de volta para a realidade a cada dia e a mostrar-me que as pessoas, na verdade têm uma natureza maravilhosa, curiosa e alegre, antes de serem completamente condicionados pelo ambiente.

A minha casa, pequena, chega a ser grande demais para a nossa vontade de estarmos sempre juntos, em cima uns dos outros. As camas, não chegam a ter dono, porque, consoante a necessidade, vamos dormindo em camas diferentes todos os dias.

A hora de dormir é respeitada através de arrastamentos para a casa de banho para lavar os dentes e fazer chichi, porque a vontade de brincar com os irmãos horas sem fim, sobrepõe-se sempre à necessidade (completamente incompreendida) de ir dormir cedo.

De manhã, se desejam panquecas, só preciso de ir mandando os ingredientes para uma taça de plástico, onde o Eduardo, com três anos, os vai misturando com toda a concentração, antes de eu colocar a massa na máquina de panquecas durante dois minutos até estarem prontas para todos as comerem até não restar mais nenhuma.

Estas coisas, estas confusões diárias, esta casa caótica e cheia de gente, dá-me uma alegria constante e secreta, em todos os momentos que disfarço com gritos e ralhetes de circunstância.

A verdade é que a criança solitária que fui dá pulos de felicidade, cada vez que olha para os meus três filhos a crescerem juntos.

Ver três pessoas a crescer e a desenvolverem-se é algo indescritivelmente maravilhoso. A forma como os miúdos compreendem o mundo à sua volta desde cedo e a forma como têm a ideia de justiça tão presente é incrível. E nem sinto que os pais tenham grande crédito nisso. 

Por aqui limitamo-nos a deixar que os miúdos se expressem e a partilhar tudo com eles. Não lhes escondemos nada e normalizamos tudo. Tentamos não lhes colocar peso desnecessário sobre os ombros, mas falamos de todos os assuntos com abertura. Erramos e pedimos desculpa. Eles sabem que a mãe, uma semana por mês, fica meio louca e descompensada. Provavelmente não verão os pais como heróis, que lhes resolvem tudo, mas como pessoas que os amam e que, pelo lugar que a experiência  e a idade lhes dá, são os atuais gestores dos assuntos familiares.

Não seremos uma família modelo. Somos despenteados, barulhentos e desorganizados. Mas, temos duas ou três coisas de que nos orgulhamos. Uma delas é o sentido de humor. Deve ser o único traço de personalidade que todos partilhamos. E isso, certamente, salva a nossa saúde mental.

Qua | 23.03.22

Sobre Saudades

"Alguém de quem tenho saudades" 52 semanas de 2022 #12

 

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Dedico muito pouco tempo a este sentimento. Para me proteger, claro.

Vivo há mais de 10 anos numa ilha para onde vim sem família e sem amigos.  Fiz bons amigos e criei uma família e isso é o suficiente para ser muito feliz na maior parte do tempo.

Claro que existem bons amigos e família muito chegada e muito querida a milhares de km de distância. Pessoas que não vejo há anos e de quem gosto muito. Tenho saudades de todas essas pessoas e vou colmatando a sua ausência física com as maravilhas da tecnologia que, apesar de todas as suas desvantagens, nos permitem encurtar distâncias.

Depois, existem as pessoas que não voltamos a ver e que também nos deixam muitas saudades.

Mas, por norma, não penso nisso. Se me magoa, se me deixa triste, não penso.

Há alturas em que me lembro das pessoas e dos bons momentos que passei com elas e, aí sim, deixo-me invadir por uma "saudade boa" que não faz mossa e ainda me deixa com um quentinho no coração durante uns tempos.

Não referindo uma única pessoa de quem tenho saudades, porque são várias, diria apenas que não me dedico muito a usifruir desta emoção ou sentimento. Não o considero muit útil e, de facto, tenho tido alguma agilidade mental a fugir dele. 

Curiosamente, noto mais a força das saudades quando volto a ver as pessoas. Por exemplo, quando uns tios do continente me vieram visitar, a alegria que senti ao tê-los por perto fez-me entender a falta que tenho sentido das pessoas que estão longe. É como um regresso "a casa" por um bocadinho.

Mas, como a minha casa vai sendo construída por todos os locais onde vou vivendo e por todas as pessoas que estão perto de mim, estou sempre bem. 

Desafio de escrita criativa  "52 semanas de 2022"




Seg | 21.03.22

Ainda sobre o 8º aniversário da Lara

Um presente maravilhoso!

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A professora da Lara, que  é a professora mais querida que poderíamos desejar para os nossos filhos, faz uma coisa muito gira no aniversário dos miúdos. 
Pede a todos os meninos que façam um desenho para o aniversariante. Se quiserem, podem deixar uma pequena mensagem também.

Assim, a Lara trouxe para casa um caderno, com as folhas presas com uma bonita fita, com desenhos e mensagens de todos os colegas, e também um da sua professora.

Achei a ideia mais amorosa de sempre. 


 

Sab | 19.03.22

Estou de dieta

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De modo que estou de dieta. Outra vez.
Desta vez é uma coisa simples, despretensiosa e que mexe mais com a minha vontade de auto controlo do que com a minha vontade de caber nas calças 34 outra vez (embora esta vontade também esteja presente).

O que aconteceu é que me fartei da minha própria voz interior sempre a queixar-se do volume da barriga. Achei que, queixar-me apenas, sem fazer exercício e sem fechar a boca, era simplesmente parvo.

De modo que cortei nos doces, no vinho e no número de refeições. Comecei, também, a fazer alguns exercícios regularmente (pouca coisa, uns abdominais, um yoga, uns saltinhos tolos em jeito de cardio).
Basicamente, cortei o lanche (onde sempre me estiquei mais), como menos doces e menos pão, bebo dois litros de água ou chá todos os dias e janto cedo e pouca quantidade de comida

E pronto, numa semana, perdi um quilo. Não é fabuloso, mas também não é mau, tendo em conta a leveza com que estou a fazer isto.

O que vos posso dizer é que ando a dormir melhor, sinto-me mais leve e não tenho sentido fome. Está a correr melhor que o esperado.

Qua | 16.03.22

A Lara fez 8 anos

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A Lara fez 8 anos e pediu-nos para fazer uma festa. Nunca gostei muito de fazer festas de aniversário. Agora gosto mais. Quando mais anos tenho, mais gosto de os comemorar e os dos meus filhos, ainda mais.


Bom… escolhemos um sítio dentro do nosso orçamento, convidámos a família e amigos próximos e fizemos a festa que a Lara tanto pediu.

A decoração, feita pela Lara e pelo pai, na manhã de domingo, ficou bonita. A comida, providenciada pela mãe, não correu tão bem.

Entre fazer doces e enfiar salgadinhos pré fritos no forno, acabei por fazer o triplo da comida necessária. Parva que sou, nem me lembrei de reler as minhas publicações de aniversários antigos, onde explicava como devia planear o lanche de forma simples e sustentável.

A ansiedade tem destas coisas. Tanto medo tive de que faltasse comida, que há dois dias que o nosso almoço e jantar consiste num mix de folhados salgados variados.

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O Milton, julgando que ia para a festa dos 40 atrasada, levou 3 grades de cerveja e duas caixas de vinho. Temos vinho e cerveja até ao fim do ano!

O que interessa mesmo: a Lara estava super feliz! Esteve com os amiguinhos, convidou os amigos "de casa" e alguns da escola e passou a tarde a brincar com eles e a trocar cartas de pokemon.

Nenhum menino se magoou (o que era um dos meus grandes objetivos do dia) e a Lara acabou o dia a pensar já na festa do próximo ano.

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E, mais uma vez, faço-me feliz também na felicidade dos meus filhos. Enche-me o coração ver a alegria das crianças à volta das coisas mais simples. Eles encontram alegria na presença dos amigos, num copo de gelatina, num punhado de batatas fritas e numa coleção de cartas.

Que os nossos filhos possam crescer devagar e sem preocupações.

Seg | 14.03.22

52 semanas de 2022 #11

Se pudesses partir, para onde irias?

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Para um sítio mais ou menos assim.

Adoro cidades grandes, mas, neste momento, era para aqui que me mudava de boa vontade.

Por sorte, com execeção da cor da areia, estou num sítio não muito diferente. Assim sendo, a vontade de mudar nem está nas fases mais agudas.

Desde que me conheço que a vontade de partir (num contexto feliz, evidentemente) está sempre presente. Adoro o novo, a mudança, a incerteza do que vou encontrar numa terra desconhecida. 

Se pudesse (ou melhor, se o desejasse mais do que desejo a estabilidade) viveria como uma nómada, uns meses em cada local.

Desafio de escrita criativa 
 "52 semanas de 2022"


Sex | 11.03.22

Como tirar os miúdos da frente dos ecrãs?

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Com uma grande dose de paciência e alguma convicção.

Por aqui, temos fases. Nas fases de cansaço extremo, em que queremos só mais 10 minutos para dormir de manhã, o Milton, em modo semi-automático, liga a televisão aos miúdos.

Nos dias em que estamos mais convictos e capazes de ouvir umas reclamações mais ou menos agudas, indicamos que não vai haver televisão e que devem entreter-se de uma forma mais rudimentar, que é como quem diz: brincando.

A regra costuma ser sempre a mesma: durante a semana, não há televisão, de todo, nem de manhã, nem ao fim do dia. Ao fim de semana, podem ver televisão. Eles escolhem o que querem ver, de um conjunto de desenhos animados pré-selecionados por nós. Às vezes, vemos filmes de animação todos juntos.

O facto é que, sem televisão, eles acabam por arranjar uma série de coisas para fazer e, na loucura, até percebem que é vantajoso ter  irmãos com idades semelhantes, para brincar.

Esta manhã estiveram todos a pintar. Às vezes exploram livros juntos. Também brincam com disfarces ou com os brinquedos. 

Se quisermos assegurar-nos de que tudo corre bem, podemos preparar  umas brincadeiras com antecedência. Quando veem tudo montado e preparadinho para brincar, ficam logo mais interessados. Mas, sinceramente, acho que os pais não têm que estar sempre a providenciar o entretenimento dos filhos. Eles, melhor que ninguém, sabem faze-lo.

O melhor mesmo é manter uma rotina bem definida, pelo menos para os dias de semana. Assim, eles já sabem o que vai acontecer e o que não vai acontecer. Levamos com umas reclamações nos primeiros tempos e depois cria-se o hábito.

Por aí, como fazem com os ecrãs?

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