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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Seg | 28.02.22

Os livros que fizeram a minha filha de 7 anos começar a ler desenfreadamente

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Quando a Lara nasceu, tinha muitas expetativas. Não sabia nada. Ainda sei pouco.
Primeiro esperei que se mexesse, que sorrisse, que pegasse em alguma coisa com as mãos.
Estava ansiosa para que brincasse e muito ansiosa para que falasse e começasse a conversar comigo (hoje em dia não é muito conversadora, gosta mais de criar coisas).

Esperei que adorasse a irmã, depois o irmão e brincasse muito com eles, tanto quanto eu desejei fazer com um irmão  ou irmã que nunca tive. 

Sou muito sortuda, porque as minhas expetativas e esperanças com todos os meus filhos têm-se realizado sempre, mais cedo ou mais tarde, com uma ou outra variação menos esperada.

E, depois, esperei muito que a Lara aprendesse a ler. Esperei que ela gostasse de ler e se viciasse em livros. Era uma espécie de esperança injusta, daquelas em que queremos ver os filhos a seguir os nossos gostos pessoais.

Há umas semanas, sem grande convicção, trouxe "O Diário de um Banana" para casa. Comecei a ler com a Lara, tentando convence-la a ganhar interesse pelo livro. Ela nunca tinha lido nada sozinha e eu achei que estava na altura de começar. Afinal, já tem 7 anos e está no segundo ano da escola.

Um dia depois, comecei a vê-la a ler o livro sozinha, no sofá da sala. Não quis criar grandes expetativas e não liguei muito. 

Depois comecei a vê-la a pegar no livro muitas vezes, sempre que podia. Começou a levá-lo para a cozinha e para a casa de banho (fazendo-me lembrar alguém).

Começou a ler antes de dormir e, na loucura, a acordar mais cedo para ler.

Em cinco dias acabou o primeiro livro e já está a ler o segundo da coleção.

A minha alma está parva... e radiante! 

Por isso, apesar do nome menos elegante, sugiro esta coleção de livros para as crianças começarem a ler.

O livro tem tudo para agradar aos miúdos (e aos pais também). O personagem vive situações comuns a todas as crianças e o facto de ser o irmão do meio, proporciona ainda mais situações com que muitos miúdos, com irmãos mais novos ou mais velhos, se podem identificar facilmente.

É um livro com um design apelativo, que lembra o traço de banda desenhada, e recheado de humor. Confesso que dou por mim a ler por cima do ombro da Lara e a rir-me imenso com as reflexões presentes no livro.

Nota: Se clicarem na imagem abaixo ou no link presente no nome do livro, entrarão na Wook onde encontram o livro à venda. As vendas obtidas através de links deste blogue revertem numa pequena comissão que posso usar na compra de livros na Wook. É uma forma de ajudar este blogue, que muito agradeço. 

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Qui | 24.02.22

Um pensamento inconsequente sobre a atualidade

Quando era pequena, à semelhança da maior parte das crianças, acreditava que os adultos sabiam tudo, controlavam tudo e resolviam tudo. Acreditava, sobretudo, que quando eu fosse adulta, seria uma espécie de ser superior, todo poderoso e todo sapiente, incapaz de sentir medo e capaz de fazer tudo o que quisesse com toda a eficácia.

Claro que não tive em conta desafios externos, a necessidade de gerir a minha vontade tendo em consideração também a vontade dos outros, a dificuldade extrema em gerir as minhas próprias emoções e as sempre relevantes hormonas que mexem com a cabeça das mulheres de uma forma inenarrável.

Acreditava, sobretudo, que o ser humano era bom e razoável e poucas eram as exceções. À medida que fui crescendo fui caindo na realidade.

Hoje, com 40 anos e mãe de três crianças, que competem comigo em níveis de razoabilidade, não há dia em que não me choque com as atitudes pouco razoáveis dos adultos, comigo incluída.

Hoje sinto, de uma forma especialmente intensa que, no que respeita à razoabilidade e aos valores humanistas, vivemos equilibrados num frágil fio composto por uma mistura de medo, vontade de poder e valores estranhos. 

Vivemos no caos. Na essência regemo-nos pelo caos. A ordem que parece reger a humanidade parece ser apenas uma ficção mal encenada que nos faz sentir uma segurança ilusória. 

As guerras não são crimes contra a humanidade?
Não é suposto vivermos num mundo civilizado?
Como se punem os culpados pelos crimes de guerra? Com mais violência? Contra quem?
Porque é que estamos sempre tão dispostos a diminuir o próximo?
Como é que se acaba com isto?

Perante o que se está a passar no mundo, a única coisa que me ocorre fazer é esmifrar-me ao máximo para educar os meus filhos para sentirem empatia pelo próximo e para encontrarem a felicidade em coisas que não sejam o poder sobre outros, o querer ter mais que os outros e a intolerância para com todos os que não partilhem as mesmas ideias e opiniões que eles. 

A única coisa que podemos fazer, parece-me, é tentar que os nossos filhos causem o minimo de dano ao mundo. Porque, sinceramente, os homens de hoje, parecem-me estranhos. 


Qui | 24.02.22

As minhas preferências numa série de tópicos mais ou menos banais

O que preferes?

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Ora vamos lá a uma destas publicações lúdicas que tanto serve para nada, como para vocês me conhecerem um bocadinho mais, como para eu me divertir a escrever estas coisas neutras e que não mudam a vida de ninguém. Isto também não pode ser só trabalhar, lavar roupa e fazer coisas potencialmente interessantes e úteis, não é?

Vamos a isso.

Viver num lugar super movimentado 24 horas por dia ou um lugar sempre calmo onde ninguém passa?
De caras, viver num lugar super movimentado. Adoro viver na cidade, no meio da confusão e de gente. 

Nunca mais poder acessar a Internet ou só poder falar com as pessoas pelo computador?
Nunca mais ter Internet, sem dúvida. Às vezes penso em livrar-me dela, assim só para ter uns momentos de paz de espírito e não levar com informações da treta.

Ser reconhecida mundialmente por uma descoberta científica inovadora ou por sua beleza?
Pela minha beleza, claro. Estou a brincar. Se calhar por ter escrito um  filme fantástico ou... vá pela descoberta científica.

Ser pobre e inteligente ou rica mas burra?
Bom... eu não queria mesmo nada era ser pobre e burra. Mas deve ser mais fácil ficar rico do que inteligente, não é?! 

Ser respeitada por todos que te conhecem ou amado por todos?
Sinceramente, basta-me ser amada e respeitada pelos que amo e respeito. Não sou assim muito dada às massas.

Estar sempre atrasada ou sempre adiantada?
Gostava muito da segunda, já que a minha realidade é a primeira.

Comer ou beber sempre de graça?
Esta é muito tentadora. Para não me desgraçar teria que ser a primeira.

Encontrar seu melhor amigo no mundo ou o amor da sua vida?
Acho que consigo dois em um. 

Seg | 21.02.22

5 dicas para organizar a roupa das crianças, poupando tempo e dinheiro

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Com três miúdos pequenos que dividem o mesmo roupeiro (que não é grande) é necessário uma dose extra de organização.

Claro que grande parte do meu tempo fora do trabalho é passado a tratar da roupa, mas posso dizer que o trabalho fica muito facilitado com algumas práticas simples que tenho adotado.

Sem mais delongas, vamos a isso:

1- Comprar sempre calças e partes de baixo de cores neutras. Por aqui, compro sempre ganga ou azul escuro e posso conjugar estas cores com qualquer cor de camisola.

2- Comprar roupa sempre no início dos saldos, onde ainda é possível encontrar mais variedade de roupa. Já cometi o erro de comprar roupa no fim dos saldos, onde as promoções são melhores, mas a escolha é menor, e acabar por comprar cores estranhas ou roupa menos bonita. Não compensa. É preferível poupar um pouco menos, mas comprar roupa bonita e de que as crianças gostem.

3- Comprar sandálias ou roupa formal em saldos. A não ser que calhe precisarem destes produtos em época de saldos, é arriscado comprar. Já me aconteceu as sandálias compradas não servirem no verão e as miúdas não as chegarem a usar. O mesmo em relação a roupa mais formal que não chega a ser usada. Cá por casa, e desde a pandemia, deixei de comprar roupa formal. Simplesmente não tivemos ocasião para usar. Os miúdos praticamente só têm ténis e roupa prática para o dia-a.dia.

4- Ter apenas a roupa necessária no roupeiro. Cá em casa vamos alternando as estações e só temos no roupeiro a roupa adequada à estação atual. Fazemo-lo por causa do espaço e também porque torna-se mais prático visualizar apenas aquilo de que necessitamos. Na hora de escolher a roupa para a escola é tudo muito mais simples.

5- Pendurar o máximo de roupa possível. Não sei se toda a gente gosta de o fazer desta forma, mas aqui em casa resulta bem. As únicas peças que não penduramos são os pijamas e as calças. De resto, t-shirts e todo o tipo de camisolas estão penduradas. Para mim, é mais fácil ver o que tenho disponível.

São estas as minhas dicas para organizar a roupa dos miúdos. Por aí, têm alguma dica para acrescentar a estas? 

Sex | 18.02.22

52 semanas de 2022 #8

Amizades do coração

Desafio de escrita criativa  "52 semanas de 2022"

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Em geral, não sou uma pessoa de muitos talentos.

Tenho, todavia, orgulho num discreto talento que acredito ter: capacidade para selecionar bem as pessoas com quem passo tempo.

Tenho a certeza de que existem imensas pessoas boas e interessantes no mundo, mas os meus amigos são, com certeza, algumas dessas pessoas.

Não são tão numerosos que encham um estádio, mas a qualidade é muita.

Os meus amigos são humanistas, são inteligentes, são criativos, genuínos, divertidos, corajosos, dizem as melhores piadas, mostram-me coisas que eu não conhecia ainda, ouvem-me com paciência infinita e têm a amabilidade de partilhar o seu tempo comigo. Os meus amigos são bonitos por dentro e por fora e, digo-o sem falsa modéstia, são mesmo pessoas excecionais.

Sabem aquelas pessoas que temos orgulho em dizer que conhecemos? São assim os meus amigos.

Qua | 16.02.22

As saudades que eu já tinha destas coisas


De modo que chegou o "Dia das Amigas" e os miúdos mais novos comemoraram, na escola, com um relógio criativo.

Ahhhh a delícia de fazer trabalhos manuais destes (só que não).

Bom! Acho que envergonhados não ficaram. Talvez o Eduardo tenha feito sucesso com o dele, todo brilhante, junto das amigas. 

Eu, que não tenho jeitinho nenhum para estas coisas, faço um verdadeiro esforço, para produzir, junto com os meus filhos, alguma coisa que não os envergonhe e não deixe muito a claro que fazem parte de uma família numerosa onde os pais não são propriamente uns artistas plásticos talentosos.
O que vos posso dizer? Até sinto que correu bem. 

 

Seg | 14.02.22

52 semanas de 2022 #7

A Felicidade

Desafio de escrita criativa  "52 semanas de 2022"

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Felicidade é acordar de manhã com cinco pessoas, apertadas, a dormir numa cama de duas pessoas.

Ou sentar-me no sofá, para ler um livro descansada, e em menos de dois segundos, ter os meus três filhos em cima de mim.

E o barulho de gritos e corridas pela casa aos fins de semana de manhã.


Sab | 12.02.22

Sobre um rapaz, sobre bullying e sobre todos nós


A minha filha de 7 anos contou-me que um dia, umas meninas na escola gozaram com os sapatos dela, porque estavam velhos e gastos.

Ontem, contou-me que, enquanto varria do chão da escola algo que tinha sujado, um menino passou e riu-se dela enquanto a chamava de varredora (isto é mesmo um insulto?!!!)

Um dia, no aniversário de um amiguinho, a Lara, que na altura tinha 5 anos, estava a rir-se de outra menina, porque era mais gordinha.

Foram excelentes oportunidades de ensinar à minha filha alguma coisa sobre o respeito e a tolerância em relação aos outros.

Nos primeiros dois casos eu disse-lhe que não devia dar ouvidos a conversas idiotas e que, ter sapatos velhos (no caso particular dela) era sinónimo de uma infância feliz e um estilo de vida sustentável e minimalista, e varrer o chão era sinónimo de dignidade, responsabilidade e consciência. Disse-lhe, também, que talvez os meninos que gozaram com ela não tenham pais muito disponíveis para lhes explicarem as coisas ou que deviam estar muito tristes, porque pessoas felizes não chateiam ninguém (não me julguem, não sou perfeita!).

No terceiro caso, expliquei-lhe porque é que ela não quer estar na parte dos "idiotas" (desculpem-me novamente a falta de tato, não sou mesmo nada perfeita). Expliquei-lhe, como o faço muitas vezes quando chateia os irmãos, que a nossa tristeza não nos dá direito a causar sofrimento aos outros.

Na minha infância, passei muitos intervalos escondida na casa de banho, com medo dos outros meninos. Durante muito tempo, sentia-me aterrorizada sempre que caminhava pela escola. Sentia-me um alvo. Nunca me espancaram, mas levei alguns estalos e fui gozada muitas vezes: pela minha roupa, pelo meu jeito assustado, por ser mais pequenina, mais magra, por vestir rosa com vermelho, mas sobretudo porque era permitido que isso acontecesse. Professores e auxiliares nada faziam. Se alguma vez fui defendida por alguém, foi por outros miúdos, mais velhos, quando assistiam a algo.

O que vos posso dizer é que não sentia grande afeto pelas pessoas. Em geral. E tinha apenas 10 anos.

Na altura não existia Net, não existiam Redes Sociais, não existia tanta informação perturbadora disponível. Existiam livros na biblioteca e eles salvaram a minha sanidade mental. Tive sorte.

Por isso e não desculpando a opção violenta, tentemos não julgar demasiado rápido, como se alguém nascesse bom ou mau e a sociedade nada tivesse a dizer sobre o ambiente que cria para as nossas crianças e  jovens.

Sejamos honestos. Somos demasiado permissivos com idiotices. Somos, ainda hoje, em adultos, em ambiente laboral, nas lojas, nas ruas, no trânsito, nas festas e até nas famílias, demasiado permissivos com todo o tipo de abuso emocional provocado sobre os "diferentes", os "mais fracos", os "esquisitos".

Somos absurdamente tolerantes com idiotas que passam a vida a meter-se na vida dos outros, tecendo comentários pessoais, despropositados e ofensivos em público, humilhando gratuitamente alguém a troco de nada e nada tolerantes com coisas que não nos dizem respeito nenhum: como a roupa que cada um veste, os seus hábitos ou as suas opções pessoais.

Tornemos o mundo um local um pouco mais agradável para estar, cuidemos, desde cedo, da saúde mental das nossas crianças, e talvez passe a existir menos ódio nas mentes de pessoas tão jovens.


Ter | 08.02.22

O poder da música

Desafio de escrita : 52 semanas de 2022 #6

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Desafio de escrita criativa  "52 semanas de 2022"

A música tem o poder de comunicar com as pessoas usando um método infalível: as emoções.

A música, mais do que qualquer outra forma de arte toca e revolve as nossas emoções de uma forma que nos faz chorar, dançar freneticamente ou  agir massivamente com convição. A música consola, dá coragem e inicia revoluções.

Podia escrever milhares de páginas sobre as diferentes forma de poder da música, sem chegar a contar metade da história.

Por isso, hoje, vou escolher escrever poucas linhas sobre um dos grandes poderes da música, um que é muito importante para mim.

A música tem o poder de nos fazer sentir menos sós e menos inadequados na nossa pele e na nossa mente.

Quando alguém pega naquilo que sentimos (e que, claramente também sente) e o transforma numa magnífica e agradável forma de arte, o que os outros nos dizem ser feio e desadequado, passa a ser aceitável e até aconchegante. A música dá-nos espaço e conforto para sermos nós próprios. A música cultiva a auto aceitação, o amor próprio e a auto estima.

Algumas das minhas preferidas.

Maluco Beleza
Watching the Wheels
Life on Mars

Seg | 07.02.22

Eduardo #33

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Apesar de já terem comido sopa ao jantar centenas de vezes, os miúdos continuam a queixar-se de quando em vez. E eu, às vezes, queixo-me das suas queixas. Digo que me sentiria muito satisfeita se, em vez de queixumes, recebesse agradecimentos por lhes preparar uma refeição nutritiva (ainda que nem sempre deliciosa).

Um destes dias, estão os miúdos todos sentados à mesa e eu a preparar-me para dar a sopa ao Eduardo, quando ele se volta para mim, faz-me umas festinhas na cara e diz, com um sorriso rasgado:

"Mãe, a comida está muito boa. Gosto muito de sopa. Obrigada mãe."

Parece-me que os rapazes já nascem com uma certa "lábia". 

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