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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qua | 31.03.21

Eduardo #19

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A situação é a seguinte:

Estou sentada no sofá com o Eduardo, a chamar-lhe a atenção por ter estado a pular no sofá.

E o que é que ele faz, esta formiga com 2 anos e meio?

Encosta a cabeça para trás, fecha os olhos e começa a ressonar, fingindo que está a dormir.


Sab | 27.03.21

Eduardo #18

Técnica para adormecer um menino de 2 anos, nada interessado na sesta

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Eduardo, 2 anos e 7 meses.

O Eduardo nunca quer dormir a sesta. Temos que o adormecer ao colo. 
Se o Milton o consegue adormecer sentado, eu só consigo com ele  ao colo, em pé, a andar de um lado para o outro. É como fazer pesos no ginásio durante uns 15 minutos, com sorte.

Estava eu com o Eduardo ao colo, ele a espernear por todo o lado, a dizer que não queria dormir e a dificultar-me muito a tarefa.

Começo rapidamente a pensar numa técnica para domar aquele ursinho, que já tem a força suficiente para eu não o conseguir agarrar ao colo se ele não quiser.

Digo-lhe: "Eduardo, depois de dormires a sesta dou-te bolo."

Resultado: Aconchegou-se logo no meu colo e fechou os olhos. Em 10 minutos estava a dormir profundamente.




Qua | 24.03.21

Confinamento round #3

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As escolas fecharam outra vez. É a terceira vez desde o inicio da pandemia.
Agora, em princípio, será por 3 semanas.

Estou a encarar isto com um otimismo desconcertante.

Explico porquê: 

1- No primeiro confinamento era tudo muito novo e assustador. Não fazíamos ideia nenhuma de como iria ser e temíamos que fosse um caos. Foi um caos. Mas nós aguentámos heroicamente. Da minha parte não foi muito heroicamente porque coloquei assistência à família e estive mais dedicada aos miúdos, enquanto o Milton trabalhava fora de casa a tempo inteiro.

2- Como o primeiro confinamento correu melhor do que esperava, fui cheia de mania para o segundo, achando que era "canja". Não foi. Desta vez estava em teletrabalho, com os 3 em casa e o Milton a trabalhar fora.
Foi infernal.
No trabalho, havia muita flexibilidade, tenho sorte. Mas eu sentia que tinha que produzir, sentia a obrigação (completamente auto imposta) de produzir sempre que possível e isso não deu nada certo.
Eventualmente, não estava a 100% nem a trabalhar, nem com os miúdos, e a culpa caía em cima de mim com toda a pujança, principalmente em relação aos miúdos. Eles ficavam a ver televisão ou a comer bolachas para eu ter as reuniões e acabava por estar sempre a correr de um lado para o outro, sem lhes dar a atenção devida e sem estar a sentir grande realização com o trabalho. E a Lara, desta vez, já estava com aulas do 1º ano, o que não acontecia na primeira vez. Foi  a pior fase de todas. 

3- Agora estou convencidíssima de que possuo todo o conhecimento e experiência necessários para fazer com que isto corra da melhor maneira possível. Eu e o Milton decidimos que vamos dividir isto entre os dois. Por mais importante que seja o trabalho dele, concordamos que a minha sanidade mental também tem alguma relevância para o bem estar de todos. Assim, um de nós trabalha inteiramente de manhã ou de tarde, enquanto o outro se dedica inteiramente às crianças, trabalhando na outra metade do dia.

Posto isto, partilho convosco o que estou a fazer para tudo dar certo. Já estamos no terceiro dia e até agora estamos felizes e satisfeitos:

- Faço Yoga e medito todas as manhãs. Faço 15 minutos ou 30 minutos, conforme a hora a que acorde. Isto é mesmo essencial para que o resto do dia corra bem.

- Para trabalhar, saio de casa. Vivo num T2 pequeno e, mesmo com auriculares e fechada no quarto, a produtividade é sempre afetada por estarmos todos em casa. Vou trabalhar para a biblioteca e é ótimo.

- Quando estou no trabalho, foco-me inteiramente no trabalho. Quando estou com os miúdos, foco-me inteiramente neles. Se precisar, trabalho mais depois deles irem dormir, mas esforço-me para não ter que o fazer. O descanso também é importante. Felizmente, no trabalho tenho metas semanais e consigo organizar-me bem assim.

- Faço listas de atividades, de livros para ler, de ementas semanais e de tudo e mais alguma coisa, para não ser apanhada desprevenida com as lides domésticas.

- Tento manter a casa sempre arrumada. Isto é essencial para conseguir pensar e existir. cama feita, loiça lavada e chão livre de brinquedos ou outros objetos.

Como estão vocês por aí (vocês dos Açores, já que no continente, felizmente, estão a desconfinar)?

Seg | 22.03.21

Eduardo #17 ou "Apetite Madrugador"

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O meu filho Eduardo tem 2 anos e meio e é um grande comilão. Para nossa alegria, claro.

Se ele pudesse passava o dia a comer: pão, bolachas, bananas e papas de aveia. 

Acorda todos os dias entre as 6 e as 6h30 da manhã e a primeira coisa que diz é: "Quero comer papa de aveia."

É isto todos os dias, sem exceção. Sempre a mesma frase e o mesmo pedido para o pequeno-almoço.

Numa destas noites, acordou às 5h00 da manhã a pedir para comer papas de aveia.

O pai, que o foi buscar à cama, disse que ainda era de noite, que ele precisava dormir e que, de manhã, comeria as suas papas de aveia. Ele começa a chorar e a chamar por mim. Digo-lhe exatamente o mesmo que o pai, sempre com muito carinho.

Vendo que não estava a conseguir levar a sua avante, começa a chorar e a chamar pela senhora que lhe dá comida todos os dias na escola. Fartámo-nos de rir... Na cabeça dele, a senhora (que ele adora) nunca recusaria dar-lhe comida.

Acabámos por o deitar na nossa cama e, com umas festinhas na barriga, adormeceu em menos de nada. Foi a primeira vez que o Eduardo dormiu na nossa cama.  

Qui | 18.03.21

Lara #43

A amorosa

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No dia da mulher, a Lara chegou a casa com um cartão para mim, feito por ela.

Ela estava à espera de fazer algo nas aulas, acho que pensava que era o dia da mãe e, como não fez, aproveitou o tempo na escola depois das aulas, para me fazer um cartão cheio de corações.

E não foi um cartão qualquer. Foi um cartão em 3D, com uma borboleta que saltava  das núvens, quando o abria. 

Fiquei tão feliz com o cartão da Lara que a enchi de beijos e abraços.

Como é que uma criança de 6 anos tem tanta sensibilidade e capacidade de fazer coisas que deixem as pessoas felizes? Estou sempre a aprender com os meus filhos... E isso é das coisas mais bonitas da maternidade, este tanto que eles nos ensinam todos os dias.

Eles formam-nos, como pessoas, tanto como nós a eles, não acham?

Ter | 16.03.21

As surpresas da Lara

 

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Numa manhã de sábado, fui dar umas voltas à baixa da cidade com a Lara. Fui buscar lentes de contacto, fazer umas compras rápidas e comprar um livro para ela. Na livraria, deram-me um bloco com listas de compras muito giro.

A caminho de casa parámos numa esplanada para beber café e um sumo, e para explorarmos as nossas mais recentes aquisições.

Aproveito sempre estes momentos em que estou sozinha com um dos meus filhos para conversar sobre os seus pensamentos e também para lhes contar coisas sobre mim. Desta vez disse à Lara que gostava muito de fazer listas (na verdade é uma espécie de vicio gostoso) e, por isso, estava muito satisfeita com a oferta daquele bloco de listas.

A Lara pareceu achar aquele facto curioso, mas não voltámos a falar sobre isso.

Um ou dois dias depois, quando a Lara veio da escola, disse que tinha uma surpresa para mim e mostrou- me um caderninho de listas, personalizado, que ela tinha feito na escola, depois das aulas.

Opá, fiquei emocionadíssima. Minha rica filha!

Agora vou ter mesmo que usar aquelas listas, mas a minha vontade é emoldurar aquele caderninho tão fofo e especial.

A Lara é mesmo assim... Está sempre a lembrar-se de fazer coisas para as outras pessoas, mas fico sempre muito emocionada quando ela me brinda com algum presente ao qual dedicou tempo e trabalho.

Sinto sempre que não sou totalmente merecedora destas atenções por parte da minha filha.

Mas, depois, afasto do pensamento todas as vezes em que sou chata e ralho com a Lara, exigindo tanto dela, e lembro-me de todas as vezes em a surpreendi com jogos e brinquedos feitos por mim quando estava de baixa de maternidade, para que ela tivesse sempre uma surpresa quando chegasse a casa; das vezes em que compro coisas para os miúdos, mesmo que tenha saído de casa para comprar algo que precisasse mesmo; dos livros novos que encontram todas as semanas vindos da biblioteca; das papas de aveia feitas às 6h00 da manhã para não comerem papas cheias de açúcar; dos bolos adoçados com pasta de tâmaras ou açúcar de côco nos primeiros anos deles e da decisão de colocarmos a educação deles sempre no topo das nossas prioridades, e decido aceitar com toda a alegria e satisfação as prendas carinhosas da minha filha mais crescida.

Tenho mesmo muita sorte. Os miúdos são fantásticos!

E, às vezes, quando me perguntam como me aguento com os 3 tão pequenos, eu penso que eles é que me aguentam, que são eles que me dão boa parte da energia que tenho e são eles, sem dúvida, que me inspiram a tentar ser melhor todos os dias.

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Sex | 12.03.21

Meditação guiada e uma questão para desenvolver em psicoterapia

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Sabem quando fazemos uma meditação guiada e, a determinada altura, somos conduzidos para um lugar seguro, agradável e tranquilo?

Normalmente é um local luminoso, com água por perto, árvores, ervinhas, animais queridos e pessoas amistosas. Às vezes até existem umas pedras envolvidas, umas joias e umas luzes.

É aqui que eu tenho um problema com a meditação guiada. Bom... é aqui que tenho mais um problema com a meditação guiada. O primeiro começa logo no inicio. Não gosto muito de ser guiada. Não gosto que me digam o que fazer em geral e, no que diz respeito à minha mente, o sentimento mantém-se.

Depois temos o local agradável, seguro e repleto de sentimentos interessantes. Eu tenho um lugar assim. Mas não é dia, é de noite. Tem som ambiente e não são passarinhos a cantar. Também tem luzes e cores, mas são luzes néon e purpurinas prateadas.

Digo-vos que é um sítio maravilhoso e que produz em mim instantaneamente uma sensação de acolhimento, aconchego e felicidade.

Se calhar é por isso que não aprecio muito meditações guiadas. Começam a mandar-me para um sítio cheio de árvores e luz e eu começo a sentir logo vontade de fechar os olhos, como quando se sai de um after hours às 10 da manhã de um dia de verão.

Mais alguém que não goste de ser enviado para florestas encantadas (ou mesmo reais)?

Qua | 10.03.21

Um dia típico #1

A maratona matinal

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É de manhã, os miúdos estão na escola e está um lindo dia de sol. Abro as janelas dos quartos para arejar a casa. Ahhhh que ideia genial!

Na minha mente forma-se a bonita imagem de um estendal cheio de roupa a secar.

Neste sentido, agarro no cesto de roupa que deixei a lavar de noite (para poupar eletricidade) e sinto um calor imenso.  Volto a casa para deixar o casaco e, mal ponho os pés fora do apartamento, sinto a porta a fechar-se atrás de mim com estrondo.

Do outro lado da porta, as minhas chaves, no bolso do casaco.

Antes de entrar em pânico, olho à minha volta, e penso no que posso fazer com o que tenho. 

Eis o meu pensamento, passo a passo:

1) Tenho um corpo. Bato com ele contra a porta. Não abre. Decido desistir deste método antes que a coisa vá longe demais.

2) Não tenho telemóvel, por isso não telefono a ninguém. 

3) Posso tentar pedir um telemóvel emprestado a um vizinho ou a um desconhecido e ligar ao Milton para me vir abrir a porta, mas não me apetece chatear ninguém, nem tirar o Milton do trabalho.

4) Penso mais um bocado. Não sei escalar paredes lisas, não sou assim tão boa no salto em altura e vivo num andar relativamente alto, por isso essa também não é uma opção.

5) Penso ainda com mais força (de manhã e em jejum não é fácil). Decido, então, estender a roupa enquanto medito na situação. Assim como assim, há que aproveitar o sol e por a roupa a secar. 

6) Já a estender a roupa, com o sol a iluminar-me as ideias, tomo a decisão mais acertada.

7) Decido fazer uma caminhada em passo rápido até à casa dos meus sogros, que vivem do outro lado da cidade. Sempre faço algum exercício, apanho sol e converso um bocadinho com a minha sogra. 

E assim foi. Enquanto orava para que estivesse alguém em casa, aproveitei muito bem a caminhada, conversando comigo mesma, como faço sempre.

A minha sogra estava em casa, tivemos uma agradável conversa de 5 minutos e ainda cheguei a tempo de apanhar parte da reunião matinal no trabalho.

E não chateei ninguém, que é sempre o melhor de tudo.

De uma situação potencialmente aborrecida uma pessoa fez o que pode para melhorar o dia. O exercício físico e o passeio já ninguém me tira. 

Seg | 08.03.21

Os meus filhos fartam-se de bater uns nos outros

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Os meus filhos fartam-se de brigar.

E isso faz-me muita impressão, a mim, que sempre quis muito ter irmãos e nunca tive.

Quando era apenas a Lara e a Maria, elas brigavam, mas as situações nunca descambavam em muita violência. Eu fui bastante assertiva na primeira vez que a Lara bateu na Maria, tinha a lara uns 3 anos, e, durante muito tempo, a Lara não se atreveu a repetir a proeza.

Depois nasceu o Eduardo, com aquela força bruta e energia inesgotável, e tudo mudou.

Às vezes, tenho o Eduardo agarrado a uma perna, a Maria agarrada a outra perna, e os dois a darem murros um ao outro.

Já me habituei. Já não fico chocada. Às vezes, sem me conseguir controlar, até me dá para rir. Acho que normalizei a situação. Acho que deve ser mesmo assim. Deve fazer parte do crescimento.

Falo com eles. Explico que devem ser sempre amigos, que não se bate em ninguém, muito menos na família e nos amigos.

Depois desvalorizo um pouco.

Olho para eles, em casa, na rua ou quando vão para a escola e penso que não têm importância nenhuma aquelas murraças e pontapés "fraternos" que dão uns aos outros de vez em quando. 

Eles estão sempre juntos. Na escola caminham sempre juntinhos e chegam a deixar-me para trás. 

Quando vamos a um parque, dão as mãos uns aos outros e põem-se a correr e a brincar, juntos e felizes, a viver aquela infância que sempre desejei para mim.

Em casa põem-se todos debaixo da mesa da sala, encostados uns aos outros a explorar os mapas de tesouros que a Lara faz. Ou então vão para a cama dos pais, nas manhãs de fim de semana, "ler" os livros que trago da biblioteca.

E eu sei que está tudo certo.

Eles fartam-se de bater uns aos outros. Isto é o que me dizem as minhas emoções de mãe, que sentem que eles batem uns nos outros 100% das vezes mais do que deviam.

Mas, quando raciocino sobre isso, vejo que não, que eles estão bem e a brincar juntos a maior parte do tempo. Às vezes discutem fisicamente, principalmente os mais pequenos,mas é quase sempre porque se pisam ou dão encontrões em querer, precisamente por estarem sempre juntos, como se quer.

 

Sex | 05.03.21

Eduardo #16

Zangado mas gentil

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Na quarta-feira de manhã,  a Maria estava mais preguiçosa para se levantar e fui acordá-la com uns beijinhos. Entretanto fiquei a conversar um bocadinho com ela na cama.

O Eduardo, que já tinha tomado o pequeno-almoço, veio atrás de mim, e começou a chamar a minha atenção e a falar comigo.

A Maria, claro, ressentiu-se com o desvio da atenção da sua pessoa e começou a barafustar com o Eduardo.

Nisto, o Eduardo começou também a barafustar, da sua forma preferida: batendo com o pé no chão com toda a força.

No meio da sessão de resmungos e batidas com o pé no chão, ele pisou no meu pé com força. 

Ele apercebe-se disso, pára,  pede-me desculpa com muita gentileza e preocupação e, desculpas pedidas, volta a concentrar-se em resmungar e bater com o pé no chão.

Muito educadinho este meu filho, até quando faz birra.

Bater com o pé no chão sim, bater com o pé na mãe já não pode ser. Há que ver as diferenças, mesmo quando se tem dois anos e meio. 

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