A Lara já consegue ler, mas nada que seja muito complexo. Por isso sou eu que leio para ela.
Até há pouco tempo, líamos histórias pequenas, com muitas ilustrações.
Mas, achei que já era tempo de apresentar à Lara livros diferentes, com capítulos e mesmo vários volumes, para que ela possa ganhar interesse por histórias mais complexas.
Assim, quando trouxe da biblioteca um dos livros da coleção "A magia do Arco-Íris, e vi que era um livro de uma coleção de 7 com uma só história, achei que tinha aqui o que precisava.
E, assim, começámos a ler um capitulo (ou mais) todos os dias. A Lara, sempre muito atenta, fica muito curiosa à espera do desenrolar de mais uma aventura de duas amigas, num mundo onde existem fadas e duendes.
A princípio desconfiei muito do tema das fadas. Não é que eu não goste, mas não me pareceu muito do agrado da Lara. Foi o que ela pensou também. Felizmente enganámos-nos as duas.
Ainda ontem, ela me disse o seguinte:
"Quando olhei para a capa dos livros, não gostei nada. Depois, desfolhando-o, continuei a não gostar. Mas, quando começaste a ler a história passei a gostar muito."
Entretanto já trouxe da biblioteca mais 7 livros da coleção para as mini-férias de ano novo.
2020 foi um ano desafiante para muitos de nós. E eu não quero, de forma nenhuma, minimizar tudo o que aconteceu de menos bom para muitas pessoas. Mas 2020 teve muitas coisas boas. Quando olho para trás não consigo deixar de pensar em todas as coisas boas que este ano teve. E sinto verdadeira gratidão por tudo de bom que tive este ano, mesmo as coisas aparentemente mais simples.
Acho que tenho uma natureza otimista que me obriga a esquecer rapidamente as coisas más e a lembrar-me só das boas.
Sabem quando acabamos uma relação amorosa e, por algum motivo, anos mais tarde nos lembramos de como nos costumamos sentir na relação? Eu só me lembro das coisas boas. Claro que vai depender muito das situações, mas acho mesmo que podemos tirar ensinamentos e coisas excelentes de tudo.
Até as pessoas mais aborrecidas que passam pela nossa vida nos ensinam alguma coisa. Tenho uma noção muito clara disso.
Colocada esta (não tão breve) introdução, seguem 20 coisas positivas que encontro em 2020.
Eu e a minha família tivemos boa saúde. Com a história do confinamento, e durante a quarentena, as minhas alergias, que me deixavam a espirrar dias inteiros, nem deram sinal de si. O mesmo em relação aos miúdos: nada das habituais viroses que de quando em vez se apanhavam na escola.
Passei muito tempo com a minha família e isso foi mesmo muito bom. Estarmos enfiados num apartamento pequeno durante tanto tempo, obrigou-nos a ser mais criativos, tolerantes e pacientes.
Aproveitámos a quarentena para desfraldar a Maria de vez. Estávamos com umas questões com o cocó porque ela só fazia na fralda e, com tempo e paciência, conseguimos ultrapassar essa questão sem grandes stresses. Desfraldou de noite, também , e correu muito bem.
Aproximei-me mais de familiares que estão longe e com quem percebi que poderia ter uma relação muito mais próxima. E o melhor é que aconteceu tudo muito naturalmente. Simplesmente, percebi o que as pessoas significam para mim.
Apesar da pandemia, e mantendo ao máximo do que conseguia os cuidados necessários, foi possível estar com amigos muito queridos e perceber que gosto mesmo muito de um ajuntamento, de conversar e estar com pessoas. Cada momento passado com amigos é, para mim, muito valioso.
Retomei o Yoga com força e há muitos meses que faz parte da minha rotina diária. Noto diferenças em relação a outras fases porque, agora, é algo sem o qual não quero mesmo passar. Mas ainda tenho muito que caminhar.
Fiz um retiro de Yoga online. Cumpri tudo o melhor que pude e foi muito bom.
Retomei hábitos de leitura. Nada que se pareça com o que lia antes mas, mesmo assim, estou muito satisfeita com o que tenho lido.
Há muito tempo que não me sentia tão entusiasmada com o meu trabalho. Não se trata tanto de passar a fazer coisas de que gosto, mas de passar a gostar mais das coisas que surgem. Tenho sido feliz assim.
Continuo a adorar viver num apartamento pequeno. Pode parecer louco, mas é verdade. Adoro que estejamos sempre todos juntos, gosto de saber onde estão todos e da liberdade de poder fazer as limpezas rapidamente. Acho que é isso que me tem impedido de mudar de casa.
Agora em relação ao mundo: creio que após os primeiros tempos marcados pela caça ao papel higiénico, as pessoas caíram em si e se revelaram em toda a sua humanidade, ajudando-se umas às outras e cuidado do próximo.
O ambiente parece ter ficado mais limpo com a paragem das pessoas em todo o mundo. Isso não deixa de ser algo muito positivo.
Sei que isto já não é novidade nenhuma, mas nunca deixo de me emocionar ao ver vídeos como este. Nesta altura Roma estava mesmo numa situação difícil e, ver alguém tocar saxofone à janela, em Roma, deu-me mesmo muita esperança na humanidade. Sei lá, estas coisas deixam-me mesmo emocionada e a chorar baba e ranho.
Parece-me que as pessoas começaram a dar importância ao que realmente importa. Se calhar é impressão minha ou tenho uma visão das coisas muito seletiva, mas já não vejo as pessoas a correrem tanto atrás do material. Parece-me que se interessam cada vez mais por experiências e menos por coisas.
Na cidade onde vivo passaram a existir entregas em casa. Sei que isso já acontece há anos em outras cidades, mas em Ponta Delgada não. Isso trouxe uma qualidade de vida imensa a muita pessoas. A mim trouxe, certamente.
O Trump foi andando. Noticia boa.
As pessoas tornaram-se mais conscientes. O uso de máscaras, a desinfeção das mãos e algum distanciamento social podem ser hábitos muito úteis no futuro, na prevenção de doenças em geral.
As pessoas tornaram-se mais solidárias. Pelo menos tenho visto mais ações de solidariedade do que nunca e uma grande adesão a elas.
Menos consumismo. Aprendemos que podemos consumir menos e sobreviver muito bem. Quanto a mim, mal ponho os pés no centro Comercial. Mas ajudo a economia local consumindo produtos locais sempre que possível e investindo mais em restauração e alojamento local.
Criamos resiliência e união. Os melhores cientistas do mundo trabalharam juntos par um único objetivo. Isso é bonito.
A Maria tem uma voz maravilhosa e é muito afinada. O pai diz que tem um bom ouvido.
Comecei a notar isso no ano passado, ao ouvi-la cantar, muito afinadinha, as músicas de Natal que aprende na escola.
É de tal forma que fico super emocionada e de lágrima no olho quando a Maria canta. Até podia dizer que é por ser minha filha que a oiço assim, mas tenho mais dois filhos e nenhum deles me parece cantar especialmente bem.
Tentámos que fosse para o coro da escola, mas como não conhecia ninguém que lá andasse, começou a chorar no primeiro dia. Não insistimos. Vamos tentar uma abordagem diferente, talvez uma escola de música onda possa aprender, também, a tocar um instrumento. Só não sei se 4 anos é uma idade adequada para estas coisas.
Alguém com experiência que me possa dar umas dicas?
Os livros abrem-nos a mente para possibilidades infinitas. Um livro nunca nos deixa sentir sozinhos. Os livros dão-nos conhecimento, sabedoria, fazem-nos sonhar, fazem-nos vestir a pele de 1000 personagens diferentes e, sobretudo, podem mudar a nossa vida.
Ler é das melhores coisas que podemos fazer e um dos melhores hábitos que podemos passar aos nossos filhos.
Cá em casa temos sempre muito livros. Temos livros diferentes todas as semanas.
Apercebi-me, este ano, que nossos, temos poucos livros. Isso deve-se muito à falta de espaço mas, mesmo assim, peço sempre livros para os miúdos no Natal.
À parte dos livros que temos, mesmo nossos, temos sempre a sala cheia de livros. Livros da biblioteca e livros de amigos que nos emprestam. Que sorte maravilhosa que temos!
Todos os dias leio para os miúdos. Às vezes vários livros, às vezes um. Eles também os desfolham sozinhos: o Eduardo a ver as imagens, a Maria a inventar as Histórias e a Lara a experimentar as primeiras leituras sozinha. E é incrível ver os meus filhos, sentados no chão da sala, agarrados a livros.
Ofereçam aos vossos filhos a experiência de ler. Se o fizerem estão a dar-lhes muito mais do que imaginam.
Partilho convosco alguns do que andamos a ler. Livros divertidos, bonitos, bons de ler pelos pais pelas crianças.
Se quiserem, posso fazer sugestões de livros giros por idade.
Eu gostaria de colocar neste texto a tag "educação" mas, em abono da verdade, não posso. Acho mesmo que isto, em particular, não está relacionado com educação.
A Lara sempre foi uma menina muito sensível e sempre procurou fazer algum tipo de agrado às outras pessoas, mesmo que tivesse vergonha de o fazer. Às vezes faz presentes para alguém e pede-me que seja eu a entregar. Tento contrariar um pouco essa "reserva", mas aceito e respeito. Eu sou igual (na reserva e não tanto na sensibilidade).
Um destes dias estava a fazer umas pulseiras para a Maria oferecer a uma colega que fazia anos. Era suposto a Maria fazê-las comigo, mas ela não se interessou e eu não obriguei. A Lara, lembrando-se de uma amiga que fazia anos no fim de semana, quis fazer uma pulseira para ela.
Começou por fazer uma pulseira usando contas vermelhas, a cor preferida da amiga.
As contas vermelhas, de madeira, não eram muito do seu agrado e depressa optou por sacrificar a cor em detrimento do material. Fez, então, uma pulseira com contas brilhantes, azuis, com um grande coração transparente no centro. Ficou, de facto, muito gira.
Antes de terminar, a Lara estava muito preocupada com o tamanho da pulseira, ela queria mesmo que saísse tudo bem e que a pulseira ficasse o mais perfeita possível.
De acordo com as descrições que a Lara me ia fazendo da menina, eu ia dizendo-lhe para acrescentar mais umas duas ou três contas, ia experimentando a pulseira no seu pulso e ela ia tirando e colocando contas de acordo com as minhas indicações.
A determinada altura achámos que estava bem e eu dei os nós no fio elástico que a Lara usou. Foi a única coisa que fiz na pulseira. A Lara fez tudo o resto sozinha.
Depois colocámos a pulseira numa caixinha de papel e a Lara pediu-me que escrevesse um bilhete para a amiga, ditando-me as palavras que queria dizer. Assinou por baixo.
Enrolámos o bilhete num canudo e prendemo-lo ao presente com uma fita prateada.
Ficou mesmo mimoso e a Lara estava muito feliz por ir dar um presente à amiga.
No dia seguinte perguntei-lhe se a amiga tinha gostado. A Lara disse que sim. Que a amiga tinha pedido à professora para ler o bilhete e que tinha gostado muito. Disse-me, ainda, que a amiga lhe tinha perguntado se era uma pulseira da amizade e a Lara tinha dito que sim. Tão fofa.
Fico mesmo orgulhosa da Lara, por a ver a fazer algo para deixar as outras pessoas felizes. Pergunto-me onde ela vai buscar isso. Gostava mesmo de dizer que é a nós, pais, mas não tenho a certeza.
Hoje à noite, a Lara pediu-me para ficar um bocadinho ao pé dela na cama.
Os irmãos já dormiam e ficámos a conversar um bocadinho, baixinho.
A determinada altura, aproveitei para lhe pedir desculpa pelas vezes que gritei com ela e me enervei. Disse-lhe que às vezes tenho que lhe chamar a atenção, mas que gritar é sempre algo a evitar. Disse-lhe, também, que quando grito com ela a culpa é sempre minha e não dela.
Diz-me ela:
"Sabes, acho que gritas muito porque tens a língua muito comprida. Tens a língua mais comprida aqui de casa."
Depois de uns segundo de reflexão, a Lara continua:
Todos gostamos de oferecer presentes inesquecíveis, mas nem sempre temos imaginação para conceber um presente original, bonito e com significado verdadeiramente especial para quem o vai receber.
Às vezes é realmente difícil saber o que oferecer aos avós e lá vão as muito apreciadas, mas nada originais, fotos em todos os formatos possíveis: em canecas, em molduras, em álbuns, em livros, em aventais, em puzzles e em carteiras.
Este ano vou dar-vos a melhor dica de sempre para presentear os avós neste Natal: um livro para preencher com a história única do avô ou da avó a quem será oferecido.
Imaginem um livro, em forma de álbum de memórias, que desfia as vivências, as memórias, as emoções e a forma de ser única daquele ou daquela que é um dos responsáveis pela vossa vida e dos vossos filhos?
Não imaginem mais, esse livro existe e é o presente de Natal perfeito para quem o recebe e também para quem o oferece, pois permite conhecer mais profundamente os nossos pais e avós.
Mal comecei a preencher o que vou oferecer este ano e já ouvi histórias maravilhosas das quais nunca tinha ouvido falar. Isto porque, uma das características deste livro, é colocar as questões certas, aquelas que vão resgatar acontecimentos especiais e bonitos que poderiam nunca vir a ser abordados no vai vem do dia-a-dia.
Este livro vai sendo composto por um conjunto de histórias que vão acabar por se transformar numa magnífica narrativa sobre a família.
Se há presente com significado para as famílias, é este.