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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Sex | 30.10.20

Curiosidades sobre mim #3

ASMR ou massagens cerebrais

 

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ASMR (Autonomous Sensory Meridian Responseou, "resposta sensorial meridiana autónoma") é uma sensação de relaxamento intenso sentido na parte de trás da cabeça.

Parece que sinto isto desde sempre, mas só recentemente, quando encontrei vídeos no Youtube dedicados a isto, percebi o que era.

Lembro-me perfeitamente da forma como me sentia relaxada ao ouvir o som do giz no quadro, quando uma professora de matemática escrevia os exercícios. Ela tinha uma forma muito suave de escrever, de falar e de se mexer. E isso fazia-me sentir como se estivesse a ser massajada num spa, num ambiente descontraído e perfumado. Era como estar enrolada numa toalha imensamente macia e quente.

Tinha a mesma sensação a ser penteada, a ver alguém pentear outra pessoa, a ver e ouvir alguém mexer o chá devagarinho, a ouvir alguém a folhear uma revista e até a ver alguém limpar a casa de uma forma muito focada e suave.

Ainda hoje fecho os olhos no dentista, na cabeleireira e até quando estou a lavar os dentes. Consigo aproveitar qualquer altura para sentir massagens cerebrais.

A determinada altura comecei a ver vídeos de massagens para adormecer. Era algo que me relaxava mesmo muito.

Até que, há alguns meses, nem sei bem como, descobri os vídeos de ASMR. Que descoberta! Que caixinha cheia de tesouros!

Deixo-vos aqui alguns dos meus favoritos:

Madame Butterfly, em português e com uma caracterização fantástica.

Sweet Carol, das minhas preferidas.

 WhispersRed, dos primeiros canais de ASMR que vi.


Se gostam disto como eu, explorem. Existe um mundo infinito de coisas boas à vossa espera!  

Qua | 28.10.20

Covid-19 - Mudei de opinião sobre este assunto

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Quando tudo começou, ainda na China, começaram a soar alarmes na minha cabeça. Sou hipocondríaca e penso nas questões de saúde de uma forma exagerada.

Quando o Covid-19 chegou à Europa, deixei de cumprimentar pessoas e de ir a convívios com muitas pessoas. Adiei viagens muito antes de tudo parar. Agi pelo medo e creio que isso era compreensível.

Passei a desinfetar comida e a afastar-me das pessoas na rua. Aplaudi o confinamento e encarei-o como um sacrifício de poucos meses a ser feito em prol de um bem maior. Afinal, lidávamos com o desconhecido e, na dúvida, prefiro pecar por excesso de zelo.

Passei 2 meses fechada num apartamento pequeno com a minha família. Não saíamos nem para o jardim em frente de casa.

Passou o tempo, voltámos a alguma normalidade. Passámos a conhecer um pouco melhor a situação. Os miúdos voltaram à escola. Voltaram os convívios com grupos pequenos.

Acredito que temos que ter empatia pelos outros e proteger os mais frágeis. Claro que sim. É uma questão de civismo, de humanidade.

Mas, pessoas, não podemos viver dominados pelo medo!

Que mundo queremos para os nossos filhos?

- Um mundo onde as crianças são repreendidas por abraçar os amigos ou partilhar um brinquedo?

- Um mundo onde temos medo uns dos outros e nos insultamos por pensarmos de forma diferente?

- Um mundo onde para proteger a vida física arruinamos a sanidade mental das nossas crianças?

E os idosos? Quererão viver em completa solidão para terem mais uns anos de vida?

Tenho mais questões que respostas na minha cabeça.

Eu uso máscara, convivo sempre com o mesmo grupo de pessoas, evito locais com muita gente e faço tudo o que posso para proteger as pessoas mais frágeis. 

Mas não me afasto de uma criança que vem brincar com os meus filhos na praia, não grito se uma senhora se encosta a mim, sem querer, no supermercado nem exijo que mantenham os meus filhos afastados dos outros meninos na escola.

Sejamos razoáveis, por favor. Não percamos a nossa humanidade. Podemos ter opiniões diferentes e defende-las com dignidade e empatia.

Eu não preciso de viver num mundo onde todos pensam como eu. Mas gostaria de viver num mundo onde as pessoas estão abertas para o diálogo e para discutir pontos de vista diferentes.

Os extremismos incomodam-me cada vez mais. É evidente que não podemos comportar-nos como se tudo estivesse como antes. Mas também não é razoável isolarmo-nos indefinidamente, à espera que isto nos passe ao lado.

Há que arranjar uma forma segura e tolerante de viver com a realidade que temos. E que desta realidade possa fazer parte o respeito pelo próximo e por uma opinião diferente da nossa.

Sab | 24.10.20

Eduardo #8

O entusiasta

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O Eduardo, com 2 aninhos acabados de fazer, está naquela fase fantástica em que se mostra eufórico a toda a hora.

- Sempre que fica algum tempo sem me ver, ou ao pai, ou às irmãs, dá gritos de alegria quando nos volta a ver.

- Quando encontramos amigos e familiares, corre para o colo deles e para os abraçar;

- Dá gritos de alegria quando vê comida, quando lhe dou comida ou quando falamos em comida;

- Se estiver para aí voltado, agarra-me na cara e dá-me muitos beijos repenicados (à semelhança do que faço com ele em todas as oportunidades que encontro);

- Continua a vibrar com as músicas do tio Gel, fartando-se de dançar e pular em frente à televisão;

- Sempre que o levo para a escola, vai a correr para a sala, chegando sempre primeiro que eu;

- Quando o vou buscar, quase salta para o meu colo quando me vê, mas depois contorna-me sempre para ir buscar a sua mochila e a sua lancheira primeiro;

- Sempre que vê um amiguinho, grita imenso pelo nome dele, a tentar chamar a sua atenção;

- Fala com o avô com regularidade, por vídeo chamada, e farta-se de falar e tagarelar com ele, mesmo que passe o tempo a dizer olá e a rir-se. É uma alegria de ver.

Este rapaz é o mais entusiasmado da casa, tudo o que faz é com alegria e aos saltos.  

Qua | 21.10.20

Lara #40

Quem vê caras...

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A Lara foi passear com o pai.

Quando regressam, pergunto à Lara, depois de falar um bocadinho com ela: "Então e o pai, divertiu-se?"

Responde ela: "Divertiu."

"Como é que sabes?", pergunto.

"Ele estava com boa cara."

Dom | 18.10.20

Lara #39

A coordenadora

IMG-8300 (1).jpgNo sábado estivemos a fazer limpezas cá em casa. 

Antes das limpezas expliquei à Lara que se conseguíssemos limpar tudo antes do fim da tarde, podíamos ir passear. Mas, para que tudo corresse bem era necessário que ela e os irmãos colaborassem.

Expliquei-lhe que, por ser a mais crescida, teria uma grande influência no sucesso do nosso plano, pois os irmãos haviam de a querer seguir e imitar.

Pedi-lhe que arrumasse os brinquedos do quarto e da sala com os irmãos, e fui despachando outras coisas.

De vez em quando ia espreitando os miúdos e via que, para além de calmos pareciam todos atarefados com qualquer coisa, mesmo o Eduardo que tem 2 anos. A Lara, muito pacientemente, ia explicando ao Eduardo e à Maria como se faziam as coisas e o que eles deviam fazer. Eles, todos contentes, iam fazendo tudo o que ela pedia, como se fosse um jogo.

Passado um tempo a Lara disse-me que a sala estava toda arrumada e que iam passar para o quarto.

Ao fim de mais um tempo, estava tudo arrumado e a Lara vem ter comigo, muito satisfeita consigo própria.

Diz-me ela: "Mãe está tudo arrumado e eu não fiz nada."

Então explico-lhe o que significa coordenar e a importância do que ela fez para que tudo corresse bem. Na verdade, ela passou o tempo todo à volta dos irmãos a ensiná-los a arrumar e a encorajá-los a fazer as coisas bem feitas. E sempre animada e a animar os outros. 

Sex | 16.10.20

Maria #46

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Depois da Maria ter passado o dia com os avós, estamos a ter as habituais conversas sobre se se divertiu, o que fez, o que comeu, etc.

"Então Maria, o que comeste na casa da avó?"

"Pães leitosos." responde a Maria.

"O que são pães leitosos?", pergunto.

Responde a Maria, de sobrolho franzido: 

"Então não sabes o que são pães leitosos? São pães de vaca."

Qua | 14.10.20

Maria #45

Os idosos

Recentemente, a professora da Maria falou sobre os idosos na sala de aula. 

Vestiu-se de velhinha e deve ter interpretado o seu papel com tanto talento que a Maria ficou bastante impressionada.

Desde então faz-me muitas perguntas sobre os idosos. Quem são os idosos, quais as suas características, se eu conheço idosos, e por aí fora.

No outro dia, estávamos a vir da escola a pé, quando uma senhora de bengala e cabelo branco (por acaso, idosa) saiu de um autocarro e ficou a cerca de um metro de nós.

Diz a Maria, de forma bem audível:

- Mãe olha uma velhinha!!!!! Esta senhora é uma idosa não é?!

E, eu, a sorrir para a senhora, toda envergonhada, a dizer à Maria. "Então, é uma senhora. É uma senhora Maria, uma senhora."

Fiquei sem reação. Ainda hoje não sei o que lhe devia ter dito. 

Seg | 12.10.20

Este livro, que me atingiu como uma rajada de humanidade, devia ser de leitura obrigatória

"Dentro do Segredo", de José Luis Peixoto

IMG_8357.jpegAgora que o li, penso que demorei demasiado tempo a fazê-lo. Ou talvez não, talvez o tenha lido exatamente na altura certa, para o poder compreender melhor e para melhor o poder encaixar na minha perspetiva, tão pessoal, daquilo que é o mundo e daquilo que é a humanidade.

Sempre gostei de livros que relatam viagens. Gostei especialmente do "Sete anos no Tibete", por retratar uma sociedade e uma forma de estar e pensar tão diferentes da minha. De facto, quanto maior é a distância entre a realidade retratada e a minha, maior o meu interesse no livro.

"Dentro do Segredo", de José Luís Peixoto, tornou-se o meu livro de viagens preferido por 3 motivos principais:

- Fala de um país e de um povo dos quais pouco ou nada sabia. Quando leio ou vejo um filme sobre algo que não conheço, acabo por passar muito tempo a tentar saber mais sobre o tema, a procurar outras leitura e documentários e, invariavelmente, a cultivar-me.

- Ser escrito por uma pessoa com a sensibilidade e mestria do José Luís Peixoto torna-o num livro único, um livro que nos suga para dentro da história e nos faz sentir, verdadeiramente, dentro da cabeça do autor, o que parece ser um local muito interessante para se estar.

- A leitura deste livro abalou bastante algumas das minhas convicções, principalmente as mais "ditatoriais". O livro colocou-me numa posição em que me senti muito desconfortável com algumas das coisas que afirmei muitas vezes, nomeadamente a defesa da imposição de algumas regras (que considero positiva) à revelaria da vontade das pessoas. Sabem aquela expressão: "Toda a gente deveria ser obrigado a..."? Já não a uso com tanta leveza. A liberdade é um que a maior parte de nós, eu incluída, não valoriza na medida certa, por a ter como garantida.

É um livro comovente, desconcertante e muito humano. É, sobretudo, um livro que me faz entender que, por muito grandes que sejam as diferenças entre as pessoas, são muito maiores as nossas semelhanças. Todos deveríamos ter o direito de escolher a vida que queremos ter.

Por isso, e contrariando levemente o título deste texto, penso que este livro deveria ser de leitura "encorajada", nas escolas e nas famílias. 

Sex | 09.10.20

Eduardo #7

Açúcar e Pimenta

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É um rapazinho muito maroto, enérgico e alegre.

Vem da escola quase todos os dias com um arranhão, uma dentada ou uma nódoa negra nova. Muito mais do que as irmãs.

A julgar pelo que vejo em casa, é fácil adivinhar o que acontece mas, pelo sim pelo não, confirmei com a educadora e auxiliares da escola. O Eduardo gosta de se mandar para cima das outras crianças, roubar brinquedos e, eventualmente, aplicar-lhes uns carolos na cabeça.

Eu explico-lhe todos os dias que não se bate, que só se dá beijinhos e mimos e, se o faz em casa, repreendemo-lo. 

É um desafio. Nem a Lara nem a Maria me colocaram questões destas. 

O Eduardo é muito alegre e brincalhão mas, por levar muitos carolos e empurrões da Maria, aprendeu a tentar obter o que quer à força. É o mais novo de três e vai-se safando como pode. 

Espero francamente que esta fase passe rápido, a de ser mais "brusco", porque as outras são magníficas.

O Eduardo está naquela fase em que se ri de tudo e se mete connosco para nos fazer rir. Dá abraços e beijos espontaneamente e é especialmente chegado à Lara.
Sempre que o vou buscar com a Lara, ele abraça-a primeiro e só depois a mim. 
De manhã, se a Lara não se despede dele convenientemente antes de ir para a sua sala, fica muito ofendido.

Imita as irmãs em tudo e, por isso, está a tornar-se muito independente. Já não quer comer na cadeira de bebé, come sozinho à mesa com as irmãs (numa mesinha pequena) e leva sempre a sua mochila às costas para a escola.

Continua a aprender mais palavras, sem grandes pressas. 

Apanhamo-lo a tentar subir para a cama da Lara montes de vezes. 

Já quase não cabe no berço, mas continua a dormir muito bem, a noite toda.

Fizemos uma tentativa de desfralde e desistimos logo. Ele não nos parece preparado ainda e, com a experiência que temos, acreditamos que não existe vantagem nenhuma em apressar as coisas.

É, portanto, um furacãozinho que nos enche a casa de alegria. 

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