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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 28.05.20

A Maria com 3 anos (quase 4)

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A Maria surpreende-nos constantemente com as coisas que diz, muito racionais para a idade.

Adora brincar com bonecas e é capaz de ficar horas a brincar e a criar cenários com as bonecas. Se estiver muito concentrada fica a brincar sozinha, mas prefere companhia. Não gosta de estar sozinha e pede sempre para alguém ficar com ela a brincar, mesmo que seja só a assistir à brincadeira. Muitas vezes ela fica comigo na cozinha a brincar enquanto eu faço as refeições ou arrumo a cozinha.

Outra das atividades preferidas da Maria é recontar as histórias depois de eu as ler. Pede sempre para contar ela a história e é mesmo muito engraçado ouvir a sua versão da história, principalmente de livros mais "científicos". Um destes dias, estava a recontar a história do surgimento da vida na terra, desde a criação do universo, e a forma como utilizava a palavra "partículas" era mesmo cómica: "E surgiram as partículas, as partículas misturaram-se assim, e assim e assim (apontando para as diferentes imagens do livros que mostravam como se agrupavam as partículas)...".

Desde que estamos em cada devido ao surto de coronavírus, a Maria está muito mais calma e amiga dos seus irmãos. Já brinca muito mais com o Eduardo e ele já diz o nome dela ou algo parecido com "Bibi", embora a Maria o tente ensinar a dizer "Mimi".

Não temos feito grande coisa da escola, mas vou-lhe ensinando as coisas ao longo do dia, recorrendo a exemplos práticos para o português e a matemática. Tento não me preocupar muito quando vejo, nos grupos de mães da escola, as atividades criativas e complexas que as outras mães fazem com os filhos. Acho as atividades maravilhosas e fazem-me lembrar as que fazia com a Lara, mas tenho mesmo que me proteger da culpa de me sentir uma mãe menos capaz e evito visitar muito esses grupos. 

A Maria não gosta muito de coisas mais "tolas". É engraçado ver como se ri, por imitação da Lara, de histórias ou desenhos animados mais disparatados e depois desiste rapidamente da sua visualização por não achar piada nenhuma àquilo. Não sei a quem sai, cá por casa todos somos disparatados. :)

Neste momento o seu filme preferido é o Rei Leão (o 1 e o 2) e os livros já são mais variados, todos os dias me pede para ler um diferente.

Gosta muito de jogar no iPad mas já fica muito mais tranquila  (do que antes, quando fazia grandes birras) quando lhe dizemos que é hora de parar de jogar.

Nesta quarentena a Maria ganhou mais autonomia para ir à casa de banho, já vai sozinha o que é uma grande vitória para nós. A Maria é bastante independente, em geral. Ser filha do meio pode explicar isso.

Quase todos os dias vem para a nossa cama a meio da noite e nós deixamos sempre. Na verdade, tal como acontecia com a Lara, gosto imenso de dormir com ela ou qualquer dos meus filhos.

A Maria come bem mas prefere hidratos de carbono. Não é muito gulosa e só come a sopa de boa vontade se tiver qualquer coisa lá dentro (carne, peixe, ovo, queijo ou croutons).

Continua a andar com a sua almofada para todo o lado e é preciso muita habilidade para colocar aquela almofada a lavar de vez em quando.

A Maria é uma menina muito inteligente, conservadora e familiar. Gosta que estejamos todos juntos e se for sempre a fazer o mesmo tipo de coisas, melhor. 

Seg | 25.05.20

A Lara com 6 anos

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Fez 6 anos no dia em que iniciámos a quarentena. Nesse dia foi à escola e pôde comemorar com os colegas da sua turma, numa festa.

Desde pequena que é muito sensível, alegre e divertida: prega-nos partidas e está sempre a inventar brincadeiras e a fazer coisas para nos oferecer, oferece-se para nos fazer massagens e está sempre pronta para abraços e beijinhos. Mesmo meio ensonada, quando a colocamos a fazer chichi antes de nos irmos deitar, insiste em dar-nos um abraço e um beijinho antes de voltar para a cama.

Em casa há dois meses, não se aborrece nada. Brinca muito com os irmãos e é ótima a tomar conta do Eduardo, ajuda-me imenso nisso. Também se entretém muito a fazer a escola virtual e a fazer colagens e trabalhos manuais. Faz todo o tipo de colagens e de apetrechos que, depois, nos oferece. Fez um calendário com o pai para ir marcando os dias que faltam para voltar à escola e que guarda debaixo da almofada junto de outros "tesouros."

Um destes dias fez uma construção com placas magnéticas "Magnatiles" em forma de palácio, com vários compartimentos onde guarda cartas de jogar, dados, um comando avariado, lápis e canetas, papéis, rebuçados, cereais, nozes, sultanas, chocolate e todo o tipo de petiscos. Instalou este "cofre" na mesa da cozinha e todos os dias lá vai colocar e tirar coisas. É muito engraçado ver a Lara a encontrar esconderijos para as suas coisas, para as salvaguardar dos irmãos. Eu e o Milton achamos imensa graça a isso e respeitamos totalmente o seu espaço. Estamos para ver é como vai ser quando a Maria e o Eduardo também quiserem arranjar esconderijos para as suas coisas.

Nos último mês já lhe caíram 2 dentinhos de leite e, se no primeiro estava um pouco nervosa com a possibilidade do dente doer, no segundo dente (que caiu poucos dias depois do primeiro) já foi tudo mais animado e descontraído. A fada dos dentes trouxe prendinhas que deixaram a Lara muito satisfeita ainda por cima porque eram de comer.

Não estamos a seguir o programa da escola em casa. Ainda tentámos, mas por motivos vários (desde o tempo que temos para gerir as coisas com 3 crianças pequenas, à própria personalidade da Lara) desistimos e estou a ensinar a Lara da maneira mais confortável para nós. 

Ensino-lhe estudo do meio através de livros que temos e outros que trouxe da biblioteca,  matemática através de exemplos práticos e materiais que temos em casa, e português através da escola virtual e de exercícios e jogos que vou tirando do pinterest e outros que crio. Também fazemos vários exercícios sugeridos pela professora da Lara (que é  excelente, muito querida e dedicada) mas não fazemos todos.

Em termos de exercício físico, para além de andar pela casa a correr, a subir paredes e a fazer acrobacias várias, faz aula virtual de karate ao sábado. Também salta à corda freneticamente com cordas inventadas por ela com materiais que vão desde balões de moldar atados uns aos outros a cintos de tecido, também atados uns aos outros. Vamos comprar-lhe uma corda quanto antes. 

A Lara está cada vez mais parecida comigo na sua forma de encarar a "aprendizagem". Gosta muito de ler, também gosta de matemática, história e ciência mas é enervantemente distraída. Faz de tudo uma brincadeira e a sua capacidade de foco está totalmente determinada pelo seu grau de interesse no assunto (toda a sua mãe). Já conversámos com ela sobre isto, mas eu pergunto-me se haverá muito a fazer... Se for um traço da personalidade dela acho que não vale a pena lutar contra isso. Vamos tentando chamar a atenção naquilo que nos parece ser mais importante: atenção nas aulas e nos casos de segurança e saúde. De resto, ela que deixe a sua mente divagar e inventar à vontade. 

Quer ajudar-nos em tudo e já começa a ser muito desenrascada em várias coisas. Faz o seu pequeno-almoço enquanto ficamos a dormir mais um bocadinho (se os irmãos não tiverem acordado ainda), arruma o quarto e a sala impecavelmente e é uma preciosa ajuda a cozinhar e a fazer bolos.

Já gosta de ver filmes de animação mais complexos e sabe dividir o programa de televisão com os irmãos, colocando também o que eles gostam de ver. Neste momento vê muito a Vampirina e aqueles vídeos de abertura de ovos kinder, de plasticina e essas "coisas malucas" do Youtube. Nós vamos sempre supervisionando para ver se aquilo é adequado.

Está-se a tornar uma irmã mais velha muito engraçada: conversa muito com a Maria à noite e também gosta de a assustar com histórias assustadoras (quem nunca?). Um dia destes fomos encontrar a Lara a dormir na cama da Maria, as duas muito juntinhas. Felizmente, na quarentena, as duas aproximaram-se muito mais e estão cada vez mais cumplices e amigas.  

Qui | 21.05.20

Diário de quarentena #9

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Bom... Estamos vivos e isso é bom.  Estamos bem dispostos, ainda gostamos muito uns dos outros e isso é excelente.

Estou num grau bem neutro no que diz respeito a emoções. No máximo, ando mais introspetiva e mais existencialista. 

Não ando a ter experiências de alegria esotéricas e extra-corporais e tão pouco estou à beira de um ataque de nervos por passar os dias com 3 crianças pequenas a tentar obter o máximo da minha atenção para si. Sinto-me bem, vá. Normal, portanto.

A nossa rotina é a seguinte:

Acordamos todos mais ou menos ao mesmo tempo.
O Milton trata dos miúdos e toma o pequeno-almoço enquanto eu faço Yoga e medito (é essencial para mim, não dispenso mesmo).

Os miúdos veem desenhos animados de manhã até o pai começar a trabalhar e termos os dois o banho tomado.

O Milton começa a trabalhar, a televisão é desligada e acontece uma de duas coisas:

- Os miúdos brincam juntos enquanto eu trato do almoço e de alguma coisa que seja necessário adiantar em casa;

- Uma das miúdas fica a fazer escola virtual, enquanto eu brinco com a outra e com o Eduardo. Depois trocamos.

 Almoçamos todos juntos e depois o Eduardo vai dormir a sesta.

-Depois de almoço a Lara e a Maria veem televisão à vez enquanto a outra fica a fazer atividades escolares.

Quando o Eduardo acorda lanchamos todos se for hora disso. Se não, brincamos juntos até à hora do lanche. Depois do lanche fazemos mais algumas atividades juntos: pinturas, aguarelas, plasticina, ginástica, legos... Também acontece brincarem todos sozinhos e com as suas coisas.

Quando o Milton acaba o trabalho fica com eles enquanto eu despacho alguma coisa em casa ou alguma coisa pessoal. É possível que faça mais Yoga se o dia tiver sido demasiado desafiante.

Damos banhos, jantamos, eu deito as miúdas e o Milton adormece o Eduardo ao colo.

Depois cada um faz as suas coisas.
Eu escrevo o Milton faz música. Eu organizo as atividades escolares para as miúdas (tenho um programa próprio que se inspira mais na personalidade de cada uma e naquilo que acredito ser mais importante do que na "programação oficial").

Às vezes cozinhamos o almoço do dia seguinte.

Quase sempre vemos alguma série (ou 10 minutos de uma série) juntos.

Às vezes lemos.

Dormimos por volta da meia noite.

E é tudo igual de segunda a sexta.

Nos entretantos existiram brigas de irmãos, gritos meus e delas e muita brincadeira. Entretanto a Lara já inventou dúzias de brinquedos novos e coisas estrambólicas e giras e a Maria já nos surpreendeu com conversas que não condizem com os seus 3 anos. E, nestas horas, o Eduardo já cresceu imenso e está cada vez mais "rapazinho", teimoso e querido.

Tem sido mesmo bons estes dias. Nem com muito esforço poderia dizer o contrário. Têm sido mesmo bons e nós sabemos muito bem disso.








Qua | 20.05.20

O Eduardo com 21 meses

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Cortei-lhe o cabelo e ficou com ar de rapazinho. Mas fica muito fofo na mesma, com umas bochechas grandes e um sorriso maroto sempre pronto.

Está crescido mas continuo a vê-lo como o meu bebé. Obviamente. 

Continua a comer muito bem e de tudo. Continua a mamar e agora pede para mamar puxando-me a camisola e abrindo muito a boca, como fazia para pedir comida quando ainda não falava. É uma figura.

Ainda não bebeu leite de vaca.
Gosta muito de pão, banana, bolachas e papa, como todos os bebés, mas come tudo o que lhe derem. Reparei, recentemente, que não aprecia muito coentros. Um dia destes dei-lhe uma comida com coentros e, depois de ter cuspido o primeiro pedaço que apanhou, pôs-se a ralhar muito quando viu outro pedaço no prato. Parece que ficou bastante ofendido com o sabor dos coentros.

Está numa fase em que quer a mãe para tudo. Puxa-me pela mão para brincar com ele, pede para ir para o meu colo durante o dia e sempre que se magoa corre para mim. Antes era mais com o pai mas este tempo todo que passamos juntos parece estar a mudar a tendência. Isso e o facto de eu passar muito tempo com ele ao colo e dar-lhe beijos naquelas bochechas boas.

É muito meiguinho e farta-se de correr para todos de braços abertos, para dar abraços e beijinhos. E tem que ser a todos, um de cada vez. E depois repete. Consola.

Também é um bocado bruto e nisto vejo uma grande diferença entre ele e as meninas. Ele leva tudo à frente, salta com uma energia inimaginável, para o seu tamanho, e é capaz de trepar para os bancos e para as mesas em segundos. 

Adora dançar e continua um grande fã do Jel. Sal Grosso é a sua música preferida de todas e mal vê o inicio do vídeoclipe, começa a pular com uma excitação só comparável ao momento em que lhe colocamos um pedaço de pão à frente.

Também gosta muito do Panda e dos Caricas, a única coisa que o prende à televisão enquanto me despacho de manhã ou faço o almoço.

Entretém-se muito sozinho e a brincar com as irmãs desde que o pai e a mãe não estejam "à vista". Ainda briga muito com a Maria mas já se dão ligeiramente melhor. Com a Lara dá-se muito bem ou ela não fosse uma das pessoas que mais o mima e lhe faz as vontades cá em casa.

Eu e o Milton divertimo-nos mesmo muito a vê-lo roubar as coisas à Maria e a fugir. É que tem mesmo graça, pelo menos para quem não tem irmãos e não fazia ideia de que isto era assim.

Já diz muitas coisas e inventa muitas palavras:

Lálá = Lara
didi = panda
nana = banana
nem nem= fruta
cóco = chichi e cocó
cacá= gato

A atividade preferida do Eduardo é deitar a mão aos telemóveis e comandos que encontra pela casa. Logo que acorda, e depois de mamar, a primeira coisa que faz é dar uma corrida pela casa e tentar agarrar num comando ou num telemóvel antes de ser apanhado. Às vezes esconde-se debaixo do beliche das miúdas com o seu tesouro furtado. Logo que lhe tiramos o objeto de apreço desata numa berraria que nos deixa quase surdos.

Há meses que o senhor Eduardo se iniciou nas birras e, se não são muito duradouras, são bastante barulhentas. Também nos tenta bater quando está mais frustrado mas se falamos com ele mais assertivamente altera logo o comportamento e abraça-nos, a fazer-se de fofo.

Tem dois livros preferidos que nos pede para lermos, ambos de animais.

Ultimamente não gosta de mudar a fralda nem de tomar banho. Quase que precisamos de uma camisa de forças para lhe mudar a fralda e em relação ao banho, temos que retirar o chuveiro do seu campo de visão porque ele sente terror por ele (não sei porquê, se calhar levou uma chuveirada quando era pequeno e assustou-se).

Dorme sempre ao colo do pai e a noite inteira, mais ou menos das 21h00 às 7h00. Dorme uma sesta por dia, das 12h00 às 14h00, mais coisa menos coisa.

É muito bem disposto e está naquela fase deliciosa em que se ri de tudo e mais alguma coisa. mete-se connosco, conversa e toma a iniciativa de brincadeiras que já lhe ensinámos.

Imita tudo o que ouve e que vê fazer. De vez em quando anda pela casa a fazer a posição de Yoga "Cão a olhar para baixo" e chama-me para ver. Coisa mais boa! 



Seg | 18.05.20

Maria #39

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A Maria gosta de leite frio. A Lara gosta de leite morno.

Enganei-me uma ou duas vezes com o leite da Maria e dei-lhe morno. Parece que este meu lapso foi marcante.

Numa destas tardes a Maria pediu-me leite e um pão com manteiga para lanchar. 

Preparei tudo e chamei-a para lanchar.

Ao ver o copo com leite, olhou para ele desconfiada e disse:

"Mãeeee, eu gosto de leite frio."

Respondo que sei disso e que o seu leite está fresquinho, como ela gosta.

Responde-me ela, com bastante efusividade:

"Muito bem mãe!"

 

Qui | 14.05.20

Lara #34

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Com alguma frequência, a Lara faz “presentinhos” para oferecer aos pais. Geralmente é um desenho mas outras coisas também.

Esta semana fez uns cestinhos com rolos de papel higiénico para mim e para o pai.

Lá dentro colocou um balão azul, uma cápsula de café (café que ela faz questão de fazer para nós), um caderninho feito e decorado por ela e uma esferográfica.

Nem eu nem o Milton somos de fazer surpresas. Isto é uma característica da Lara. Que sorte nós temos de ter pelo menos uma alma sensível na família. 

Dom | 10.05.20

Uma visão muito peculiar da nossa família

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Estou a dar o jantar aos miúdos e a determinada altura comento:

- O Eduardo está sempre a querer comer! É um comilão.

Diz a Lara:

- E nós o que somos?

Eu:

- Bom... A Maria está sempre a reclamar. É uma reclamona.

- E tu, Lara estás sempre a queixar-te. És uma queixona.

Continua a Lara:

- Tu és uma gritona. 

Olhamos umas para as outras... E o pai?

Diz a Lara:

- O pai está sempre a trabalhar. É um trabalhão.

Ainda bem que existe alguém que faça algo de útil nesta família. 

Qui | 07.05.20

Eduardo #6

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Este miúdo é um comilão.

Ainda bem. Nós estamos satisfeitíssimos com isso. É ótimo que ele tenha apetite.

Estamos apenas surpreendidos com a aparente falta de limite para o seu apetite.

Ele come bastante bem e parece satisfeito. Mas, basta ver alguém a comer, que começa a abrir a boca como um hipopótamos esfomeado, para o detentor da comida partilhar com ele.

Estou sempre a ver as irmãs a porem-lhe comida na boca. 

É engraçado que elas não são nada egoístas e, mesmo que estejam com muita vontade de comer o que estiverem a comer, são incapazes de não partilhar com ele, tal é a cara de gato das botas com que ele olha para elas.

E, felizmente, ele come de tudo: sopa, pão, iogurte, queijo, papas de compra, papas caseiras, carne, peixe, ovos, legumes, queijo, nozes, avelãs, tudo. E ainda mama. Várias vezes por dia. Já estamos a pensar comprar uma arca porque o nosso frigorífico não dá vencimento a esta família numerosa. 



 

Sab | 02.05.20

Diário de quarentena #8

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Neste momento acho que podia ser caracterizada por um meme em que um desenho animado, rodeado de caos, afirma alegremente: "Está tudo ótimo. Está tudo ótimo."

Por aqui está tudo ótimo. Está mesmo.

Temos comida, estamos juntos, temos sol em casa o dia todo (desde que não esteja a chover). De manhã temos sol no nosso quarto e na sala, e de tarde no quarto dos miúdos e na cozinha. Até já estendemos pareos de praia no chão para aproveitar o sol. É tanto e tão forte que às vezes só é suportável de óculos de sol.

Os miúdos gritam por norma. Em alguma fase desta quarentena parecem ter desaprendido o tom de voz normal e gritam sem emoção, simplesmente falam alto porque acreditam que é a única forma de se fazerem ouvir. 

Às vezes oiço o Eduardo a gritar estridentemente e depois vejo-o a fazer uma corrida até ao sofá, tranquilamente, a brincar. Não se passa nada. Ele grita como forma de estar.

Hoje eu e as miúdas fizemos bolachas de manteiga mas percebemos rapidamente que devíamos ter triplicado a receita. Assim que saíram do forno miúdos e graúdos lançaram as suas mãos a elas avidamente, como pombos que não comem há 10 dias.

E o apetite pessoas? Como vai esse apetite? Isto de estar em casa há quase dois meses abre mais o apetite que coisas que fazem rir. É ou não é?

Tenho apanhado todas as taras desta quarentena: já me deu a de cabeleireira, a de cozinheira e a de padeira. 

É impressionante como podemos passar meio ano sem ir ao cabeleireiro e agora não podemos passar um mês e  meio sem cortarmos o cabelo a uma cobaia qualquer que encontremos à mão.

Cá em casa calhou ao Eduardo. Deu-me uma sensação estranha, aproveitei que estava sozinha com o Eduardo na cozinha e fui buscar a tesoura de cortar o cabelo que a minha sogra ofereceu ao Milton. Cortei, cortei, cortei até o rapaz ficar sem caracóis e com um penteado peculiarmente volumoso, rente às orelhas e ao pescoço. E, por alguma alucinação coletiva causada pela quarentena, eu e o Milton achamos que até ficou bom.

Já fiz pão normal, bolos lêvedos parecidos com papo-secos integrais e, mais recentemente, pãezinhos de abóbora. Todos se comeram.

Estou a experimentar receitas novas e a mais recente foi sopa marroquina, a que está na imagem acima. A minha incredulidade leva-me a afirmar que não ficou fabulosa, mas a verdade é que ficou bastante boa e o Eduardo devorou-a como se fosse a melhor coisa que já comeu na vida. Segui a receita à risca (só não coloquei pimenta) e o resultado foi uma sopa bem robusta e com travo a especiarias e sabor a comida de conforto, daquelas que sabem mesmo muito bem no inverno. A receita é esta.

Tivemos que mudar a net porque o Milton não estava a conseguir trabalhar com a velocidade de net que tínhamos. Não tínhamos canais de cabo e com a nova Internet vinham centenas de canais de TV . A determinada altura decidi experimentar aquilo e parei num canal onde estava a dar o Big Brother. Fiquei ali a ouvir umas pessoas a comentar o programa durante 10 minutos. Este facto levou-me a questionar bastante o meu estado mental e desisti ali mesmo da TV, outra vez.

Continuo a fazer yoga mas já percebi que não vale a pena inventar sequências de posições sozinha. Cada sequência tem um propósito e não devemos fazer posições "à toa", parece-me agora. Tenho seguido sequências de aulas no Youtube e ainda vou pensar se me inscrevo numas aulas virtuais ou não.

Comecei a fazer meditações guiadas neste canal. Recomendo muito a quem sofre de ansiedade ou a quem não sofre de nada mas apreciaria a possibilidade de relaxar de uma forma instantanea.

Deixei de ler todos os dias. Tenho que priorizar a leitura outra vez.

Estou a ver a série "Unorthodox" e a gostar mesmo muito.

Sinto-me maravilhosamente! Em algumas partes do dia. 

E vocês, como estão?
O que é que está a ser mais desafiante?
O que é que está a ser fantástico?
Contem-me. Tenho saudade de conversar com adultos.