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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qua | 20.02.19

E, de repente, elas são as melhores amigas

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Quando a Lara soube que a Maria ia nascer ficou muito feliz. Apesar de ter apenas 2 anos quando lhe dissemos posso dizer com clareza que ficou feliz e entusiasmada. Ela sempre foi muito sensível e percebia quando lhe dizia que a irmã ia crescer e ser muito amiga dela.

A Maria nasceu e a Lara desde o primeiro dia que era carinhosa e cuidadosa com ela. Correu tão bem que eu senti, mesmo, que era mais fácil ter duas filhas que apenas uma.

Até que a Maria cresceu mais, começou a mexer as mãos, depois a andar, a falar e a "aborrecer" um bocadito a Lara. Mexia nas coisas dela e começou a disputar o espaço, os brinquedos e a atenção dos pais. E foi aqui minha gente que começou o grande desafio da maternidade para mim: lidar com as brigas diárias da Lara e da Maria.

A primeira coisa que caiu por terra foi a minha ideia romântica de irmãos que se adoram e nunca brigam. Que inocente que eu fui! Claramente não percebo nada disto de ter irmãos! As minhas filhas não só gritam uma com a outra como se empurram, batem e têm outras atitudes pouco simpáticas variadas. Todos os dias. Que choque para mim!

E há cerca de um ano que tem sido assim. Existem momentos de brincadeira e cumplicidade mas também existem muitos de gritos e brigas. Tem sido extenuante emocionalmente.

Até que, desde há umas semanas atrás, algo mudou.

As duas passaram a brincar juntas pacificamente, têm atitudes cada vez mais cúmplices e vejo que se preocupam verdadeiramente com a outra. 

Comecei a notar a Lara mais paciente com a irmã e os gritos entre as duas passaram a ser trocados por segredos e gargalhadas. A minha alma ficou pasmadíssima.

Não quis fazer logo uma grande festa por isso fui apenas observando o que se estava a passar. Ouvia atrás das portas quando elas ficavam no quarto, depois de as ir deitar e durante o dia observava-as a brincar sem ser vista.

De noite ficam a cantar juntas ou a conversar sobre o dia e sobre as coisas que gostam de fazer. Às vezes a Lara conta à Maria como foi o seu dia na escola e as brincadeiras que ela e os amigos fizeram. Outras vezes ensina-lhe brincadeiras. Durante o dia a Lara chama a Maria para junto dela e vê-se que já a vê como uma companhia "válida" para todo o tipo de brincadeiras.
Quando a Maria se magoa, a Lara pega-lhe na mão e dá-lhe beijinhos, consolando-a. Se a Maria magoa a Lara sem querer, também lhe dá beijinhos e fica consternada se a Lara se mostra triste.
Também já começam a ter as suas piadas privadas e a preferir brincar juntas em vez de nos pedirem para brincar.

O menos interessante desta situação é que também se juntam para fazer disparates e para desafiar os pais, mas creio que "faz parte do pacote" e até fico feliz quando se juntam contra nós. Prefiro que briguem connosco do que briguem uma com a outra.

Acho que esta mudança se deve ao facto da Maria, com 2 anos e meio, já ter maturidade suficiente para brincar com a Lara sem estar simplesmente a destruir as suas brincadeiras. Já se conseguem entender para gerir uma brincadeira pacífica e interessante entre as duas e assim conseguem divertir-se em conjunto.

Esta situação é praticamente a realização de um sonho. Vejo agora nas minhas filhas a infância que sempre quis ter: uma infância partilhada com alguém que crescesse comigo e estivesse comigo em todas as situações. Alguém com quem partilhar todos os momentos e todas as alegrias.

Quando vejo as minhas filhas super felizes uma com a outra quando estão à espera de um gelado, e a dar gritinhos de alegria, sinto-me mais feliz que nunca.

E quando pergunto à Lara se gosta de ter irmãos e ela me diz que sim e que gostava de ter uns 40 sinto mesmo que alguma coisa devemos estar a fazer bem.