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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 19.10.17

Mudei muito

No essencial, naquilo que creio ser mesmo a minha essência, sinto-me a mesma pessoa que era com 16 anos (ou mesmo antes).

Os meus interesses e crenças não mudaram grande coisa. O que tem mudado muito é a forma como faço as coisas, a forma como faço a gestão da minha vida e das minhas emoções.

Ganhei novas responsabilidade com os anos, ganhei novas vontades e também a necessidade de ser mais organizada e minimalista emocionalmente. Deixei de ter espaço para uma série de emoções como por exemplo: a revolta, a ofensa, o constrangimento, a vergonha, o medo, a insegurança, a culpa, entre outros.
Claro que estes sentimentos ainda existem, mas aparecem muito menos vezes e são substituídos por outros que me têm sido mais uteís e agradáveis como a tolerância e a empatia.

Tenho praticado no último ano e em todas as situações que posso, a tolerância e a empatia, principalmente nas situações em que é mais difícil fazê-lo. Tenho praticado a empatia quando alguém é injusto comigo, ou abusivo ou menos interessante de alguma forma. Isso tem-me ajudado a perceber que quase nada do que nos dizem é pessoal, que ninguém quer verdadeiramente ofender-nos ou prejudicar-nos (a maior parte das vezes é assim, haverá exceções). As pessoas estão perdidas, estão agastadas, não conseguem fazer melhor do que fazem e o mais acertado que fazemos é não levar a mal algumas atitudes.

Quando estou aborrecida não é raro falar um pouco mais bruscamente com alguém. Não está certo, eu sei, mas às vezes, perante situações urgentes, não consigo fazer melhor e arrependo-me logo de seguida. Quando sou menos "afável" não quero de maneira nenhuma ofender ou magoar ninguém. Muito pelo contrário. E é a pensar nisso e na forma como me comporto quando estou mais nervosa que desculpo mentalmente as pessoas se elas têm comportamentos menos simpáticos comigo.

É um esforço fazer isto inicialmente mas, com o tempo, torna-se um hábito que vai influenciar em muito o nosso bem estar e a nossa vida em geral.

O que quero dizer com isto é que não devemos alimentar em nós emoções negativas por causa do comportamento dos outros, não que devemos aceitar certos comportamentos passivamente.

Por exemplo, se somos mal atendidos num serviço que solicitamos, temos a obrigação social de reclamar e exigir um bom serviço. Reclamar com educação e primeiramente com quem nos está a prestar o serviço. Se a pessoa não compreender e aceitar, então passar a reclamar de uma forma mais "oficial".

Acredito que é isso que fará de nós pessoas melhores e mais capazes de contribuir para uma sociedade mais justa.

Acredito que devemos deixar de nos queixar e ofender tanto, para agir mais friamente quando temos que agir.

Por exemplo, se somos mal atendidos num serviço público (ou privado), em vez de nos irmos queixar para casa e remoer em sentimentos de injustiça, devemos com toda a calma, falar com a pessoa que nos atendeu e indicar-lhe que o seu atendimento foi inaceitável e que espera que exista um esforço de melhoria. Creio que se o fizermos com calma e serenidade o efeito é gigante e dificilmente a pessoa não repensará as suas atitudes.


Imaginem que mandaram um papel para o chão por comodidade (espero mesmo que ninguém ainda faça isto) e alguém vos aborda com toda a calma e vos diz que isso não é muito fixe, que prejudica o ambiente, que uma criança pode apanhar e por na boca, que se todos fizessem isso o mundo era uma lixeira e que até dá multa (espero que dê). Que por hoje não vos iam denunciar mas esperavam que não se voltasse a repetir.


Bom... comigo isto resultava. Mesmo.

Nesta parte das reclamações tenho que me esforçar muito mais. Neste momento ainda estou a trabalhar a empatia, mas terei que me esforçar por ser mais assertiva nas situações menos positivas. 

É isto hoje.