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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Sab | 26.11.16

Como lido com as birras da minha filha de 2 anos

filhas

 

A certa altura, talvez pela chegada da irmã mais nova, a Lara começou a fazer birras gigantescas. Gritava muito (para desespero do pai), batia-nos, mandava com as coisas ao chão (se não queria comer não estava com rodeios, mandava logo o prato ao chão), entre outras coisas agradáveis e simpáticas.Nunca lhe batemos nem nada parecido com isso mas "passávamo-nos" muitas vezes.

Não sabíamos como agir e, quando dava por mim, estava zangada, cansada e muito frustrada. Chegou uma altura em que achava que não conseguia controlar a minha filha (como se ela fosse uma criatura que precisasse de ser controlada).Brincava todos os dias com ela, tinhamos muitos momentos carinhosos e sempre lhe dei muita atenção (mesmo com a bebé), por isso não percebia porque fazia ela tantas birras. Por vezes, parecia que quanto mais atenção lhe dava, mais birras ela fazia.

 

Até que chegou agosto e tive que ficar com as duas em casa (a Lara de dois anos e a Maria de um mês). Confesso que andava muito ansiosa dias antes de ficar com elas porque receava não conseguir "dar conta do recado".

 

Mas, num instante, lembrava-me que tinha duas filhas e a obrigação de saber (ou aprender) lidar com elas e tomar conta delas ao mesmo tempo. Se existiam pessoas que tinham gémeos, trigémeos e vários filhos e cuidavam deles sozinhas e até os ensinavam em casa, certamente iria conseguir tomar conta das minhas filhas.Não sei se foi este pensamento que me deu força ou se me deu uma inspiração qualquer mas, desde o primeiro dia em que fiquei sozinha com elas, que tudo começou a correr muito melhor com a Lara.

 

Para começar, dei-lhe sempre toda a atenção que podia. Fazia-lhe entender que a adoro e que é muito importante para mim. Todos os dias lhe digo isso, por gestos e palavras. Mas, fiz mais do que isso. O que fiz de diferente foi focar-me totalmente nas minhas filhas.

 

Decidi que, a partir do momento em que o meu namorado fosse trabalhar, eu não quereria saber de loiça para lavar, roupa para arrumar, internet ou telemóvel. Toda a minha atenção seria focada nelas.

 

Curiosamente (ou não), desde que desliguei de tudo, senti-me muito mais tranquila e confiante. Sempre que me sentia a ficar impaciente com uma birra da Lara, caminhava com a bebé ao colo e concentrava-me na minha  respiração até me acalmar. Quando já estava calma, decidia o que fazer e conversava com a Lara com toda a calma.

 

Foi assim que cheguei à técnica que utilizo sempre que a Lara começa uma birra. Digo começa porque nunca a continua.

 

O que faço é tão simples como conversar com ela de forma assertiva e nada emocional. Explico-lhe as coisas o melhor possível, dentro do que ela pode entender. Não me mostro zangada mas também não sorrio.

 

Digo-lhe que gosto muito dela, que independentemente do seu comportamento vou gostar sempre muito dela, mas não vou tolerar certas coisas.Digo-lhe que me sinto triste com o seu comportamento e que ele terá consequências. Explico-lhe que se continua a comportar-se dessa forma, não irei brincar com ela mais tarde, nem vamos comer um gelado e a tarde vai ser uma grande chatice para as duas, chatice essa que ela pode evitar acabando com o comportamento que está a ter.

 

Confesso que nem sempre me senti segura com esta técnica. Nem sei porquê mas ainda me sinto insegura como mãe em muitas situações. O facto é que, independentemente de estar segura com a minha resolução ou não, teria que fazer alguma coisa e, isso, foi o que me pareceu melhor na altura.Deu certo.Podia não ser no minuto seguinte mas, passado um tempo, a Lara passou a fazer o que lhe tinha pedido: fosse dormir a sesta, apanhar as coisas que tinha mandado para o chão ou comer a sopa. Isso sem gritos, stresses desnecessários ou choradeira.

Duas coisas que me ajudam a lidar com as birras

Uma das coisas que tento fazer é prevenir a birra antes dela acontecer. Nem sempre é possível mas, quando sei se vai existir alguma situação potenciadora de birra como, por exemplo, a hora de comer a sopa, explico-lhe que depois da sopa vamos fazer uma coisa muito gira que ela vai adorar. Na verdade íamos fazer a atividade de qualquer maneira mas "teatralizo" isso de uma forma muito entusiasmada e ela fica toda animada e curiosa.

 

Inventar jogos e brincadeiras simples, de que eu própria goste muito, para a entreter nos momentos mais complexos também resulta muito bem. Assim divertimo-nos as duas.Por exemplo, na hora do jantar fingimos que cada colher de carne é um menino que vai viajar na boca da Lara e que cada colher de sopa é um serviço de entregar que vai entregar um brinquedo ao menino. "Esta colher leva uma bola para o Diogo", "Esta leva um boneco, a outra um lego, a outra um barco à vela" e assim sucessivamente. Ela fica tão curiosa para saber o que vem a seguir que come a sopa cheia de vontade e toda satisfeita. :D

 

Tem resultado lindamente. É preciso é estar sempre a inventar coisas novas para que ela não se farte. E acabei por descobrir que estes exercícios simples me divertem muito a mim também. :D