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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

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Sab | 19.11.16

Os grupos de mães no Facebook

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O Facebook consegue ser um local bastante pernicioso e mal frequentado. Isto porquê? Porque tem pessoas e onde há pessoas, muitas pessoas, mais cedo ou mais tarde a coisa começa a descambar.

 

As pessoas fazem no Facebook mais ou menos o que fazem na vida real com a agravante de estarem escondidas atrás de um ecrã de computador, tablet ou smart phone. É mais ou menos como dar um manto de invisibilidade a cada um de nós. Alguns não quererão saber disso para nada. Outros usam-no para cuscar a vida dos outros, e outros (muitos acredito eu) hão-de usá-lo para pregar rasteiras a conhecidos e desconhecidos só pelo divertimento. É assim a vida e são assim as pessoas.

 

Isto para dizer que, se há sítio onde as pessoas cometem todo o tipo de violência psicológica possível é a Internet e, consequentemente, o Facebook. Basta não gostarem de uma frase de bom dia, de uma foto de perfil ou de uma orelha esquerda para desencadearem uma onda de cyber bullying que pode ter consequências mais ou menos imprevisíveis.

 

Isto para dizer que, sendo eu muitas vezes uma flor de estufa no que diz respeito ao que considero ser a estupidez humana (não obstante muitas vezes eu própria ter ataques de parvoíce), saí de um grupo de Facebook que me era muito útil. Era um grupo de mães onde, muitas vezes, coloquei as minhas dúvidas de mãe, pedi sugestões e dicas e fui sempre muito bem aconselhada e ajudada pela mães que faziam parte desse grupo.

 

Foi com a ajuda desse grupo que contei em muitos momentos de insegurança como mãe e sempre correu muitíssimo bem. Até que surgiu uma questão fraturante. Falava-se dos refugiados sírios. Eu, que tinha uma opinião muito vincada sobre o assunto não consegui tolerar as coisas que se escreviam naquele grupo de mães. Ao ler o que algumas daquelas mães diziam, acho que entrei em choque e saí do grupo para nunca mais voltar. Penso que fui acometida por um pânico que sinto algumas vezes, quando me deparo com certas atitudes e valores de pessoas que estão a educar os seres humanos da geração das minhas filhas.

 

Como tenho aquilo a que chamo de "síndrome de rato", em caso de pânico fujo.Na altura o que pensei foi que os "donos" do grupo não sabiam arrumar a casa e manter o nível tolerável. Achei que deviam bloquear as "malfeitoras" e não permitir comentários racistas, xenófobos ou incitadores de ódio e violência.

 

Na falta de moderação por parte dos moderadores, saí eu.Neste momento deparo-me com uma situação semelhante e, ao mesmo tempo diferente. Faço parte de um grupo de mães focado na alimentação. É um grupo excelente ao qual recorro sempre que necessário e com o qual tenho aprendido imenso.

 

Há uns dias parece que as mães começaram a destratar-se por causa de uma questão qualquer. Confesso que nem sei do que se trata mas consigo imaginar.

 

A criadora do grupo, que me parece ser uma pessoa altruísta, equilibrada e querida demostrou vontade de acabar com o grupo tendo em consideração as proporções que os comentários desagradáveis estavam a ter.Fiquei triste e pedi-lhe que não acabasse com o grupo. Mas claro que a compreendo. Claro que aquela mãe por mais boa vontade que tenha, não pode passar os dias e as noites a apagar comentários e a bloquear pessoas que não sabem respeitar opiniões contrárias à sua.

 

É pá é triste. Caramba. Não somos todas iguais nem temos que ser. Temos apenas que nos respeitar e tolerar a diferença.Por exemplo eu odeio touradas,mas  não odeio toureiros. Não os compreendo, abomino o que fazem mas não desejo mal às pessoas nem me dirijo a eles de forma pouco respeitosa. Quando muito digo: "Acho cruel o que fazes e não vejo arte nem entretenimento em causar sofrimento a um animal. Não compreendo o que fazes e não me sinto à vontade com isso." Não começo a insultar e a chamar nomes e a incitar todas as pessoas a fazer o mesmo.

 

Felizmente existem muitas pessoas razoáveis

 

Isto tudo para dizer que ao que parece o grupo de mães continua a existir (felizmente) e eu continuo a colocar lá as minhas dúvidas e a ajudar e a ser ajudada por mulheres extraordinárias que partilham as suas experiências de maternidade com todo o altruísmo e empatia.

 

Se há coisa para que serve o Facebook é para isto: para as pessoas comunicarem mais facilmente entre si e se ajudarem através da partilha de informação.

 

É uma coisa tão boa, mas tão boa, que não pode acabar apenas porque existem pessoas que estão noutra sintonia. É preciso que as pessoas equilibradas e racionais prevaleçam e lutem de alguma forma contra a loucura a que se assiste na Internet.

 

Continuemos a ser razoáveis e, através do exemplo, a lutar contra a intolerância e falta de civismo a que assistimos constantemente.

 

É preciso persistir.Como dizia alguém: "Às vezes pior do que os atos dos homens maus é a inércia dos homens bons".