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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Sab | 19.03.16

Room e Anomalisa

Para hoje tenho duas sugestões de filmes: Room, um thriller de 2016 e Anomalisa, um drama-romântico de animação.

 

Gostei dos dois embora sejam bastante diferentes.

 

Room

 

room

Room é a história de uma mãe e um filho que têm uma relação normal excepto pelo facto de viverem num pequeno quarto de onde nunca saem. O menino, de 5 anos, nasceu ali e nunca conheceu outra realidade.

 

À medida que o filme se vai desenrolando e vamos percebendo a realidade daquela mãe, o drama aumenta de forma crescente.

 

É um bom filme, pelo qual Brie Larson ganhou, merecidamente, o óscar de melhor atriz. Uma história comovente e muito realista sobre um tema forte e complexo.

 

Amonalisa

 

anomalisa

 

O segundo filme, é uma animação do realizador de Charlie Kaufman (Being Jonh Malkovich e Eternal Sunshine of the Spotless Mind).Inicialmente ficamos a tentar perceber do que se trata. Tudo parece normal e sem  drama. Até que começamos a notar pormenores bizarros que nos dão pistas sobre as perturbações emocionais de Michael Stone, uma celebridade na área do telemarketing que vai até à cidade de Cincinnati dar uma palestra sobre um bom atendimento ao cliente.

 

Acaba por se envolver com uma tímida fã com quem se cruza no hotel.

 

As figuras do filme, com víncos na cara a fazer lembrar marionetas e inexpressivas, contrastam com os diálogos e situações demasiadamente humanas que nos são apresentados no filme. Chega a ser chocante a forma como aqueles bonecos refletem emoções, tensões e conflitos interiores tão humanas e realistas.

 

Gostei do filme sem dúvida mas é um filme estranho.  

Sex | 18.03.16

Chili de feijão preto e feijão encarnado

chilli-vegetariano


É a nossa versão de chili do livro “As delícias de Ella”.

O livro é excelente e tem muitas receitas saborosas e saudáveis mas, muitas vezes, os ingredientes das receitas do livro são um bocadinho complexos de encontrar ou não habitam na nossa cozinha habitualmente.

De modo que esta versão é bem simples, com ingredientes que todos temos na cozinha.

É um prato vegetariano muito bom e que se faz rapidamente.

Segue a receita:

Ingredientes

2 cenouras raladas finamente
2 latas de tomate pelado amassado ou em pedaços
1 cebola grande
3 dentes de alho picadinhos
1 lata de feijão vermelho
1 lata de feijão preto
sal
pimenta
mistura de especiarias mexicanas (opcional)
1 caneca de arroz basmati
40 ml de azeite

Faz-se um refogado com a cebola e o alho.

Junta-se a cenoura e o tomate e o feijão, mexendo sempre, durante 5 minutos.

Condimenta-se a gosto e, deixa-se em lume médio mais 5 minutos.

Prova-se para ver se está bem esgalhado e se é preciso acrescentar mais algum condimento.

Serve-se com arroz basmati simples (como quem diz, cozido com água e sal durante 10 minutos).

Bom apetite!

 

Sex | 18.03.16

Ando com um apetite incontrolável!!!!

apetite

 

Já nem sei se a gravidez pode justificar este apetite.

 

O facto é que, logo depois de almoço, tenho uma vontade incrível de comer gelados.

 

Hoje despachei um magnum de amêndoas como se não comesse há dias! E soube-me tão bem!!!!!E, logo a seguir, papei o lanche que só devia comer duas horas depois.

 

Chegando a casa, pelas 17h30, como um pão de leite com queijo, um capuccino muito bem servido e uma taça de cajus.

 

Aí sim, fico satisfeita.Não percebo este apetite voraz!É um facto que sempre gostei de comer mas costumava controlar-me muito melhor, ainda por cima por ter prediabetes.

 

Claro que continuo a controlar a glicémia e como (a maior parte do tempo) apenas aquilo que sei que não me fará mal mas, mesmo assim, as quantidades não são bem as recomendadas... Ou se calhar são.

 

Afinal o que é que devemos comer no terceiro trimestre de gravidez? Se calhar devemos comer mesmo mais do que é normal e eu não estou a sentir nada de absurdo. Bem... também não estou a comer por dois... acho.

 

Como sempre pão, leite e fruta de manhã, um lanchinho a meio da manhã, um almoço equilibrado e sopa ao jantar.

 

O que lixa tudo é o lanche e aquela hora depois do almoço. O pior é que comecei a ganhar o hábito de ir comprar um gelado depois de almoço. Primeiro um solero (que sempre é mais light), depois o solero transformou-se num corneto e o corneto num magnum de amêndoas. Tenho que passar a controlar este hábito antes de chegar ao banana split.

 

Alguém por aí na mesma situação?!

Ter | 15.03.16

Afinal não são só os meus amigos que leem este blogue...

Este fim de semana tivemos um casamento de amigos. O casamento foi fantástico, a noiva estava lindíssima (e eu nem sou fã de vestidos de noiva mas estava maravilhosa mesmo), o noivo tinha uns fantásticos sapatos azul-elétrico e a festa foi muito animada. Eu, nos meus 6 meses de gravidez, sinto-me grávida de 12 meses...

 

Arrisquei levar uns sapatos de salto alto (que por acaso são muito confortáveis) mas passei grande parte do tempo sentada. Entre dores musculares, cãimbras e uma forma física nada invejável não me revelei a pessoa mais festeira da sala. Entretanto, estava eu a lamuriar-me mentalmente por não estar na pista a dançar quando acontece uma coisa fantástica!

 

 

Uma rapariga muito simpática e bem gira vem ter comigo e diz-me:

 

a) Olha acho que o teu carro está  bloquear o meu, importas-te  de o tirar para poder sair?

 

 

b) Sou da comissão do karaoke e ando a angariar voluntários. Estás mesmo com ar de quem quer cantar uma música dos ABBA.

 

 

c) Estás com uma mancha terrível de rímel à volta do olho esquerdo. Não sabia se havia de dizer ou não mas, isso não está nada bom e achei-me no dever de avisar.

 

 

d) Olá, gostava de te dizer que leio o teu blogue e me identifico-me imenso com alguns textos!

 

Acredite-se ou não foi mesmo a hipótese "d"!

 

Fiquei mesmo, mesmo feliz! E muito motivada para continuar a escrever as minhas coisas por aqui! Podia jurar que o meu blogue era lido pelos meus amigos mais próximos (quando não tivessem nada mais interessante para fazer) e pelo meu namorado (para avaliar o nível de barraca que eu estava a dar e o nível de pormenor da nossa vida que eu tornava público) mas afinal parece que mais alguém passa aqui pelo estaminé.

 

Claro que fiz o meu namorado jurar que não andava a subornar ninguém para dizer que lê o meu blogue. :)

Seg | 14.03.16

A Lara tem 2 anos!

2anosLara

 

 

 

Há 2 anos começava a fase mais louca e fantástica da minha vida.

 

A Lara tinha nascido há quase um dia e eu fazia uma ideia muito pequenina do que era ser mãe.

 

Quando decidimos ter filhos eu não fazia ideia nenhuma de onde me estava a meter. Sabia que queria ser mãe, o que era já uma grande novidade na minha vida mas não fazia ideia do que isso significava.

 

Podia imaginar. E imaginava. E lia sobre isso. E comecei a ver vídeos, a ler blogues, a devorar livros sobre o assunto. Na teoria, sabia muito sobre partos, amamentação, o sono dos bebés, birras, educação e muitas outras coisas. Li muito e conversei muito sobre o assunto. Se ajudou? Com certeza. Ajudou-me muito a manter alguma calma ter conhecimento teórico sobre os diversos assuntos. Ajudou-me no parto, a ultrapassar as dificuldades da amamentação, nas cólicas, nas noites sem dormir, a encarar o fantasma da depressão pós parto. Eu sabia o que poderia acontecer e porquê.

 

Agora... na prática, o que conta mesmo é a intuição. As coisas raramente acontecem de uma forma linear e de acordo com o que desejamos. Por isso, a intuição é a única coisa de que nos podemos valer. Quando estamos "na real" o que lemos nos livros é mais difícil de aplicar. De facto, acho que nem nos lembramos bem de todas as técnicas que lemos para aplicar nas mais variadas situações. Pelo menos comigo foi assim.

 

De modo que, no hospital, eu mal sabia o que fazer. Não sabia como alimentar a Lara e nem sequer me ocorria que tinha de lhe mudar a fralda. Uma vez a enfermeira veio ver porque estava ela a chorar e estava com cocó até ao pescoço. Fiquei a olhar para aquele cocó preto muito surpresa, como se estivesse a ver uma substância alienígena qualquer.

 

No hospital, a Lara chorou sem parar durante quase todo o tempo. Às vezes uma mãe da cama ao lado pegava nela e acalmava-a. Eu agradecia. Eu também pegava nela mas não fazia ideia do que fazer.

 

Claramente dava para perceber que eu nunca tinha pegado num recém nascido. Mas estava disposta a aprender bem e rápido. Na próxima vez que sujou a fralda, sujou também a roupa toda e, a tremer como se estivesse a morrer de frio, mudei-lhe a roupa toda e  não lhe parti nenhum braço. Foi a primeira vitória.Este era o tipo de mãe que eu era.

 

Estranhamente, nunca entrei em pânico. Sempre estive calma e com a certeza de que ia correr tudo bem. Afinal era mãe e haveria de saber fazer tudo o que fosse necessário para cuidar da minha filha.

 

O meu namorado tinha o mesmo nível de experiência que eu. A mãe dele ajudou-nos bastante, ainda ajuda. Os meus sogros têm sido uma ajuda preciosa. E os meus pais, apesar de estarem longe também ajudam à sua maneira.

 

Mas quisemos ser nós a cuidar da Lara e a aprender a fazê-lo e, assim, fomos aprendendo a ser pais. Ainda estamos a aprender. E suspeitamos que vamos fazê-lo para sempre.

 

Mas aquilo para que não estava preparada era para a forma como eu própria ia mudar. Tornei-me muito mais calma e muito mais seletiva em relação às preocupações. O que antes era "um escândalo de preocupações" na minha cabeça, deixou de ser. Escolho muito bem aquilo com que me preocupo e aquilo com que gasto o meu tempo.Passei a sentir uma necessidade maior de escrever e por isso venho aqui quase todos os dias. Acho que tenho vontade de deixar as memórias em mais algum lado do que na minha cabeça. Até porque a minha cabeça é um cofre muito fraco e, passadas umas semanas, tudo se evapora misteriosamente.

 

Percebi, finalmente, o que é isso do amor incondicional. Gostar tanto de alguém que nunca conseguimos sentir outra coisa senão amor em todas as situações: quando ela sorri, quando nos dá beijinhos e abraços mas também quando faz birras, quando é desobediente, quando parte coisas, quando nos dá uns sopapos porque não quer dormir. Mesmo quando estou cansada, irritada e quando a Lara é desobediente e tenho que a repreender, mesmo quando falo com ela com impaciência porque não estou a conseguir fazer diferente, sinto que gosto dela mais do que de mim mesma. Depois sinto que isto é uma estratégia muito inteligente da natureza e não me importo nada porque é a melhor coisa do mundo.

 

Ser mãe é andar "à rasca" o resto da vida e estar feliz com isso. Parece-me uma espécie de tolice colorida e cheia de purpurinas mas, ainda assim, irresistível.E foi nesta situação que me vi colocada há dois anos e pareceu-me tão bem que vou repetir.

Dom | 13.03.16

Uma manhã doce e solarenga

panqueca com doce

 

Apesar de estar mesmo frio (para março) o dia esteve sempre bonito e cheio de sol.

 

Acordámos com vontade de sair de casa mas antes disso comemos um delicioso e saudável pequeno almoço caseiro de panquecas de aveia.

 

Acompanho as panquecas com doce de romã e frutos vermelhos sem açúcar, pêra fresca e amêndoa laminada.

 

Como não tenho jeito nenhum para fazer panquecas na frigideira, faço sempre no forno em formas  de silicone do tamanho de um pratinho pequeno. Acaba por ser mais saudável porque não uso nenhum tipo de gordura.

 

Segue a receita.

 

Panquecas de aveia

1 ovo;

300 ml de leite;

150 gr de flocos de aveia;

1 colher de chá de sementes de papoila;

1 colher de sopa de linhaça dourada;

 

Colocar tudo na bimby (velocidade 7) ou no liquidificador durante uns 20 segundos.

 

Colocar em formas de silicone do tamanho de um prato de sobremesa.

 

Levar ao forno cerca de 20 minutos a 180º ou até ficarem douradas em cima.

 

Bom apetite!



panqueca de aveia

 

Para a Lara, uma panqueca simples. Apesar de não ter açúcar nenhum, ela adora.

 

 

 

 

 

 

pequeno almoço 1

 

 

Para mim, leite simples fresquinho.

 

 

 

pequeno almoço 2

 

Para ele, café com leite.

 

 

doce sem açúcar
Adoro o doce Dalfour sem açúcar. Compro numa loja de produtos naturais em Ponta Delgada por 3,30€.

Sab | 12.03.16

Primeiro corte de cabelo

corte de cabelo 2

 

Quero deixar crescer o cabelo da Lara mas já estava na hora de lhe dar um jeito.

 

Ela tem o cabelo bastante fininho e, apesar de estar cheia de vontade de ter uma Rapunzel para encher de tranças e totós, para crescer saudável precisava de o cortar.

 

Tinha pensado em cortar aos 2 anos mas não estava a ver bem como é que ela ia deixar que lhe cortassem o cabelo.

 

A oportunidade surgiu quando a fomos buscar a casa dos avós e eu me lembrei de pedir à minha sogra que lhe desse um jeito no cabelo. Ali entretida, ao colo do avô, seria muito mais fácil do que no cabeleireiro.

 

E assim foi, com direito a bata de cabeleireira cor de rosa e tudo.

 

A avó cortou-lhe só umas pontas que estavam muito fininhas e ficou logo com um aspeto mais cuidado e forte.

 

Segue a mini reportagem fotográfica para mais tarde recordar.

 

corte de cabelo 3

 

corte de cabelo 4

 

corte de cabelo 5

Sab | 12.03.16

O que é que a miúda vai vestir num casamento?

Cá está uma coisa que pode ser o sonho de todas as mães mas por estes lados é mais uma dor de cabeça.Claro que gosto de vestir coisas fofinhas à minha filha, gosto muito de a ver com vestidos cheios de folhos e lacinhos enormes no cabelo, mas  confesso que na maior parte dos dias anda mesmo é de fato de treino ou leggings.Acontece que temos um casamento em breve e como já não tem nenhum daqueles vestidos giríssimos oferecidos por uma tia que lhe sirva, tive que puxar pelo neurónio para ver se lhe arranjava uma roupinha decente para levar ao casamento e que, ao mesmo, tempo, não fosse "impraticável" em ocasiões normais.Então andei a comprar uma peça de cada vez, em sítios diferentes, até chegar a um conjunto que não me desagrada de todo.É tudo muito simples como eu gosto, bem talvez o vestido não seja tão simples, e perfeitamente utilizável em qualquer ocasião.O pai também não desgostou e chegámos a acordo facilmente.Apresento-vos o resultado do esforço de uma mãe anti fashion.[caption id="attachment_2621" align="aligncenter" width="680"]vestido casamento Conjunto 48,90€[/caption] [caption id="attachment_2616" align="aligncenter" width="680"]casaco zara Casaco salmão claro da Zara Baby - 12,95€[/caption][caption id="attachment_2620" align="aligncenter" width="680"]sabrinas zara Sabrinas Zara - 15,95€[/caption][caption id="attachment_2622" align="aligncenter" width="680"]vestido verbaudet Vestido Verbaudet- 17€ em saldos.[/caption][caption id="attachment_2619" align="aligncenter" width="680"]meias prenatal Collants em microfibra da Prénatal - 3€ em saldos[/caption]detalhes vestido 2 detalhes vestido

Sex | 11.03.16

Colchão de Noiva

colchao-de-noiva


Ou queijo da serra ou tarte de natas.


Esta sobremesa tem vários nomes mas muda mais o formato do que o sabor.

É uma sobremesa feita pela minha sogra por isso tem açúcar e não entra na minha categoria de receitas saudáveis.  Mas é uma sobremesa muito boa que eu adoro. Guardo para aquela refeição da semana em que me permito comer o que me apetecer.

Qualquer dia faço uma rúbrica só com os doces da minha sogra. Valeria a pena porque são mesmo muito bons! Se quiserem é só dizer. 

Cá vai a receita que é o que interessa.
Chamemos-lhe “Colchão de Noiva”

Nota: Na receita original, o colchão de noiva é feito num tabuleiro e leva a bolacha Maria por cima.

Ingredientes

1 lata de leite condensado
A medida da lata de leite condensado de água a ferver
2 pacotes de natas
5 folhas de gelatina incolor
1/2 pacote de bolacha Maria


Colocam-se as folhas de gelatina num recipiente com água à temperatura ambiente, de modo a ficarem completamente cobertas de água.

Entretanto batem-se as natas muito bem e junta-se o leite condensado, aos poucos, batendo sempre.

Espremem-se bem as folhas de gelatina e desfazem-se numa medida de lata de leite condensado, com água a ferver. Podem usar a lata vazia mas como a água está a ferver torna-se perigoso, pelo que sugiro que usem uma caneca.

Junta-se a água com a gelatina desfeita ao preparado anterior e mistura-se bem.

Leva-se ao frigorifico num tabuleiro ou numa forma de silicone, durante 12 horas. O ideal é ficar de um dia para o outro.

No dia seguinte, colocar por cima as bolachas Maria desfeitas.

Na sobremesa da foto, a minha sogra optou por usar uma forma com a bolacha Maria por baixo, mas eu acho que fica melhor por cima. É experimentarem e verem como gostam mais.

Bom apetite!

Qui | 10.03.16

As minhas inseguranças de mãe

fones

 

A Lara vem elétrica da creche. Farta-se de dizer coisas impercetíveis entre guinchinhos e saltinhos de excitação.

 

Não quer mudar de roupa e corre de um lado para o outro, indecisa entre brincadeiras. Ri-se por tudo e por nada e dá gargalhadas que às vezes me parecem mais tentativas de nos entusiasmar também a brincar com ela do que de verdadeiro humor.

 

Às vezes aproveito alturas em que ela está concentrada numa brincadeira para ir fazer alguma coisa noutra divisão da casa (sempre com ela ao alcance da minha vista): arrumar a roupa lavada que está sobre a cama, arrumar os brinquedos da sala, lavar alguma louça do almoço. A maior parte das vezes ela faz-me entender que quer que eu esteja ali ao pé dela, a vê-la brincar, mesmo que ela não me esteja a ligar nenhuma. Se não acedo, ela vem buscar-me pela mão. Eu vou sempre, esteja a fazer o que estiver. Vou sempre com ela quando me pega na mão e me faz sentar ao lado dela e depois me ignora e continua a sua brincadeira.

 

Ocasionalmente olha para mim em busca de aprovação e eu faço sempre um ar espantadíssimo e contente com o seu feito. Outras vezes tento aproveitar para lhe ensinar mais uma letra, um número, uma palavra.

 

Às vezes preocupo-me por ela falar tão pouco com quase dois anos. Depois passa-me rapidamente. Ela faz-se entender bem e, seguramente, entende tudo o que lhe dizemos.

 

Grande parte do tempo não estou certa de lhe estar a dar a atenção suficiente, de não ter a paciência que devia, de não ter sabedoria para a ensinar melhor, de não lhe passar a segurança que devia.

 

Tento lembrar-me de como foi a minha infância e noto que cada vez me lembro menos. Procuro memórias de tardes de verão, rotinas diárias e não me lembro de nada de especial.

 

Lembro-me de brincar sozinha com as minhas bonecas já com uns 5 ou 6 anos, de fazer roupas pequeninas com a minha avó, blusas com mangas de balão, de passear com os meus pais num jardim em Santarém onde íamos tirar fotos todos os fins de semana e pouco mais.

 

Depois de algum esforço lembro-me da minha mãe a dizer-me que havia monstros debaixo da cama, a colocar-me piri-piri no nariz porque eu tinha dito uma asneira sem saber, a fazer uma música com as mãos que só ela sabia fazer.

 

Depois revejo-me a dizer à minha filha que vem um leão lá fora e por isso ela tem de se despachar e entrar em casa, a molhar-lhe a chucha em sumo de limão para ver a cara dela…

 

Depois penso nas memórias que quero que a minha filha tenha da sua infância e sinto-me muito insegura. E tenho medo que ela um dia não se lembre de nada de especial. Mesmo que tenha existido algo de especial, tenho medo que ela não se lembre.

 

Tenho medo de querer tanto que esteja sempre a rir que me esqueça de lhe incutir disciplina e educação.Tenho medo que ela não se sinta suficientemente amada com o facto de passar parte do tempo a dar-lhe beijos, a abraçá-la e a dizer-lhe como gosto dela.

 

Tenho medo que ela note que às vezes a ponho a ver desenhos animados para ir fazer outra coisa qualquer, outra coisa que é muito menos importante que ela.

 

Ao fim de dois anos de maternidade sinto inseguranças novas, diferentes, que se prendem menos com a saúde e segurança da minha filha e mais com a sua personalidade e felicidade.

 

Que memórias quero que a minha filha tenha de mim?

 

É a pergunta que mais martela na minha cabeça ultimamente.