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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Dom | 15.03.20

Sou uma otimista esquisita ou... como falar sobre isto?

Quando o Coronavirus apareceu na China (e nas notícias) comecei logo a sentir umas comichões mentais, ou não fosse eu um bom mix de paranoia com hipocondria.

Quando começou a aparecer na Europa já me sentia apavorada com a ideia de que alguém perto de mim estivesse infetado sem saber. Comecei a levar isto muito a sério.
Sou aquela pessoa que ouve espirrar na China e já começa a comprar anti gripais para  4 meses. 

Calma. Não ando a açambarcar papel higiénico e gel desinfetante como uma louca. Sou uma pessoa que tem bidé e que usa na boa álcool etílico seguido de creme de mãos. Sem stress.
Todavia, gastei uma pequena fortuna na farmácia e outra pequena fortuna em enlatados. Somos 5 cá em casa. Parecendo que não, o pessoal alimenta-se bem.

Toda a gente à minha volta andava super descontraída e eu, confesso, sentia-me desnorteada com tanta descontração. Rapidamente comecei a deixar de cumprimentar toda a gente (o que, secretamente, me dá uma certa satisfação pessoal, uma vez que nunca percebi este hábito estranho de andarmos a esfregar a cara uns nos outros).

Agora que o pessoal anda todo sério e diligente, eu descontraí imenso. Parece que me saíram 100 kg das costas. Finalmente o pessoal percebeu que tem que ter cuidados, que não é para brincar com isto, que ninguém quer ver os hospitais cheios de gente ao mesmo tempo e que as pessoas com mais de 70 anos têm muito, mas muito para dar, quanto mais não seja porque são os nossos familiares e amigos e gostamos muito deles.

Continuo com todos os cuidados que posso ter mas a mente está levíssima.

De modo que, enquanto uns olham para a estupidez humana e para as praias cheias de gente que pensa que quarentena é igual a férias, eu vejo que em Portugal até estamos bem, até temos sorte, até podemos ser bastante eficientes quando é preciso. Em vez de olhar para os irresponsáveis, olho para os médicos chineses que vêm ajudar os seus colegas italianos com o conhecimento que já têm. Vejo todos os médicos e profissionais de saúde a procederem como seres humanos maravilhosos, como verdadeiros heróis que deixam as suas famílias e o seu conforto para cuidar de outros e, ao mesmo tempo, de todos nós enquanto espécie. Os médicos, enfermeiros e muitos outros profissionais, deixam a sua zona de conforto junto dos que amam para trabalhar horas e horas no interesse de todos nós.

Caramba, o mínimo que podemos fazer é ter um ou dois neurónios a funcionar, cagar no que não interessa para nada agora, e fazer tudo o que podemos para que isto dê certo.

Fiquem em casa. Esqueçam o dinheiro, na medida do possível. Se não faz falta para bens de primeira necessidade, deixem o resto.

Com sorte, isto não será mais do que uma boa história para contar mas, por agora, pequemos todos por excesso de zelo e nunca pelo contrário.

Há seres humanos a fazer um esforço incrível por todos nós. Dignifiquemo-nos todos como humanos, como espécie dominante, como seres dotados de inteligência e criatividade e arranjemos forma de nos entreter e aos nossos filhos em casa, e façamos o que temos que fazer: ficar em casa, protegendo-nos a nós e aos outros.

Obrigada. :)


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