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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Dom | 27.10.19

"Queria tanto ser uma mãe perfeita"

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Esta expressão, assim mesmo: "queria tanto ser uma mãe perfeita", foi uma das pesquisas que levaram alguém do google até ao meu blogue no último mês.

"Coitada...", pensei eu, com verdadeira consternação por alguém vir parar a uma página tão desadequada às suas intenções.

Depois, só por curiosidade, fiz a mesma pesquisa que a senhora, acrescentando vinil e purpurina aos termos de pesquisa, e vim parar a esta página do meu blogue  e aí já fiquei mais descansada.

Lembro-me bem de querer ser uma mãe perfeita. Mais do que isso, lembro-me de sentir que sabia exatamente o que era preciso para criar seres humanos decentes, bons, empáticos e altruístas. 

Depois, tive três filhos e a realidade aconteceu-me. Aconteceu-me perceber que os nossos filhos são seres humanos com vontade própria e que, durante um tempo considerável, essa vontade própria é acompanhada por uma ausência de controlo emocional que vai para além de qualquer coisa que alguma vez tenha imaginado. Logo eu, que tenho uma imaginação tão forte, nunca me lembrei de que as crianças poderiam não ser uma tábua rasa, à espera de ser preenchida pelo meus sonhos e desejos de criação de seres humanos ideais e perfeitos.

De modo que já desisti de ser uma mãe perfeita há muito tempo. 

Neste momento, sou a mãe possível. O que, em muitos dias, significa que grito, digo coisas nas quais não acredito e fico tão desnorteada que mal me lembro de que terra sou.

Nem por um segundo acredito que pudesse ser mais feliz do que sou hoje, com a família que estou a construir, mas tenho que reconhecer que é um grande desafio educar três filhos pequenos.

Muitas vezes, estou nos serviços mínimos como mãe, o que significa dar-lhes muitos beijinhos e abraços, contar uma história à noite e brincar um pouco, mas estar mais impaciente do que gostaria e responder a chamadas de atenção e birras com pouca disciplina positiva.

Ainda assim, com todos os defeitos que tenho como mãe e que gostaria muito de não ter, olho para as três criaturinhas mais pequenas cá de casa, e sinto uma gratidão imensa por ter a oportunidade de passar os meus dias descabelada e sem me lembrar bem de que terra sou.

Que sorte boa!





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