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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

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Seg | 28.08.17

O mau feitio da Maria

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Quando a Maria nasceu achei-a linda.

Já nasceu com a cara que tem hoje que, para mim era perfeitinha e maravilhosa, ainda que em nada parecida com a minha.

Mas havia uma peculiaridade na Maria: a expressão dela. Ela estava séria, verdadeiramente séria, parecia quase zangada. A verdade é que a Maria não tinha aquele ar de bebé dorminhoco e inocente, ela estava de mau humor com aquela situação toda.


Ora bem, quem é que a pode censurar?

Durante 9 meses, esteve confortável, quentinha, sempre alimentada, sem o incómodo de ter que trocar a fralda por estar toda cagada, sem ouvir ruídos estridentes e sem ser transportada continuamente para situações em que a sua opinião não é tida nem achada.

Como rapariga inteligente que acredito que seja, a Maria viu logo que a coisa, naquela altura, não estava a correr de feição para ela e que este novo mundo (para já) estava recheado de incómodos. 

E o tempo passou, a Maria ganhou experiência de vida, aprendeu depressa, e tornou-se numa criatura adorável com uma personalidade fortíssima (isto para usar um eufemismo, como o outro cantava).


A Maria simplesmente controla-nos completamente com a sua força de pulmões. Quando ela não quer uma coisa, berra e esperneia até conseguir o que quer. E, como ainda não fala grande coisa, temos que andar de tentativa em tentaviva, entre gritos e guinchos, a tentar perceber se a senhora pretende uma massagem no pé direito com força média, ou quem sabe ouvir uma música da Nina Simone enquanto é embalada suavemente.

Tem sido muito isto.

 

Há vezes em que a Maria grita como se lhe estivessem a arrancar um braço porque não quer estar no berço. A cara cheia de lágrimas, a expressão dramática, todo um teatro montado. Pois basta pegar nela para se calar imediatamente e começar a tagarelar toda animada. Chega a ser impressionante.


Na creche, se a colocam a brincar no chão para receber outras crianças, cola a testa ao chão (devagarinho, para não se magoar, que não é doida nenhuma) e fica a soluçar desconsolada como se tivesse sofrido uma grande desfeita.

Cá por casa, nem estávamos aborrecidos com este feitio da Maria. Estávemos mesmo "apenas" surpreendidos e desnorteados com isto.

Até que fomos à consulta de 12 meses da Maria e colocámos as nossas dúvidas à pediatra que, felizmente, teve oportunidade de assistir a um pouco do que é a personalidade da nossa filha mais nova.

Pareceu achar muita graça às atitudes dela e diagnosticou ali uma "drama queen" com uma personalidade muito forte. :D

O mais pitoresco disto tudo é que a rapariga tem piada. Rabuja com estilo, eu sei lá. Se calhar é por ser mãe dela mas chega a apetecer-me aplaudir aquelas birras. São fenomenais. Efetivas. Eficientes. 

Ela percebe exatamente como obter o que quer e usa tudo o que tem para isso. Quem é que a pode censurar por usar as suas armas a seu favor?! :P

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