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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qua | 02.05.18

Não bato nem grito (ou tento não gritar) com as minhas filhas mas...

 

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A Lara é uma menina muito bem comportada mas, como muitas crianças de 4 anos, é enérgica e gosta mesmo é de estar sempre na brincadeira.

Quando está sentada à mesa continua alegremente a brincar, a fazer malabarismos e caretas e a levantar-se várias vezes durante a refeição.

Já lhe explicámos várias vezes, a todas as refeições, que não se levanta da cadeira durante a refeição (a não ser para ir à casa de banho, por exemplo, e sempre pedindo licença), que não se brinca com a comida e os talheres, entre outras regras básicas de educação.

Já lhe li vários livros sobre isso e andamos agora a ler o da foto em cima.

Hoje de manhã, depois de comer a sua papa ao pequeno almoço, a Lara quis um pouco do pão torrado do pai. O pai deu-lhe uma fatia de pão pequena com queijo de barrar.

Uns momentos depois de ter começado a comer o pão, surgiu uma possibilidade de brincadeira qualquer noutro canto da cozinha e a Lara começou a mostrar vontade de se levantar. Avisámos que não se podia levantar antes de acabar de comer o pão.

Claro que se levantou na mesma e depois voltou para a mesa com intenção de comer o resto do pão que, entretanto, já tínhamos tiramos da mesa. Explicámos que já não podia comer o pão porque se tinha levantado da mesa e só se levanta da mesa depois de terminar de comer. Ela insistiu e tentou chegar ao pão.

Sempre  a falar ponderada e assertivamente (sem levantar a voz), voltamos a explicar que não podíamos dar-lhe o pão porque se levantou da mesa antes de ter terminado, sabendo que não o devia fazer. A consequência seria não comer o resto do pão.

 

Assim que percebeu que não íamos ceder desatou num berreiro altíssimo. Levantámos-nos da mesa e continuámos a preparar as coisas para sairmos de casa. O berreiro não durou muito tempo e rapidamente a Lara voltou aos seus afazeres para ir para a creche.

Custou-me um bocado não lhe dar o pão. Penso, muitas vezes, se não estaremos a ser duros demais com a Lara. Afinal, ela porta-se tão bem no geral.

Depois, penso melhor, e vejo que se a Lara é uma menina bem comportada e, em geral, obediente, é precisamente por ter regras e limites e por os pais serem consistentes na aplicação dessas regras.

Sempre que existe uma incongruência da nossa parte, ou sempre que a Lara está num ambiente onde consegue contornar as regras habituais sem conseguirmos fazer nada, já sei que se segue um período de mais birras, de mais disparates e de mais stress.  

É por isso que esteja onde estiver (e com quem estiver) faço por manter sempre as mesmas regras e limites. E faço isso pela minha filha, porque a adoro e quero acima de tudo que seja sempre o mais feliz possível.

E tenho a firme convicção que ela será mais feliz se souber lidar com a frustração, se souber que nem sempre pode fazer tudo o que tem vontade, que deve ter em consideração o respeito pelos outros e por si mesma em todas as situações e que não é a única pessoa no mundo e a única pessoa digna de atenção.

A Lara arruma as coisas que utiliza, arruma os seus brinquedos (e, muitas vezes, os da irmã), partilha a sua comida com as outras pessoas mesmo que seja uma coisa de que gosta muito e não é agressiva quando está frustrada. 

Nem sempre foi assim mas com um trabalho conjunto em família as coisas foram-se alinhando neste sentido.

Não sei se estou a fazer o melhor mas acredito que faço o melhor que sei e posso. Eu e o pai.

Custa-me muito ver a minha filha a chorar e desiludida, custaram-me muito as poucas vezes que foi dormir sem jantar porque não quis comer a sopa (sopa de que sei que gosta, não a obrigamos a comer aquilo de que não gosta) mas acredito que amar é também educar.


Nós escolhemos educar sem qualquer tipo de violência, sem berros, sem intimidação e sem insultos mas com regras muito bem definidas das quais não abrimos mão.


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