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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

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Sex | 13.05.16

Mudei de casa 10 vezes #3 - Viver em Lisboa, perto do Colombo

Ora aqui vai mais um texto em jeito de Diário de uma Rapariga que saiu do campo para a cidade e decidiu viver em Lisboa. Já falei das primeiras casas onde vivi depois de sair de Alpiarça.

 

A terceira casa onde vivi ficava em Benfica, a 10 minutos ou menos do Centro Comercial Colombo, onde trabalhava na altura.

 

Aluguei um quarto num apartamento onde viviam mais 4 raparigas, 2 tinham um quarto duplo que era a sala e as outras duas ocupavam quartos individuais. O meu era o mais pequeno, mas mesmo assim era cerca de 225 euros sem despesas. Era caro na altura, há uns 10 anos, ainda por cima contando com 50 ou 60 euros de despesas.

 

Foi o terceiro e último quarto que aluguei (depois deixei de dividir casa com outras pessoas que não fossem o namorado) e foi o meu preferido. O quarto tinha um papel de parede muito giro, um armário branco enorme onde cabiam todos os meus pertences e uma luminosidade imensa, que o enchia de leveza e suavidade. Eu gostava realmente daquele espaço mas, mesmo assim, passava ali muito pouco tempo. Acho que posso contar pelos dedos de uma mão as vezes que ali dormi.

 

As raparigas que viviam ali eram todas estudantes universitárias e quase todas uns 5 anos mais novas que eu. De vez em quando encontrávamo-nos na cozinha (o único espaço comum onde podíamos conversar) e falávamos sobre banalidades ou outras coisas. Gostava sobretudo de falar com a Andreína, uma rapariga da Madeira que chegou pouco depois de mim, muito simpática e inteligente. Com as outras falava cordialmente, mas sem desenvolver uma grande amizade. Isto apenas porque eu parava mesmo muito pouco em casa. Se não fosse assim, tenho a certeza que poderia ter feito ali amigas para a vida.

 

Lembro-me de estar sozinha em casa, nas poucas vezes que tomava ali o café da manhã, numa mesinha que havia na varanda (que era enorme) a olhar pela janela (de onde se via o Estádio da Luz), com uma caneca de leite quente na mão e a sentir-me mesmo muito feliz. Aquela casa tinha vibrações boas. Fui muito feliz ali, de uma forma anónima e discreta. Aquela falta de comprometimento com as outras habitantes da casa, aquela partilha de teto com desconhecidas, era algo que eu apreciava mesmo muito. Hoje, já não teria o mesmo espírito. Gosto de estar com pessoas que me são mais próximas. Gosto muito de ver televisão encostada às pessoas de quem mais gosto e não consigo dispensar estar com os meus amigos com regularidade.

 

Em frente ao prédio havia uma telepizza e lembro-me de comprar uma pizza que levava banana e ananás - acho que se chamava mesmo bananás - e adorar. Ainda consigo sentir o sabor doce e salgado daquela pizza.

 

A poucos metros dali existia um Centro Comercial mais pequeno, o Fonte Nova, que tinha um cinema que passava filmes independentes. Um sonho para mim! Vi lá alguns filmes sozinha e adorei.

 

Atravessando uma ponte pedestre chegava ao Colombo num instante. Mais tarde soube que era perigoso andar por ali sozinha à noite por causa dos assaltos. Acho que devia ter aspeto de pessoa que não vale a pena assaltar porque nunca tive qualquer problema por ali, aquela zona parecia o local mais pacífico do mundo. Mas eu sou muito distraída com estas coisas.

 

Daquela casa saí sem qualquer problema, foi uma despedida feliz, para entrar em outra fase da minha vida. Guardo os melhores sentimentos por aquele quarto e aquele apartamento.

 

Encontrei estas duas fotos tiradas no quarto. :P

 

Realmente são... vá... peculiares.

 

Quarto Colombo

Um ângulo do meu quarto, quando vivi em Benfica, perto do Colombo, em 2007.

 

quarto colombo

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