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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qua | 18.06.14

Hipocondríaca assumida

Parece ter alguma piada mas "ter a mania das doenças" é bem aborrecido, quer para quem sofre da coisa em si, quer para os que aturam os devaneios constantes do hipocondríaco.

Na wikipédia diz-se o seguinte sobre a hipocondria: "é um estado psíquico em que a pessoa tem a crença infundada de que padece de uma doença grave. Costuma vir associada a um medo irracional, a uma obsessão com sintomas ou defeitos físicos irrelevantes, preocupação e auto-observação constante do corpo e até às vezes, à descrença nos diagnósticos médicos." 
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Não sei bem quando é que isto começou mas desconfio que a culpa seja do meu pai, que chegou a levar-me às urgências do hospital depois de me ter saltado um pedacinho de unha para o olho, enquanto cortava as unhas das mãos.

Quando comecei a viver sozinha, abateu-se sobre mim o peso da ausência de ter alguém sempre a ver se eu estava bem de saúde. Acabei por preencher essa ausência com a hipocondria.

A minha (provavelmente pseudo) hipocondria leva-me às seguintes atitudes:

- Se desconfio que sofro de uma doença qualquer passo horas, dias e semanas, a pesquisar tudo o que puder na internet, em páginas oficiais e não oficiais, blogs, fóruns, etc. Não deixo de consultar todos os meus conhecidos sobre isso e marco uma consulta médica logo que possível. Algumas vezes, duvido do diagnóstico do médico e procuro um outro especialista, nem que seja para ele me repetir o que o outro já tinha dito.

- Sou viciada em análises. As de laboratório e as que podemos fazer em casa. Cheguei a medir a glicémia 5 vezes por dia durante semanas e a delirar de pânico por ter o açúcar acima de 115 (depois de comer). Chego a medir a minha glicémia e a de quem estiver por perto só para comparar valores.

- Já devo ter contornado com os dedos quase todos os ossos do meu corpo. Foi assim que descobri o osso xifóide, o meu e o dos que me deixaram apalpá-lo (assim só para comparar a posição e o nível de saliência).

- Se um médico me aconselha uma dieta específica sou rigorosíssima. E chata. Se decido que não posso comer determinadas coisas trato isso como um caso de importância nacional. Todos devem estar cientes da gravidade e da pertinência da minha situação.

E é mais ou menos isto.  Felizmente não gosto de tomar medicamentos e não fico a cismar nas coisas mais de um mês mas, quando me dá um ataque de hipocondria, dá mesmo forte. Fico obcecada.

Neste momento, ando com uma questão nas gengivas e nos dentes. Há anos que não me é detectada uma cárie e faço limpezas dentárias 2 vezes por ano mas acho que vou consultar um especialista. Não me fio na opinião da higienista.

Por isso decidi arranjar um médico de família. Antes de ir à falência a consultar médicos particulares. Consulto uns 4 diferentes todos os anos, alguns mais do que uma vez. Chega a ser lúdico. Uns dizem: "Ah e tal, está bom tempo, parece que vou ali a uma esplanada beber uma cerveja fresquinha."; eu digo: "Ah e tal vou ali ao endocrinologista ver se ele me passa umas análises para ver como está a reagir o meu pancrêas ao açúcar que eu mando para o sangue de vez em quando. Pronto, assim só para saber se posso mandar mais. "



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