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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

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Qui | 10.08.17

As fadas dos doces

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Na creche da Lara, quando uma criança faz anos, os pais levam um bolinho para o lanche dos meninos.

As educadoras recomendam sempre que seja um bolo simples, sem cremes e sem recheio.

Em alguns aniversários, existem lembranças para todos os meninos. A Lara já trouxe para casa bolachinhas, uma bandelete com orelhas de Minnie, chocolates, pipocas e rebuçados.

As educadoras não dão as lembranças às crianças. Em vez disso, colocam-nas nas mochilas para trazerem para casa ao fim do dia e os pais decidirem se querem ou não dar os doces aos filhos. Perfeito.

No outro dia, a Lara trouxe um saquinho com um chupa-chupa e quatro rebuçados.

Ela é que me mostrou, muito feliz, como quem mostra uma surpresa.

Fiquei a olhar para os rebuçados e a pensar no que fazer.

Por um lado, quem tinha preparado aqueles presentes para os meninos, tinha-o feito com simpatia, com afeto e com carinho. Era, sem dúvida um ato de gentileza para com as outras crianças.

Por outro tinha a minha filha toda feliz, a mostrar a “surpresa” que tinha na mochila.

Por, ainda, outro lado estava eu ali, a olhar para 4 produtos de açúcar puro, que a Lara não conhece, e em relação aos quais eu tenho todas as reservas.

Mas não conseguia simplesmente dizer-lhe que não podia comer os rebuçados e pronto. Parecia-me que havia qualquer coisa de cruel nisso.

Então eis o que fiz: baixei-me ao nível da Lara, com o saquinho de rebuçados na mão e perguntei-lhe se ela se lembrava do que tínhamos falado sobre rebuçados e chupa-chupas. Sobre o facto de estragarem os dentes e fazerem dói-dóis na barriga. Isto dos dói-dóis é a minha forma de lhe dizer que não são saudáveis. Até achar que ela percebe de uma forma “mais factual” é assim que lhe vou explicando o que é saudável e o que não é.


Disse-lhe que existiam outros meninos que podiam comer rebuçados, que isso poderia estar bem para eles, que não temos que ter todos as mesmas opções, que a mamã também comia rebuçados quando era pequenina e por isso tinha os dentes pretos. Abri a boca e mostrei-lhe os meus dentes de cima, muitos com chumbo escuro (dá sempre certo mostrar-lhe os dentes! Hehehehehe)

Como não queria que ela ficasse triste e desiludida disse-lhe que o que podíamos fazer era oferecer estes doces às fadinhas, colocando-os num copinho de vidro que estava no móvel do hall de entrada. As fadinhas haviam de os vir buscar durante a noite e talvez lhe deixassem uma surpresa.

A Lara mostrou-se logo preocupada com os dentes das fadinhas: “E as fadinhas depois ficam com os dentes pretos!!??”

Eu disse-lhe que não, só as pessoas tinham essas preocupações. As fadinhas não eram propriamente pessoas, eram seres mágicos que não precisavam de se preocupar pois tinham sempre os dentes perfeitos e brilhantes.

E assim foi. Ela colocou os doces num copinho para as fadinhas.

No dia seguinte o copinho tinha várias moedinhas para a Lara (uma por cada doce).

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