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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 30.01.20

5 coisas maravilhosas da minha infância nos anos 80

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Sempre vi a minha infância de uma forma pouco positiva, tendo escolhido olhar mais para o que eu gostaria que tivesse sido e pensando pouco nas coisas positivas que tive na minha infância nos anos 80, essa época maravilhosa.

A minha infância foi bastante solitária porque sou filha única e não tinha primos ou outras crianças por perto. Isso sempre me deixou com a ideia de que a minha infância poderia ter sido muito mais alegre e animada. Hoje, mãe de três filhos pequenos, consigo ver as coisas de outra perspetiva e reconhecer algumas coisas positivas na minha infância.

1- Cresci no meio da natureza
Cada vez mais percebo como este facto foi uma vantagem. Cresci a subir a árvores livremente, a brincar na terra, a cozinhar com ervas, a caçar minhocas, a embalar coelhinhos como se fossem gatinhos e a dar nomes às galinhas que havia no galinheiro do quintal. 
Lembro-me de plantar flores, ajudar a apanhar azeitonas, lembro-me perfeitamente de plantar nabos que depois foram colhidos para fazer uma sopa e de como isso me fez sentir orgulhosa.

2- Desenvolvi uma criatividade que não me deixa aborrecer nem durante um segundo.
Apesar de acreditar que teria sido mais feliz com a companhia de outras crianças, o facto de ter crescido sem outras crianças por perto fez com que fosse obrigada a inventar muitas brincadeiras para me entreter. Desde desenhar, inventar mundos alternativos, criar histórias, desenhar muito, escrever num diário durante anos, recriar realidades num quarto de brincar que tinha, inventar jogos e jogar contra personagens inventadas, tudo contribuiu para que tenha desenvolvido uma grande capacidade de inventar o que fazer. 

3- Tornei-me bastante minimalista
Nunca me faltaram cuidados básicos essenciais como o acesso a comida e à saúde mas não tinha nada de supérfluo. Não tinha muitos brinquedos nem me lembro dos meus pais me comprarem coisas indiscriminadamente ou só porque sim. Recebia prendas no aniversário e Natal e ainda de me lembro da maior parte delas. Cada coisa que recebia era mesmo especial.
Hoje tento fazer o mesmo com os meus filhos.  É difícil para mim dar muito valor a coisas materiais e isso dá-me uma sensação de liberdade enorme. Tento ocupar a minha casa e a minha mente com coisas realmente relevantes e tenho a certeza que isso vem da educação que tive.

4- Os encontros de família com os meus tios e primos maternos
Apesar de ser filha única, tenho uma família muito grande pela parte da minha mãe, que teve 7 irmãos. Os meus tios e primos viviam longe mas encontrávamo-nos com alguma frequência, principalmente no verão, e passámos momentos maravilhosos juntos. Passeávamos pelos campos à volta da casa dos nossos avós recolhendo amoras pelo caminho e inventando histórias que estão na memória de muitos de nós até hoje. Para mim e para os meus primos, esses momentos foram mágicos.

5- O acesso à música
O meu pai sempre gostou muito de música e lá por casa não faltavam discos, cassetes, aparelhagem e rádios. À medida que fui crescendo e me fui interessando por música comecei a explorar os CDs dos Beatles que o meu pai tinha em casa, e todo um novo mundo de possibilidades nasceu enquanto traduzia e analisava as letras dos discos vermelhos e azuis dos Beatles. Creio que sou o que sou por influência das reflexões desencadeadas por aquelas músicas que funcionavam como uma auto terapia que aplicava a mim própria (quem nunca?).

Por estas 5 razões, creio que a minha infância nos anos 80 foi uma infância relativamente feliz e interessante. Trouxe-me até aqui e nem que fosse por isso, já teria sido fantástica!

Se quiserem ler outros textos dentro deste tema, que acho particularmente curioso, nem que seja para se lembrarem da vossa infância nos anos 80 podem encontra-los aqui, aqui e aqui.